9. A viagem.

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Acordei mais cedo que Lucas e terminei de pôr tudo na mala. Eram mais ou menos 10 horas da manhã de sexta. Fiz um café e uns sanduíches, para quando Lucas levantar.
Escuto passos no chão do segundo patamar. Era Helena.
_ Me desculpe por ontem, por favor._ Pede. _ Matheus me contou. Eu nunca soube que ela e Lucas... não entendi o que ela estava falando pra você ontem.
_ Tá tá.. eu não quero mais nem ouvir falar disso. Quero que aquela vagabunda se exploda e que não ponha mais os pés na minha casa. _Digo derrubando um bule cheinho de café da pia, sem querer.
Lucas aparece na cozinha.
_Quer ajuda? Você se queimou? _ Pede preocupado.
_ Não queimou, ainda bem, tirei minha mão antes._Digo assustada._ Droga vou fazer café solúvel mesmo!
_Vou colocando as coisas no carro._ Diz Lucas saindo de cena.
Continuei ali com o café. Enquanto Helena me observava quieta.
_ Sabe você é bem mais forte do que eu. Se aquilo estivesse acontecido comigo, eu brigaria com ele que não tem culpa e aí daria cada vez mais espaço pra duvidar, até o relacionamento acabar em nada, por eu ser tão perturbada.
_ Tá e como deu certo com ele? _ Aponto o quarto lá dentro indicando Matheus.
_ Não sei como ele foi paciente até agora! Mas acho que as coisas estão como dever ser. E no começo eu achava que o Lucas só queria te pegar, depois quando foi ficando mais sério o negócio, percebi que o que ele sentia por você era amor. De verdade. E eu tinha uma inveja de você, talvez por isso nunca dei uma chance pra te contar e falar sobre ele.
Não admitia pra mim mesmo que minha irmã mais nova era mais cobiçada, inteligente e mil vezes mais responsável que eu. Que tinha um menino lindo e louco por ela, e que eu ficava agindo feito uma Suzana da vida ao invés de ajudar vocês dois a ficarem juntos...
_Você com inveja de mim?_ Falo. _ Me poupe.
_Sério. No começo eu não notava como você era vista pelos meninos. Sentia ciúmes, nossos pais tratavam você como um anjo, e eu queria te estragar pra não ficar por baixo.
Nunca admiti que eu podia ser a culpada por te perder. Quando comecei a ficar com Matheus e me apaixonei de verdade, notei o mal que eu fazia pro Lucas, privando ele de estar na sua vida bem antes. E como ele ficou um tempo sem me procurar, e você se envolveu com Yan, enchi a sua cabeça que Yan era o cara certo, que era rico, que até era bonitinho. Porque estando ali com Matheus eu vi que você merecia também ser feliz. Só não sabia que ele era um louco psicopata a ponto de tentar tirar a sua vida. Aí me lembrei do Lucas, sempre sozinho. Se esquivando de você, por eu dizer pra ele que você nunca se interessaria. Que eu jamais deixaria um galinha feito ele se aproveitar de você. Mas eu estava errada. Novamente. Vocês dois deveriam estar juntos a muito tempo. E eu deveria ter sido a pessoa que poderia ter ajudado isso a acontecer e não ajudei porque fui fraca. Porquê senti inveja de você. Me desculpe.
_ O que importa é que estamos juntos agora Helena, e você me ajudou muito, mesmo não sabendo. _Diz Lucas ouvindo toda confissão dela.

Helena sorri. Finalmente consegui um copo de café para cada um. Comemos os sanduíches. Matheus se levantou e se juntou a nós.
_ Tá vendo só. Eu precisei noivar com um cara que cozinha, pois até nisso sou péssima.
_ Ah meu amor_ Diz Matheus. _ Cozinharia sempre, eu gosto da culinária. E depois de casarmos você sabe que não precisará fazer muito pois estaremos muito ocupados nos três primeiros anos.
_ Ocupados? _ Digo rindo.
_Sim. Vamos voltar para Londres.
Fiquei sem reação. Ela iria embora de novo!
_ O quê? Nossos pais já sabem disso?_ Digo. _ Eles estavam pensando em aumentar a empresa porque você voltaria Helena, fazendo você ajudar cuidar da parte tributária.
_ Eu sei. Sinto muito. Mas cuidar de uma empresa de equipamentos hospitalares e medicamentos, não é o meu forte. Não tive coragem de contar pra eles ainda. Estão com muitos planos.
_Todos estávamos. _ Digo não acreditando na sua audácia.
_Sim, mas eles estão tão contentes com você e o Lucas aqui, tenho certeza que vocês dois é quem tomarão o reinado no meu lugar. Eu não sirvo pra isso. Eu... Olha só você! _ Diz ela. _ Você conhece todos pelo nome, as entradas, a produção, as vendas são todas controladas por você. O amor da sua vida passava quase todo dia na sua frente e você não via, pois estava atolada até o pescoço com serviço. Trabalha sábados e domingos, quando poderia estar em festas, pra adiantar o serviço pra segunda. Você pode não acreditar, mas a sucessora desta empresa será você. Não eu. Eu levaria a empresa e os 150 funcionários à falência em menos de um ano.
_ Não seja besta Helena...
_ Então vamos ver do que eu estou falando. Em setembro papai e mamãe vão abrir o capital da empresa. Aí talvez você caia na real sob quem você é.
Se levanta e sai. Olhei pra Lucas
_ Eu não sei de onde vem tanta imaginação..
_ Eu não acho que ela esteja imaginando coisas Ayla. _ Diz Lucas. _ Meu pai sempre disse que você conhece melhor a empresa do que seus próprios pais. Ele falava sempre de você, que sempre estava na ativa. E que não parecia ter pais ricos. Que era vista como rígida pelos funcionários e que não admitia ser tratada diferente deles.
_ Nunca gostei de ser o centro das atenções. Eu queria ajudar, pra não ficar por trás de Helena e viver na sombra dela.
_Pois bem parece que você a ultrapassou. _Diz Matheus sorrindo saindo de perto de nós.

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