16. Inquietação, Aflição e Agonia

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Levei Ayla pra casa, ela queria ir pra aula de aeróbica apé. Mas depois daquele carro vigiando a minha casa resolvi que não seria um idéia muito boa deixá la sozinha pelas ruas.
A levei então. Pedi que ela me ligasse quando estivesse terminando.
Voltei pra casa dela para conversar com seu pai.
_ Senhor? _ Perguntei ao chegar próximo de seu escritório montado em casa. Senhor Robert Allen, estava utilizando uma cadeira de rodas, e parecia bem abatido.
_Lucas, entre por favor e feche a porta._Atendi ao seu pedido.
_Meu jovem, sente se aqui! _Pediu ele. _Lucas, você é o filho que eu não tive e você sabe disso, não sabe?
_Sim senhor! _Respondo.
_E faço muito gosto que você esteja com Ayla.
_Senhor, eu gosto muito de sua filha...
_Por favor, Lucas deixe eu lhe dizer o que preciso dizer. _ Me calo. _ Eu sei que você a ama, e sei também que estaria disposto a fazer tudo para não perdê la. Sei disso! É muito bom ter alguém de minha extrema confiança na empresa, por conta disso, gostaria de lhe oferecer um novo cargo, a administração de finanças de toda empresa, incluindo o setor novo.
_Senhor, obrigado! _Digo._Mas não sei se consigo...
_Ora, não seja modesto! Vi as suas planilhas e as suas projeções são ótimas!
_Tive ajuda de Ayla..
_ Como eu já sabia, vocês dois são muito bons juntos. Gostaria que aceitasse meu pedido.
_Claro Senhor! Se eu puder de alguma forma contribuir.._ Respondo.
_ Bom Lucas agora precisamos falar de Ayla.
Fiquei olhando pra ele, seu aspecto mudou completamente.
_Lucas, minha filha e minha família correm perigo. Meu carro foi sabotado. Eu não dei ouvidos as ameaças, e agora minha empresa está lotada de cocaína. E se eu entrar em contato com a Polícia, exterminam minha família. Preciso da sua ajuda.
_Senhor.. _Digo pensando no que ele estava me dizendo. Eu já sabia de tudo, não era novidade para mim.
_Lucas eu quero que você os vigie de perto. Veja quem esta por trás disso. Se é o Yan, se tem alguma coisa mais a ver com esses novos investidores. E preciso que se afaste de Ayla por um tempo.
_Como? _Eu não acredito no que ouvi.
_Lucas, é para o bem dela!
_Senhor eu poderia atender todos os seus pedidos, menos este...
_Lucas, filho.. olhe.. _ E me entrega uma pasta com prints de fotos e várias fotografias. Haviam fotos de Ayla na empresa, que foram tiradas lá da rua, pois dava pra visualizar as grades. Lembrei do carro escuro parado no portão, no dia que a deixei sozinha. Fotos dela sozinha na rua, e fotos minhas com ela, que eram a grande maioria. Em todas fotos aparecia o cano de um silenciador de uma arma. E a última foto continha uma mensagem " Ayla só será poupada se continuar assinando as cargas e se afastar do namoradinho intrometido dela"
_Ahhh meu Deus. _Falei. _Não me contive e contei ao senhor Allen tudo que sabia. Inclusive de ontem na minha janela.
_Meu filho, pelo menos por enquanto. Por favor se afaste dela, até a gente descobrir o que fazer.
_Senhor eu não sei como vou fazer isso.
_ Eu entendo você. Sei como é dificil, mas ela terá que seguir assim. E sei que ela gosta muito de você, então você terá de magoá la profundamente, para que ela o evite.

Suspirei fundo. Comecei a tremer. Isso não estava acontecendo. Isso não podia estar contecendo! Passei a mão na cabeça pensando no que dizer. Mas não tinha palavras. Menti que meu celular tocou, fingindo ser Ayla, arrumei uma desculpa pra sair.
Entrei no meu carro. E quando perdi a visão da casa dela, encostei e desabei. As lágrimas saiam com a naturalidade de um coração dilacerado pelo medo. O que eu ia fazer meu Deus? Se eu ficasse com ela, poderiam matá la. Eu teria que afastar dela. Deria que deixá la.
Chorei feito criança pequena. Droga!!
Eu jurei que encontraria quem estava fazendo essas ameaças. Nem que seja última coisa que eu faça na vida.
Minha vontade era achar o Yan e dar um tiro no meio da cara dele. Mas como eu teria certeza que era ele? E se fosse o tal do Daniel? E se fosse outra pessoa?
Haviam milhares de perguntas passando na minha mente. Tentei me recompor, liguei o carro e fui até a aula dela.
Desci, respirei fundo e fui até a sala em que ouvia uma música. E a vi, um anjo deslizando uma música sensual ao extremo, a música tinha tudo a ver com ela, a letra era quente, com batidas que refletiam nela a essência da própria escrita. Ayla se movimentava plena, e conforme a batida, seu corpo manifestava com erotismo e suavidade. Ela ainda não tinha me visto, e continuou dançando com as outras alunas a olhando.
A música era lenta, meus olhos acompanhavam ela descendo e subindo, e ficou bem mais interessante quando ela me viu. Meu pau deu sinal de vida. O olhar dela era outro, conforme a batida, eu percebia o desejo em cada passo. Até que enfim cessou. E eu fui ao seu encontro, alcançando a ao meio do caminho.
_Você é um pervertido! _Diz ela.
_Quero você dançando pra mim esta música. Escuta..._ Digo_ Quando vai parar de me surpreender?
_O dia em que você não me amar mais.
Poxa Ayla você tinha que me lembrar! Um arrepio correu meu corpo. Fiquei mal!
E pra piorar na hora do almoço meu sogro comunica pra todo mundo que sou o novo chefe de finanças.
Ayla percebeu que tinha algo de errado. Minha vontade era contar tudo pra ela, mas eu não sabia o que fazer. Estava perdido.
Fomos para o clube de tiro. Ayla deu um show de maestria, de vestido curto e tudo. Resolvemos participar da brincadeira com Airsoft, saímos vitoriosos, por conta dela, obviamente.
Ela era demais. Eu a amava demais para me dar o luxo de perdê la. E havia tomado minha decisão.
Chegamos na casa dela, tomamos um banho, comemos uma pouco. Resolvi ficar ali com ela, deitei, liguei a tv. Ayla adormeceu do meu lado. A cobri.
Peguei meu celular pra dar uma olhada nas minhas redes sociais.
Tinha uma mensagem de texto de um número estranho.
"É chegada hora da verdade. Ou você a abandona ou ela morre"
Tentei ligar, mas dizia que o número não existia.
Demorei a dormir. Dormi pouco na realidade. Eram sonhos com ela morta. Tiros, Ayla casando com Yan. Daniel rindo da minha cara. Até que enfim consegui pegar no sono, um sono sem sonhos, para meu alívio.

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