14. Receios.

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Voltei o mais rápido que pude pra casa dela. E notei um carro parado próximo a entrada da empresa. Parei no interfone. Tinha que chamar ali passar por trás do pátio para seguir pra casa. O carro estranho arrancou e sumiu. Queria ir atrás, mas não podia deixá la sozinha.
_Oi. Quem é? _ Ouço sua voz.
_Oi amor, eu voltei.
Portão abre sem esforço. Entro e fico esperando ele fechar, ainda esperando se o carro estranho voltaria.
Uma chuva começava cair.
Sai do carro com a roupa de amanhã nos braços e deixei a arma no porta luvas.
Um trovão foi ouvido ao longe.
_Coloca na garagem. Não vem mais ninguém pra casa hoje. Mamãe alugou um hotel pertinho do hospital.

Fiz o que ela pediu. Que medo, ela realmente estava sozinha.
Para não parecer que eu estava sendo muito folgado de voltar disse.
_Meu pai quase me matou quando soube que te deixei aqui sozinha. Me fez voltar.
_ Adoro seu pai. Que bom que você voltou.
Estava tão cansado. Apaguei as luzes da casa. E subimos para o quarto.
Esperei Ayla pegar no sono, e fui verificar no escuro, se via alguém lá em cima na empresa. Mas estava tudo tranquilo.
Voltei pra cama com ela e peguei no sono. Acordei com ela toda descoberta e vi na pele das costas as marcas que a cera quente havia deixado e ela sequer reclamou.
Eu a via como uma menina indefesa, mas ela era bem mais forte do que eu imaginava.
Quando eu era adolescente e mantinha minha paixão platônica por ela, a imaginava um anjo e idolatrava sua beleza e meiguice. Eu, tão tolo não prestei atenção que por trás dessa cara de santa, se escondia a mulher que mexeria com todos os meus sentidos e desejos mais intensos. Sempre gostei de sexo, muito, na realidade, e fazia apenas o que achava bom para quem quer que estivesse comigo. Sempre me cuidei muito para não aparecer com um filho perdido por aí. Mas em questão de amarrar alguém, de usar essas coisas, de queimar com cera quente, usar gelo e tudo mais que já tive o prazer de fazer com ela, eu nunca tinha feito com ninguém. Ela estimulava sensações em mim das quais eu nunca havia experimentado. Aquele dia no Iate, quando ela se masturbou pra mim. Cara, ali eu percebi o porque eu me atraía por ela. Porque no fundo eu sabia, que o ímpeto desejo que tínhamos de possuir um ao outro era real. Que existia algo ali bem maior que o amor. Era como uma caçada, as vezes presa, outrora caçador.
Imaginava fazendo tudo de mais estranho e diferente, e sabia que ela é quem me ajudaria a conduzir o jogo masoquista em que eu e ela estávamos adorando cair.

Ayla.

Ah que pena que ele foi pra casa. Eu estava sozinha. Peguei meu celular pra mandar um boa noite, e vi outra mensagem de Yan.
_"Curte bastante trepar com ele sua vagabunda, porque quando você menos esperar vai ter uma surpresa"

Resolvi responder.
_"Yan, me faz um favor. Se explode"
Bloqueei. Apaguei. Peguei minhas roupas sujas de hoje, cheirando a uísque e sexo e joguei na máquina pra lavar. Escutei uns pingos de chuva caindo. E depois uma luz no portão lá de cima me fez entrar em alerta.
Atendi o interfone com medo. Mas era Lucas. Que alívio!
Ele voltou porque Seu Jaime o havia dado bronca por ter me deixado sozinha.
Seu Jaime não parecia nem de longe ser o cara que participou de alguma guerra, ou que tinha mesmo servido ao exército. Era bondozo demais com todos. Ou talvez eu não conhecia o seu lado de batalha. E o filho, ah o filho era o que menos parecia correto. Bad boy, pegador, gato demais pra namorar. Mais era o homem mais perfeito do mundo. Pelo menos pra mim.
Quando acordei, senti a cama se mexer do meu lado. E uma respiração na nuca, denunciava que eu não estava sozinha. Que sensação boa.
_Bom dia!
_Bom dia! Hoje o dia vai ser tenso né. Os caras vão entrar na empresa
_Sim_Respondo.
_ Escuta ali pelas 10 horas eu tenho que ir até o Renan. Vou levar uma arma do meu pai pra ele ver se consegue revisar.
_Tudo bem. Mas não demora, eu preciso de toda ajuda do mundo hoje.

Lucas.

Eu estava preocupado com ela. Tinha medo de deixá la sozinha. E não podia contar para ninguém, pois eu não sabia dali quem era de confiança. Meu pai tirou o dia para ficar ali, e junto comigo desceu ao depósito para que eu conseguisse as fotos para Renan.
_Meu Deus Lucas! _ Diz meu pai.
_Impressionante né?! _ Digo. _ A maneira como foi amarrado os fardos, parece que veio de longe. Como ninguém pegou esta mercadoria?
_Lucas? _Ouvi Ayla me chamando.
_Estamos aqui em baixo. Estava mostrando pra este velho aqui como estamos com estoque cheio para começar a fabricar.
_A pessoa que vai gerenciar deve chegar em 30 minutos._ Fala ela lá de cima._Você pode me ajudar? Estou com mais 3 cargas para conferir.

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