Eu era o cara mais feliz do mundo! Ou estava me sentindo. Jurava que ia me dar um infarto a qualquer momento dado os ritmos do meu peito acelerado, em função de descobrir que Ayla mantinha uma paixão platônica por mim, sem saber que era EU.
Como eu fui imbecil de não admitir o que eu sentia. Isso serve de lição, para que nunca mais eu esconda meus sentimentos dela.
Fomos em direção ao trabalho.
Eu tinha muita coisa pra fazer até meu pai retornar e ir ver o jogo de segunda noite com Sr.Robert. E claro que eu ia aproveitar para ficar com ela, pelo menos mais hoje, pois decidi que faltaria na aula.
Antes do meio dia fui fazer entregas, e voltaria final do dia, com meu pai e uma desculpa para ficar com ela. Eram umas cinco horas da tarde, pouco antes do final do expediente, a vi sentada atrás do balcão da mesa de expedição com pilhas de notas.
Resolvi ajudar o pessoal descarregar caminhão, bem na frente da porta em que ela estava. Pra verificar a hora exata que ela sairia. O sol de verão ainda era escaldante, minha cor favorita era o branco, mas hoje por azar estava de preto. Como já haviam se passado uns minutos do fim do dia, me apressei em tirar a camiseta molhada de suor, e ao descer com uma pilha de caixas para colocar sobre a entrada do almoxarifado, vi que haviam umas meninas saindo do trabalho. E percebi seus olhares maliciosos pra cima de mim. Resolvi fingir que não vi, e nem ouvi o que falavam alto sem nem um pingo de vergonha. Disfarcei um riso, quando Ayla aparece na porta lançando um olhar fulminante para as garotas, que sem entender continuam com as falas.
_ Esse Lucas é um pedaço de mau caminho né? _Diz uma.
_ Se eu sentasse em cima, precisaria de um guindaste pra tirar._ Disse outra um pouco mais baixo, mas Ayla estava ouvindo tudo.
_ Que foi Ayla? _ Pergunta a primeira menina.
Ayla estava brava. Abriu a boca, fechou e não disse nada. Passou a mão na minha camiseta, a levantou pra cima:
_ Faça o favor de não andar pelado por ai!_ E sai brava.
As meninas sossegaram. Mas continuaram com risinhos e sussurros. Coloquei minha camiseta, desci do caminhão e a olhei lá sentada conferindo os últimos check outs do dia.
Fiz um sinal pra ela, cuidando para que as meninas vissem tudo. Algo em mímicas como " eu, você, trepar, depois"
Eu passei dos limites. Comecei a rir da cara de brava que ela fez. E com tudo, sem responder uma palavra, ela fecha a porta de metal lateral na minha cara. Como eu tinha MUITO mais força que ela, não conseguiu travar a porta no fim, consegui entrar, a prensei contra a cozinha, grudei seu pescoço com um beijo mordiscado e subi para boca sem beijá la, apenas fiquei a encarando. Uma de minhas mãos estava na parede acima dela e outra na sua cintura. Pude sentir seu coração batendo forte, ela ainda me encarava com a carinha de ciúme.
Sua mãe entra em cena com uma das meninas lá da rua.
_ Vocês dois, chispa daqui! Aqui não é local pra ficarem se agarrando mocinhos! _ Diz . _ Line depois você pode aprender com Ayla, ela te mostra como fazer. _ Continua enquanto passamos pela menina, e por ela.
_ Desculpe mãe, é que precisamos ensinar as pessoas a se comportar aqui dentro._ diz Ayla. Eu começo a rir. Sua mãe também.
Line se endurece no balcão.
_ Idiota! _ diz Ayla passando por mim e saindo para fora pela parte traseira do galpão.
Grudo nas suas mãos a tempo. E saio com ela pela porta.
Ela tenta sem sucesso soltar as mãos dela das minhas, e fui descendo a estrada em direção a sua casa assim, com ela brava na minha frente. Ao chegar na metade do caminho ela começa falar.
_ Você e a sua mania de se aparecer pras mulheres, seu imbecil!! Você vai ficar me provocando sempre? Você acha que eu vou ficar atu..
A beijei. Comecei a rir, na sua boca.
Levei um tapa na cara. Um tapão.
Ela sai de novo na minha frente espumando de brava.
A alcancei, grudei suas pernas e coloquei com facilidade por cima de meus ombros.
_Lucas me coloca no chão! Eu não gosto disso!_ Diz.
_ Só se você me prometer que não vai mais me bater. E que não vai ficar brava comigo sem motivo.
Pronto. Ativei o monstro.
_ O QUÊ SEM MOTIVO? SEU PURITANO DESGRAÇADO, FICANDO PELADO NA FRENTE DAQUELAS IDIOTAS!!!
_ Ayla, para de gritar amor._ Peço._ Eu só estava com calor. Eu não fiz nada demais. Estava no sol quente. Elas que passaram, e ficaram falando abobrinhas que você acabou escutando.
_VOCÊ ADORA OUVIR NÉ?
_ Ouvir o que Ayla? _Digo. _Porque você está tão brava? _ Pergunto a colocando no chão de frente pra mim.
_ OUVIR QUE ...que.._ Baixa o tom._ que você é um desgraçado de um gostoso.
_ Ah é? É? _ Pergunto passando a mão por sua cintura. _ E a senhorita usando uma blusinha de renda numa festa cheinha de caras tarados é o quê? _Peço_ Ein?
Ela emburrou mais ainda.
_Vou pra casa se você continuar me tratando assim_ Falo.
Ela continua andando. Eu não sabia mais o que fazer. Resolvi voltar. E deixar ela ficar mais calma. Meu carro estava lá em cima e eu só poderia ir embora depois do jogo mesmo.
Quando entrei na área de festa, estavam O Sr. Robert meu pai e mais dois senhores quais não conhecia. Vi Ayla de banho tomado no sofá. Fiquei um pouco com eles, e percebia que entre uma hora e outra ela me olhava. Eu estava cansado e sujo igual um porco, e apesar de querer ficar perto dela, queria ir pra casa descansar, afinal desde sábado não dormia direito, e hoje trabalhei igual um animal. Cheguei perto dela. Era impossível ela ainda estar brava. Mas estava.
Sentei no sofá com ela.
_ Me desculpa tá bom? _ Peço, porquê se eu não desse o braço a torcer, acredito que ela não falaria mais hoje comigo. _ Eu prometo pra você que eu não tiro mais a camiseta._Peço.
_ Você não ouviu o que elas estavam falando._ Diz._ Eu não consigo me aguentar, eu fico com ciúmes.
_ Mas você não precisa ter ciúmes. Fiz até um gesto na frente delas pra você._ Digo rindo.
_Lucas..
_Tá desculpa. Meu pai já está indo. Preciso ir. Não fique brava amor, é pra você que eu tenho olhos e pra mais ninguém.
A beijo desajeitado e cansado saindo do sofá.
_ Até mais. Falo com você por mensagem quando chegar. Boa noite minha linda.
_ Boa noite.
Despeço me de todos e vou pra casa.
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INCANDESCENTE®
RomanceEm memória de Juliana Fronza - Professora de língua portuguesa. ●1°lugar no ranking por 80 dias consecutivos! ✓Eleita melhor história de sentimento dentre 24.7 mil histórias ✓Prêmio cexpo2021 categoria Melhor Roteiro ✓ Prêmio cinemateca SP _ Melhor...