INCANDESCENTE®

29. Pedido inesperado.

Ultimamente eu não sabia mais o que estava acontecendo comigo. Eu estava cada dia mais e mais fissurada em Lucas, e em sexo. Ele me oferecia o que jamais alguém me deu na vida. Prazer e amor. Além de ser irresistívelmente sedutor, tentador e gostoso pra caramba, tinha um jeito encantador de me tocar e falar.
Será que sentir isso seria amar? Ele era como um licor caro, que deixa você atordoado com o cheiro. E provar do seu gosto era veneno, era como uma droga que me deixava viciada. E da qual eu não poderia mais viver sem.
Ele era inteligente, astuto e eficaz em tudo que fazia. As conversas com ele eram intensivamente boas, pois ele sabia um pouco sobre tudo.
Era doce quando deveria ser e massivamente estúpido quando necessário. E sabia tratar as mulheres de uma forma que eu nunca vi nenhum cara tratar.
Helena sempre foi sortuda com rapazes, e antes de conhecer Lucas de verdade, achei que Matheus era um Deus, todo engomadinho dentro de um terno de médico, ganhando super bem e loucamente apaixonado por ela. Eu a invejava tanto. TANTO, que nem sei dizer. Então esse furacão chamado Lucas, de ombros largos, olhos claros e pele bronzeada aparece na minha vida. Aí percebi a real diferença entre Lucas e Matheus.
Os dois eram igualmente atraentes e divergiam em algumas características. Os dois eram doentes por sexo. Eram extremamente ambiciosos. Mas enquanto Matheus era objetividade, Lucas era intensidade.
E tudo que demorava a sair de sua boca era pensado, para não ferir, para encantar. E sabia usar as palavras certas, para acalmar.
As vezes eu me pegava olhando pra ele na aula, ou no trabalho e ficava pensando em seus defeitos. Sim, ele tinha. Era teimoso, articulador, ciumento, e um tanto possessivo. Mas nenhuma dessas não qualidades superava o que ele tinha de melhor.
Demonstrar o que sentia.
E Matheus, bom ele deveria ter bem mais qualidades que defeitos também. Mas o pior defeito que ele poderia ter era o de ser besta de tal ponto, a não responder minha irmã por 3 dias consecutivos. Ele que não diga que não avisei!!
Helena estava decidida a ter o bebê, e teria com ou sem ele. Ela chorou muito na terça quarta e quinta. Mas hoje, hoje não a vi derramar uma lágrima sequer. E eu sentia que se ele não a procurasse neste final de semana, as chances dela o querer de volta, se somariam a zero.
Helena era mais doce e engraçada. Era a cereja do bolo, como dizia meu pai.
Fiquei feliz em saber de Lucas que sempre a achou nojenta, que nunca se interessou fisicamente por Helena. E nem ela por ele. Ela era coração e eu cabeça. Mas quando feriam seus sentimentos, ela se fechava igualzinho a mim, desde o dia que apaguei as mensagens que ela havia mandado pra ele, ela não havia mais mandado nada. E hoje finalzinho de mais uma sexta, ao chegar em casa com Lucas, vi uma pilha de roupas, livros e tudo mais que parecia ser de Matheus, na porta de casa.
_Acho que ele vai dançar. _Digo.
_ Não. Ela gosta demais dele.
_ Gosta, sim. Mas não é trouxa. Ela se decidiu, não o quer mais.
_ Sério que é assim?
_ O quê?_Pergunto pra ele. _ Tente fazer comigo pra ver...
_ Jamais vou fazer isso com você, não se preocupe.
_Vai tomar banho, logo eu vou. Primeiro quero conversar com ela.

Entrei em casa, Helena havia retirado tudo que era de Matheus em seu quarto e colocou as coisas do bebê.
_Oi. _Disse pra ela. _ Como você está.?
_ Bem melhor agora. _ Diz catando coisas do sex shop dentro de uma caixa e jogando no lixo. _ Você pode me fazer o favor de enviar mensagem pra ele, pedir pra vir buscar hoje a noite as coisas dele?
_ Porque você mesma não pede? _ Pergunto. _ Talvez ele te responda._ Ela fez que não com a cabeça.
_ Não dá. O bloqueei ontem a noite em tudo. Ele não consegue mais falar comigo. E nem quero mais que fale, o amor dele era tão grande que me deixou 4 dias chorando sozinha! Então quero que ele se foda. _ Percebi que ela não usava mais a aliança de noivado.
_ Sinto muito Helena! _ Digo com o coração na mão. E a abraço.
_ Sinta muito por ele. Pois indo embora, ele nem conhecerá o bebê. E pelo visto nem está preocupado. Eu tirei força de onde não tinha pra seguir. Eu não ia ficar mais nenhum segundo me magoando. Amor é mais que isso! Você pode por favor pedir pra ele vir hoje a noite?
_ Você quer conversar com ...
_ Quero nada! Eu vou sair. Não perco mais meu tempo, nenhum minuto. Não quero é topar com ele e sentir vontade de me jogar denovo nos seus pés. Posso usar seu carro?
_Claro. Só não vá fazer nenhuma besteira._ Disse saindo do seu quarto.
_Não vou. Só vou numa balada, aproveitar que minha barriga não está enorme.
_Se cuida.
_Avisa ele. _Me pede. _ Eu te amo.
_Eu também. _ E fecho a porta.