36. O inferno.

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(ATENÇÃO: Não leia se você for sensível a tortura, cenas fortes. )

Eu a vi dormindo ainda de manhã. Depois de tudo que ela me proporcionou na noite passada, nem nos meus maiores desejos, eu imaginaria que ela era assim perfeita. Feita pra mim.
Agradeço a Deus que nossos pais eram amigos. Agradeço o momento em que o destino me fez ir até a empresa naquele dia e ela estava lá com seu pijaminha fofinho. E agradeço que Helena a tenha arrastado para aquela festa. Comecei repassar mentalmente, tudo que vivi com ela. E lembrei dela ontem me falando que poderia ter engravidado.
Me enfiei debaixo dos lençóis, dei um beijo em seus ombros e levei minha mão até sua barriga. Ela continuava dormindo. Um sono pesado.
Me cheguei mais perto do seu pescoço, ela tinha um cheiro tão bom. Fiquei ali deitado com ela, até ela começar se mexer com peso do meu corpo e acordar. Descemos rápido para o café e fomos em direção ao escritório do senhor Adams. Encontramos ele, com seus seguranças no elevador. Ele parecia estar saindo mais cedo para que a gente não fosse junto, mas se obrigou vendo que a gente chegou mais cedo. Não sei porquê tive essa impressão.
Fomos para um lado de Bangkok que eu sabia que não era boa coisa. Entramos na antiga prisão que era cortada pelo velho metrô. E dentro do que parecia ser um alçapão, e mais uns 3 km apé no barro, chegamos a uma sala. Era um lugar sem pintura, úmida e gélida. Parecia um túmulo 7 palmos abaixo da cidade.
A porta desse ambiente e dos outros aqui no alçapão, não eram como os de cima, que eram grades da prisão, eram todas de metal. E fechavam com um baque de correntes enferrujadas onde toda anfetamina estava embalada, pronta para o despacho.
Sr. Roberts não era um homem ruim, contou pra gente que sua família foi morta por um traficante, que descobrimos ser o próprio Sólon.
Fiquei perplexo com isso, pensando em que diabos faríamos para nos livrar dessa. Matar Sólon me passava pela cabeça, mas como? Como sair dessa sem ser morto? Me passou uma idéia pela cabeça, Ayla era quem assinava pela empresa e não eu, mas não foi o que eu disse ao senhor Adams, acho que ela nem percebeu o que eu fiz, foi um pressentimento, algo que não soube explicar.

Senhor Adams nos disse que não precisaríamos vir amanhã e que vindo somente hoje a noite lá pelas 23 horas assinar toda papelada referente a importação, para a anfetamina ser liberada, pois a aduana acreditava que iríamos levar apenas uma determinada quantidade, do que era permitido para fins medicinais da farmacêutica, porém não sabiam das cargas superfaturadas que entrariam no porto, e como a máfia detinha alguém de sua confiança em todos os lugares que se podia imaginar, então a facilidade com que isso acontecia era demasiadamente eficaz. Se a fiscalização tailandesa colocasse a mão nessa conspiração, de certeza que muitas cabeças iriam rolar, pois o país era muito rigoroso com relação a a isso.

Fomos deixados no nosso hotel novamente. E saímos para almoçar e também levei Ayla em mais alguns templos, no mercado flutuante, e diversas outras coisas. Ela reclamou que estava se sentindo mal com a comida, e meu coração pulava acreditando que ela pudesse estar grávida. Sei que não deveria, mas eu não podia evitar, fazia piadinhas sobre gravidez que a deixavam sem jeito.
Mais uma vez entardeceu, e ela me perguntou se a gente voltaria para aquele lugar, sem êxitar disse a ela que sim. E a beijei. Seu corpo estava mais cheiroso que o habitual, e ela foi ao banheiro para colocar a roupa, então imaginei que estaria aprontando.
Seguimos de tuk tuk para a Walking Street, quando entramos na boate via Ayla impaciente se mover no sofá, mostrei a ela um casal desinibido trepando acima de nós, nas cabines transparentes. Só de imaginar nós no lugar deles e ela sendo vista por todos, um ciúme devastador me rasgava por dentro. Já bastava aquele vídeo em que ela foi vista numa foda comigo, aquilo já era demais. E mesmo que aqui tivesse um bando de gente qual nunca tínhamos visto, e jamais veríamos denovo, eu nunca teria coragem de participar deste tipo de brincadeira.
A nossa brincadeira era mais reservada, própriamente dita, nos fundos de um certo club.
Ayla me convida pra ir. Eu estava decididamente criando um monstro. Um monstro na cama. E eu teria que dar conta, dei corda; Agora teria de aguentar as consequências. E estava adorando.

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