Capítulo 26.-"Você me disse..."

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Após vários minutos, conversa no telefone com Charles acaba. A Senhorita Dragão aparentava estar destruída. Pois é. A mulher mais firme que alguém possa conhecer estava sem chão. A Senhorita Tate, enxugando as lágrimas, também olhava para Laís que ainda permanecia sentada de frente para a porta olhando a mãe. A garotinha, por dentro, estava inquieta; ela queria muito entrar na sala da tão temida Dragão e abraçá-la, mas o medo que tinha a impedia.
Margaret quando olha no relógio e vê que era por volta das 15h:30min, firme, resolve comprar um lanchinho para a praguinha. Ela compra pelo iFood e logo manda um e-mail ao seu assistente para que retirasse o pedido e o desse à garotinha. Neste meio tempo, Margaret volta a trabalhar, mas claro, sempre com um olho em Laís.
James chega com o lanche, cutuca a garota e diz-

—Oi pequena. A sua mamãe me pediu para dar esse lanchinho para você. -Diz James abaixando e dando a sacolinha.
—Obrigada!
—Imagina!

Laís, sem comer o lanche, espera uns minutos. A garotinha pensava e pensava até que enfim resolve entrar na sala da mãe.

—Desculpa, mamãe! Eu não quis dizer tudo aquilo pra você! -Diz a garotinha com os olhos aguados.

Umas lágrimas começavam a escorrer do rosto de Margaret que permanece quieta e olhando os manuscritos.

—Não é verdade, mamãe. Não é verdade tudo aquilo que eu te disse.

Margaret, devagarinho, vira para a garotinha com uma expressão de tristeza e diz-

—Você me disse que eu era um monstro. -Diz ela com uma voz tristonha e lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

Silêncio.

—Que eu era a pior mãe do universo. Que você não queria ser minha filha, mas sim da sua tia. Você me disse que não queria se parecer comigo, com um monstro. Que você não queria ficar comigo. E que eu não era mais a sua mãe. -Diz ela olhando diretamente e indiretamente para a garotinha com a feição e a voz tristonha.

—Eu sinto muito, mamãe. -Diz Laís com lágriminhas também pelo rosto.

—Sabe como eu me senti? Me senti o ser mais desprezível da face da terra. Me senti um grande lixo ambulante. Nos últimos 7 dias, eu voltei atrás em cada segundo dos nossos 15 dias juntas porque eu queria achar os meus erros. Entender o porquê eu era a pior mãe do universo, o porquê eu era um monstro. Nos primeiros 2 dias eu admito. Te tratei com indiferença mas eu tentei melhorar. Eu deixei você dormir na minha cama, deixei você tomar banho comigo, deixei você fazer uma zona na minha cozinha, brinquei com você, assisti Tv com você, te abracei, te beijei, disse que te amava, mas... naquele restaurante, eu, jamais, ia querer constranger você. Eu errei. Eu me exaltei. Mas era a única forma de eu ganhar respeito. E... me trocar pela sua tia? Você ia me jogar de lado pela mulher que sempre me odiou e sempre me disse, quando estava esperando um bebê, que seria uma péssima mãe. Mas ela é uma excelente tia, ok? Eu via o meu Dragãozinho pegando nas mãos dela e indo sem sequer olhar para trás, onde tinha eu incansavelmente tentando falar "eu te amo".

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