Capítulo 18

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Dulce Maria

Eu estava incrédula com tudo o que acabara de ouvir de Christopher, Anahí não poderia estar mais errada, ele não gostava de mim, pelo menos não do jeito que ela achava. Ele realmente estava levando a sério esse lance de sermos amigos, mas porque isso tava me incomodando? Não era isso o que eu queria? Qual é o seu problema Dulce Maria?

- Quer uma carona? - ele perguntou assim que saímos do elevador.

- Ah não sei, acho melhor não, não quero te incomodar! - na verdade eu estava era querendo fugir dele, só não entendi ainda porque.

- Que isso Dulce, somos amigos! Você não me incomoda vem. - disse ele e pra completar toda a confusão da minha cabeça ele me levou até seu carro pela mão, quando ele me soltou para abrir a porta para mim minha mão que ele tinha acabado de soltar parecia até dormente de tanto formigar.

- Você pode colocar o endereço no GPS pra mim por favor? - ele perguntou me entregando seu celular com o GPS aberto. A vontade que me veio foi de vasculhar esse celular inteiro e eu já estava ficando irritada comigo mesma porque eu não era assim, não fazia essas coisas. Devolvi o celular com o endereço e rezei pra que isso fosse rápido.

- Ih parece que tá começando a chover, acho que vamos demorar um pouco, sabe como é o trânsito dessa cidade. - parecia até que ele tinha lido meus pensamentos, que droga!

- Bom pelo menos que chova tudo o que tem pra chover hoje e não amanhã pra não atrapalhar meus planos! - disse sem nem saber porque estava fazendo aquilo.

- Ah você tem planos amanhã? Com Anahí?

- Na verdade é meio que um encontro sabe, talvez eu chame Anahí se Poncho puder ir com ela, se não ficaria constrangedor! - o que eu tô fazendo meu deus? Quem tem date é o Christian, eu sou só a vela! Que vergonha Maria.

- Uau, um encontro? Então você já está na pista denovo? - ele disse parecendo incomodado com o que estava ouvindo e eu não sei porque mas isso me deixou feliz? Porque saber que ele estava incomodado em saber que eu sairia com outro homem me deixaria feliz?

- Já estava na hora né? - disse me sentindo vitoriosa.

- Se você diz... - disse ele tentando parecer indiferente e falhando completamente. Tá bom, eu acho que ele tá com ciúmes, isso seria possível?

- É, bom, não vou ficar sozinha pra sempre né e eu sei que o amor da minha vida está por aí me procurando também. - meu deus eu tô falando demais, tenho que parar enquanto estou por cima!

- Ah claro! - disse ele debochado.

- O que foi?

- O que foi o que? Não disse nada, só tô prestando atenção no trânsito.

- Certo. - disse fingindo acreditar nele.

- E então, quem é o felizardo que vai te levar pra sair? - perguntou meio irônico e eu fingi que não percebi.

- Ah ele era um colega de escola meu e da Anahí, acabei reencontrando ele por acaso, ele mora na Inglaterra mas tá aqui resolvendo uns problemas de família.

- Inglaterra, uau, impressionante. - disse ele num tom nada impressionado.

- É, ele é CEO de uma empresa grande de lá sabe, é realmente impressionante! - me gabei patéticamente da minha mentira.

- Parece que estamos com sorte, a chuva não vai nos atrasar, na verdade devo chegar no seu prédio em cinco minutos. - disse ele tentando se manter simpático mas claramente desconcertado com a conversa.

- Que bom! Você é incrível! - quando percebi já tinha saído, droga! - quer dizer isso é incrível, conseguir chegar tão rápido assim num dia de chuva!

- Ah sim, claro, como eu disse tivemos sorte! - ele tinha dado um sorrisinho torto e depois que me corrigi voltou a ficar sério e isso me deu um aperto no peito que quase me desculpei.

- Claro. - disse sem graça.

- Bom, chegamos. - ele disse e abaixou a mão para soltar meu cinto ao mesmo tempo que eu, a sensação de choque saiu da minha mão e percorreu todo meu corpo e nisso nossos olhos se encontraram e ali ficaram, quando isso acontecia parecia até que estávamos em nosso próprio mundo. Não sei quanto tempo ficamos assim, só saímos do transe quando um carro passou buzinando ao nosso lado. - Obrigada!

Agradeci rápido sem dar tempo dele responder e saí correndo pra dentro do prédio. O que era aquilo que acontecia entre a gente? E porque eu tinha dito um monte de mentiras só pra ver se ele sentiria ciúmes? E porque eu me senti bem com aquilo? O que eu tava fazendo da minha vida? Talvez estivesse ficando louca! Entrei no apartamento e vi Any sentada no sofá assistindo alguma coisa, eu só consegui largar minhas coisas no chão e me joguei no colo dela tendo uma crise de choro. Quando consegui me acalmar um pouco ela fez um chá de camomila pra mim e me fez fazer uns exercícios de respiração, depois me fez contar tudo obviamente.

- Dulce Maria eu não acredito que você fez isso! - ela disse parecendo irritada.

- Eu sei Any, não sei onde eu tava com a cabeça!

- É claro que você sabe onde você tava com a cabeça, você só não quer admitir! Que palhaçada Maria, você tem 15 anos por acaso? - disse ela com as mãos na cintura.

- Eu sei, foi totalmente imatura a minha atitude. - admiti olhando pra baixo.

- Escuta aqui, você não queria que o Christopher fosse só seu amigo? Te enxergasse só como uma amiga? Foi isso o que ele fez! Porque você tá dando chilique com isso? - perguntou ela ainda brava.

- Eu não sei Any, eu não sei mais o que eu tô fazendo tá!

- Dulce Maria Saviñón seja a mulher que eu sei que você é e assume os seus sentimentos! Pelo menos pra você mesma, porque essa palhaçada tem que parar, você tá ouvindo? Não quero saber mais de você fazendo joguinhos com o Christopher, nenhum dos dois tem idade mais pra isso! - ela disse e saiu levando minha caneca vazia.

Um tapa na cara doeria menos que esse sermão da Anahí e o pior é que ela tava certa, eu estava sendo totalmente infantil. Eu tinha que repensar tudo e assumir o que eu sentia, mesmo que não fosse o que eu queria, essas coisas a gente não escolhe. Só que eu estava era bem ferrada porque aparentemente me apaixonei pelo cara que eu mais desprezei e desfiz até agora.

Sintonia (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora