Capítulo 29

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Dulce Maria

Já tínhamos jantado e estávamos sentados em cima das almofadas, lado a lado, encostados na mureta que tinha ali e bebendo vinho. Tínhamos conversado sobre os mais diversos assuntos, descobri que Christopher e eu temos gostos musicais parecidos, que sua mãe tinha sido uma mãe solo incrível porque seu pai foi embora quando ele era criança e nunca foi muito presente em sua vida, descobri que Christopher tinha vontade de escrever e lançar seus próprios livros e também que ele tinha um senso de humor tão bobo quanto o meu. Tudo isso me deixava a cada minuto mais encanta por ele e parecia que estávamos no nosso próprio mundinho, nesse exato momento estava rindo de uma piada super boba que Christopher tinha feito e quando dei por mim já tinha parado de rir e estávamos nos encarando, era como se ele pudesse enxergar minha alma, e então vi seu olhar desviar dos meus olhos para a minha boca e senti meu coração bater mais forte.

Christopher se aproximou devagar como se estivesse pedindo permissão e como eu não o parei, seus lábios roçaram os meus, ele esfregou nossos narizes como num beijo de esquimó e senti uma de suas mãos acariciar a lateral de meu rosto e a outra me puxar pela cintura e então ele me beijou. Senti sua língua pedindo passagem e eu cedi, nossas línguas se enroscaram e criaram seu próprio ritmo. Era um beijo cada vez mais quente, mas calmo e terno, um beijo diferente de todos que já me deram na vida. Quando sentimos o ar acabar encerramos o beijo com alguns selinhos e ficamos um tempo de olhos fechados e com nossas testas encostadas, quando abri os olhos e encontrei o seu foi como se alguém tivesse me banhado em gasolina e jogado um fósforo, senti meu corpo inteiro queimar.

Respirando com uma certa dificuldade ele se afastou um pouco de mim, parecendo tentar raciocinar e me perguntei se tinha feito algo errado ou se ele estava com medo de fazer algo errado. Ele pegou a taça de vinho vazia da minha mão e colocou na toalha e então se levantou, se virou pra mim e estendeu as mãos.

- Vem. - disse ele e então eu segurei em suas mãos para que ele me ajudasse a levantar. - Bom, um dos motivos que eu te trouxe aqui é esse céu maravilhoso sob nós, então vamos deitar um pouco para apenas apreciar a beleza do universo. - disse me levando até as cobertas que ele tinha estendido com as almofadas.

- Sabe o que é estranho? - perguntei tirando minhas botas para não sujar as cobertas e ele me olhou. - Uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida é olhar o céu, ainda mais a noite porque além do brilho das estrelas eu tenho um fascínio inexplicável pela lua.

- Ei, peraí, você tá roubando o meu hobbie! - disse ele rindo e me fazendo rir junto. - esse é um dos motivos pelo qual te trouxe aqui inclusive. - disse terminando de tirar os sapatos e se sentando nas cobertas.

- Um dos motivos? - perguntei me sentando também e me ajeitando para deitar. - E quais são os outros?

- Bom, - vi ele se deitar também e instantaneamente cheguei mais perto como se seu corpo fosse um ímã para o meu. - além de também ter a vista mais incrível da cidade, queria compartilhar com você algo que nunca compartilhei com ninguém. E eu nunca trouxe ninguém aqui, nesse terraço, é o meu lugar especial sabe? Onde eu venho pra me distrair quando estou triste ou estressado ou quando tenho que pensar melhor, esse lugar é meio que mágico pra mim. - disse ele passando o braço ao redor do meu corpo quando viu que eu tinha me aconchegado nele e eu fiquei totalmente hipnotizada e emocionada com suas palavras.

- É sério? - perguntei baixinho encarando-o.

- O que?

- Que você nunca trouxe ninguém aqui? - ele acenou em afirmação. - E porque me trouxe?

- Bom, eu nunca trouxe ninguém porque nunca teve sentido dividir a coisa mais incrível que eu tenho, mas com você, é como se esse lugar só estivesse esperando você chegar, eu só senti que era aqui que eu devia te trazer. - ele disse dando de ombros e me fazendo sorrir amplamente.

- Tá vendo aquelas estrelas ali? - disse ele olhando pro céu e apontando para algum lugar que eu não estava vendo porque não conseguia tirar meus olhos dos dele. - É a constelação de...

Sem nem pensar no que estava fazendo o interrompi puxando seu rosto em direção ao meu e beijando seus lábios, só deixei meu corpo tomar o controle, ele demorou um tempo para corresponder por ter sido pego de surpresa mas assim que correspondeu e nossas línguas se encaixaram senti todo aquele fogo reacender e dessa vez não havia ternura nenhuma ali, apenas muito desejo e paixão. Senti seu corpo se virar de frente pro meu e automaticamente levei minha perna até seu quadril e senti sua mão descer até minha coxa e apertá-la, senti sua ereção se formando roçar em meu ventre e soltei um leve gemido e puxei seus cabelos com a mão que estava em sua nuca. Senti que o fôlego ia acabar então encerrei o beijo puxando seu lábio inferior e na mesma hora que nossas bocas se afastaram me lembrei que estávamos em um local tecnicamente público.

- Christopher - ele nem me deixou continuar e já foi falando.

- Me desculpa Dulce, eu sei que temos que ir mais divagar e...

- Ei! - disse tentando pará-lo e ele olhou pra mim assustado. - Porque você tá assim? Eu só ia perguntar se muita gente do seu condomínio costuma vir aqui!

- É sério? - perguntou incrédulo me encarando e eu acenei com a cabeça dando risada quando o vi soltar todo o ar que devia estar segurando. - Bom, não, na verdade quase ninguém vem aqui, só eu.

- Então cala a boca! - disse fazendo-o sorrir e me puxar pra mais perto denovo.

Ainda bem que aquele lugar seria só nosso, não queria ter que sair dali e não tava afim de reprimir meus desejos e nem esconder meus sentimentos essa noite.

Sintonia (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora