58.Amar pode machucar

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2 dias depois

A lua se fazia alta no céu, o sereno da noite se fazia presente no ar e lá estávamos eu e Arthur nos trilhos do trem. Estávamos sendo obrigados a fazer isso, deveríamos explodir aquele trem ou Charles filho de Tommy arcaria com as consequências. Após armarmos a bomba em seu lugar, fomos para o local aonde deveríamos ficar escondidos para que não nos vissem. Entramos então no pequeno vagão solto, eu, Arthur e um amigo de Tommy da guerra.

Arthur estava com aquela expressão pensativa, provavelmente pensando no que Linda acharia se o visse, se soubesse que daqui a alguns minutos o sangue de vidas inocentes estariam em nossas mãos. Ele então se sentou no chão e começou a beber, com o olhar vago que encarava o nada. Fiz o mesmo me sentando do outro lado, por conta do frio juntei minhas mãos e as assoprei tentando as aquecer.

O silêncio se fazia presente, cada um dos três preso em sua própria mente. Era difícil olhar para Arthur, não importava o quanto ele tentasse ser um homem melhor, isso sempre perseguia ele. Essa era a nossa vida, matando um leão todo dia, emoção e mais emoção, isso é o que nós somos e não adianta correr. Tirei um cantil do bolso e dei um colo no uísque que havia dentro, do outro bolso tirei um papel e uma caneta.

— O que vai fazer? - Arthur pergunta.

— Escrever, me acalma. - Olhei para ele.

— Não importa quanto tempo passe, você sempre vai levar um pedaço da Hanna com você. - Ele riu.

— Quem é Hanna? - O homem pergunta curioso.

— Minha irmã de consideração e também é o amor de infância do John. - Arthur explicou.

— Humm interessante. - Ele sorriu. - Como ela é?

— É teimosa. - Arthur começa.

— Destemida. - Continuo.

— Leal - Arthur prossegue.

— É a mulher mais bonita que eu já vi na vida. - Falo com um sorriso bobo no rosto. - E ela canta como um anjo.

— Wow ela canta! Mulheres que cantam são as mais encantadoras, podem deixar um homem louco. - Ele riu pensativo. - Pelo seu olhar presumo que vocês não estão juntos.

— Acertou! - Arthur brincou com ironia.

— A maioria das mulheres que cantam são assim, como pássaros, gostam de estar voar e se sentirem livres. - Ele diz.

— Eu a tinha em minhas mãos, em meus braços, mas a deixei escapar. - Encostei a cabeça na parede. - E agora estou lutando para tê-la novamente.

— Tommy vacilou feio com ela, e agora tememos que ela se afaste de todos. - Arthur dá um gole seu cantil.

Suspiro profundamente e volto a olhar para o pape, o apoio em meu joelho e então começo a escrever.

{ Carta }
Amar pode machucar, amar pode machucar as vezes, mas é a única coisa que eu sei. Quando fica difícil, você sabe, as vezes pode ficar difícil. É a única coisa que nos faz sentir vivos, nós guardamos esse amor em uma fotografia, fizemos essas memórias para nós mesmos. Onde nossos olhos nunca estão se fechando, nossos corações nunca estão quebrados e o tempo está congelado para sempre. Então, você pode me guardar dentro do bolso do seu sobretudo preto, me segurando por perto até nossos olhos se encontrarem e você jamais estará sozinha, espere minha volta para casa. Amar pode curar, amar pode consertar a sua alma e é a única coisa que eu sei. Eu juro que vai ficar maia fácil, lembre-se que com cada pedaço de você e é a coisa que levamos quando morremos. E se você me machucar, tudo bem, querida somente palavras sangram, dentro dessas paginas que você me abraça e eu nunca vou te deixar ir, espere minha volta para casa.  E você poderia me encaixar dentro do colar que você tem, desde quinze anos, perto da batida do seu coração onde eu deveria estar. Quando eu estiver longe, eu vou me lembrar de como você me beijou, sob o poste de luz, atrás da rua 6. Ouvindo você sussurrar através do telefone "espere minha volta para casa."

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