89.A verdade

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[ P.O.V JOHN ]

Entrei no trem e me sentei em meu lugar, não demorou muito para que o automóvel grande começasse a andar. Foi ali que eu vi que não tinha mais volta, eu estava indo para longe e não sabia quando iria estar preparado para voltar novamente. Eu nunca havia feito isso, ir para um lugar sozinho e passar um tempo afastado de todos, talvez fosse bom.

[...]

Sou despertado de meu sono pela buzina do trem avisando que havia parado em sua primeira parada. Sinto minhas costas doerem pela mal posição que eu estava cochilando e decido sair para tomar um ar, até que o trem fosse sair novamente. Saio então to vagão e com as mãos no bolso do sobretudo eu caminho próximo aos trilhos, em meio a aquela multidão.

Enquanto eu andava levei meu olhar até o trem que passava, foi então que vi pela janela uma cena que me fez parar de andar na hora. Eu só podia estar louco, mas pela janela daquele trem avistei rapidamente uma moça muito parecida com Hanna, se eu a tivesse visto menos rapidamente eu poderia jurar que era ela. Fiquei estático no lugar em que eu estava e não tirei meus olhos do trem que cada vez se distanciava mais.

Não havia jeito, eu nunca conseguia fugir de você Hanna Cooper. Em todo lugar que eu estou, em todo lugar que eu vou, eu penso em você, por que?! Eu quero entender...E na razão eu não posso mais pensar em te rever, e meu coração não aguenta mais ficar e quer fazer uma ligação, pra te pedir perdão.

— Eu só posso estar louco...! - Tiro o chapéu e passo a mão pelo cabelo.

Olhei para o grande relógio no alto e vi que eu ainda tinha alguns poucos minutos até que o trem saísse novamente. Me encostei na parede e fiquei com o olhar fixo ao nada, eu estava me segurando para não fazer nada, mas foi uma tentativa inútil. Senti um grande impulso e quando vi eu já estava ao lado do telefone, paus-amarelos digitei o número do The Empire e liguei para o escritório de Hanna.

— Alo? - Alguém atende.

— A Hanna está? - Pergunto.

— Ela ainda não apareceu aqui hoje senhor, e pelo que eu ouvir ela não irá aparecer durante esses dias. - Ela responde.

— Ela está bem? - Respiro fundo.

— Pelo que sei sim, ela estava resolvendo alguns assuntos pessoais. - Assente.

— Entendi, obrigada... - Desligo.

Coloco o telefone em seu lugar de novo com um pouco de brutalidade. Ela iria passar alguns dias fora e eu não fazia ideia de onde ela pode estar ou o que estava fazendo. Talvez ela estivesse com o cantorzinho, talvez eles estivessem juntos agora, enquanto eu estou aqui pensando nela sem parar. Só de os imaginar juntos eu sentia o meu sangue ferver.

De forma impulsiva e rápida eu ando até o trem e entro no mesmo. Assim que me sento em meu assento, apoio os cotovelos na mesa e coloco as mãos na cabeça, olhando então para baixo. Respirei fundo tentando me acalmar, ao mesmo tempo que eu estava a odiando com todas as minhas forças, eu sentia meu coração se quebrando, e eu odiava sentir isso. Afim de me acalmar peguei o pequeno caderno em minha bolsa e uma caneta, começando então a escrever.

{ Carta }
Os pássaros deixaram as árvores, a luz cai sobre mim, eu posso sentir você deitada com ele. Chegamos aqui da maneira mais difícil, com todas aquelas palavras que trocamos, é de se admirar que as coisas quebraram? Por que no meu coração e na minha cabeça, eu nunca vou retirar as coisas que eu disse. Lá no fundo, eu sinto vindo à tona, o que ela disse no meu coração e na minha cabeça. Me diga por que isso teve que acabar, oh não... Eu não posso nos salvar, minha garota, nós caímos, nós dois construímos essa cidade em um terreno movediço, nós a construímos para derruba-la. Agora todos os pássaros fugiram, a dor só me deixa assustado, por perder tudo o que eu já conheci. Tudo se tornou demais, talvez eu não fui feito para amar, se eu soubesse que poderia chegar até você, eu iria. No meu coração e na minha cabeça, você não pode apagar as coisas que me disse...

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