Prólogo

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Dulce Maria

Hoje é um dos piores dias da minha vida mas também é um dos melhores, acabo de descobrir que meu noivo estava me traindo e só assim percebi que esse relacionamento estava fadado ao fracasso. Paco e eu nos conhecemos quando eu ainda estava na faculdade, eu tinha 20 anos e estava cursando o penúltimo ano de jornalismo, Paco com seus 31, esteve na minha faculdade para dar uma palestra sobre audiovisual já que ele é diretor de curtas e clipes musicais. Ele se interessou por mim e eu não vi porque não aceitar seu convite já que ele parecia ser um homem muito culto e inteligente e confesso que esse é meu ponto fraco.

Em pouco tempo começamos a namorar e em 2 anos, assim que me formei, ele me pediu em casamento. Eu não sentia por ele o maior amor do mundo, mas ele me passava estabilidade e confiança, fatores extremamente importantes pra mim que sempre sonhei em construir uma família. Minha família e amigos nunca gostaram dele mas eu sempre achei que com o tempo mudariam de ideia, o que não aconteceu e sinceramente hoje eu entendo todos eles!

Hoje, com 25 anos e depois de 3 anos de noivado, saí do trabalho mais cedo e fui correndo pra casa para conversar com Paco sobre finalmente planejar o casamento depois de tanto ser enrolada. Só não contava que eu chegaria em nosso apartamento e fosse encontrar meu noivo, que tanto dizia me amar, transando na nossa cama com a vizinha. Inicialmente foi um grande choque, nunca imaginei que Paco pudesse fazer isso comigo já que ele se dizia extremamente apaixonado por mim, aparentemente também era extremamente apaixonado por várias outras mulheres. Depois de expulsar a mulher que estava na minha cama de casa, fiz ele me contar tudo, todas as vezes e então a sensação de humilhação e tristeza se transformou em um grande alívio!

Alívio por não ter me casado com ele, alívio por ter me livrado de alguém que só me fazia mal sem eu nem saber, alívio por não me casar com alguém que eu definitivamente não amava e com quem eu estava apenas por comodidade e por achar que os homens da minha idade eram todos imaturos demais para querer uma família como eu queria. Agora estou aqui arrumando minhas coisas para ir embora deste apartamento que eu jurei que era meu lar e que presenciara o início da minha própria família, vou passar pelo menos um tempo no apartamento da minha melhor amiga Anahí que estava me ajudando a organizar minhas coisas nesse momento, levaria só o essencial, o que não fosse de extrema importância pra mim eu ia deixar pra trás e fazia questão de não ter de volta e nunca mais voltar nesse lugar.

Anahí é minha melhor amiga desde a escola, nos conhecemos no ensino médio e nunca mais nos desgrudamos, fomos pra mesma faculdade mas em cursos diferentes já que ela fez moda e eu jornalismo, e hoje trabalhamos na mesma revista, a Luna magazine, uma das maiores revistas femininas do México. Eu tenho uma coluna onde escrevo sobre comportamento e Anahí se especializou como personal stylist e é responsável pelos ensaios de moda da revista. Agora além de tudo, iríamos morar juntas e eu sou muito grata por ela ter me oferecido abrigo, não gostaria de ficar sozinha nesse momento, sei que estou aliviada mas ainda ia levar um longo tempo até conseguir processar tudo o que aconteceu, afinal foram 5 anos de relacionamento e sendo enganada na maior parte do tempo. Como eu e Any mudamos do interior pra capital desde a faculdade, agora ela era a única família que eu tinha por perto e ela realmente era como uma irmã pra mim!

Me sinto extremamente frustrada no momento, como eu pude me acomodar tanto e ficar satisfeita apenas com um "amor confortável e estável"? Não era isso que eu queria, eu queria cobrir uma família com o amor da minha vida, aquele tipo de amor que te consome e te deixa totalmente sem, uma pessoa que me ame infinitamente e que eu ame da mesma maneira. Não sei onde eu estava com a cabeça quando achei que um relacionamento para ser a base de uma família poderia ser só estável! Eu e Any terminamos de arrumar minhas coisas em 3 malas grandes depois de algumas horas, já é tarde da noite, estamos mortas de cansaço e precisamos trabalhar cedo no dia seguinte então nos apressamos para sair e deixo a chave debaixo do tapete da porta, não pretendo nunca mais voltar aqui, daqui pra frente é vida nova! Quando chamamos o elevador damos de cara com Paco saindo de dentro dele fedendo a álcool.

- Dulce meu amor, por favor, eu te imploro que me perdoe! Não vai embora por favor! Eu preciso de você!

Sinto Anahí rir sarcasticamente do meu lado e se colocar na minha frente.

- Escuta aqui seu velho nojento, você nunca mais vai chegar perto da Maria entendeu? Ela não está sozinha e tem quem a defenda de você.

- Deixa Any, deixa esse babaca falando sozinho, ele não merece que a gente se dirija a ele, muito menos nesse estado. Vamos logo pra casa, eu não preciso mais aguentar a presença desse imbecil.

Colocamos as malas no elevador e antes de entrarmos nele pra finalmente sairmos daquele lugar eu me lembro de uma coisa. Tiro meu anel de noivado caríssimo e cheio de diamantes e chamo Paco.

- Eu não quero ver isso nunca mais na minha vida.

Dito isso jogo o anel em sua direção e Any e eu finalmente entramos no elevador.

- Estou orgulhosa de você, se saiu muito bem com ele! Sei que está sendo difícil agora mas tenho certeza que coisas lindas te esperam daqui pra frente amiga! - Disse Any para mim segurando minha mão.

- Amiga eu não sei nem como agradecer por tudo, por estar aqui nesse momento, por me ajudar com as coisas, por me dar abrigo e principalmente por sempre ter tentado abrir meus olhos!

- Imagina Dul, você sabe que eu faço de tudo por você né bebê!

Nos abraçamos por um bom tempo até o elevador chegar no térreo, com a ajuda do porteiro levamos as malas pro carro de Any e partimos pra nossa nova vida de roommates!

Sintonia (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora