Capítulo 3

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Era uma ensolarada manhã de segunda-feira no Colégio Veranense. Os estudantes do Ensino Médio estavam indo em direção às salas, pois o sinal de entrada havia tocado. A diretora Sônia e Heitor saíram da sala da mulher e o jovem escutava atentamente as informações que ela passava enquanto ambos andavam pelo estreito corredor de paredes verdes.

— No colégio, é extremamente importante o uso do uniforme, caso não esteja de acordo com as vestimentas, receberá uma advertência.

Heitor assentiu com a cabeça e Sônia continuou falando. Quando ele foi com os pais fazer a matrícula dele, já foi entregue o uniforme que era composto por apenas uma camiseta branca com o logo verde-escuro do colégio. A vestimenta adequada, no caso, era a camiseta, uma calça jeans lisa, sem cores chamativas ou rasgos e sapatos fechados. A diretora passou as últimas instruções para o novo aluno até que parou em uma porta de madeira pintada de preto.

— Essa será a sala que você vai estudar. Decorou o caminho?

— Sim, senhora.

— Ótimo.

Ela bateu educadamente na porta. Poucas batidas depois, um homem alto, magro e de óculos de grau abriu e sorriu de forma cordial.

— Olá, professor André. Esse é Heitor Mendes, o novo aluno. Heitor, esse é o nosso professor de Geografia do terceiro ano.

— Prazer em te conhecer, professor.

— Seja bem-vindo, Heitor. – ele respondeu com um tom simpático e abriu um pouco mais a porta.

A diretora e o professor trocaram mais algumas palavras e Heitor percebeu que praticamente toda a sala estava olhando de forma curiosa para ele. Era uma turma relativamente grande, com cerca de 35 alunos, mas uma aluna em especial chamou a atenção dele. Era Luna. A garota que derrubou refrigerante nele no Festival de Verano. Assim como o jovem, ela estreitou o olhar com um ar de surpresa ao vê-lo novamente.

Com o ambiente mais iluminado, Heitor pôde notar melhor a aparência de Luna: a pele branca como neve, o rosto delicado e os cabelos compridos e escuros. Um pouco constrangida, ela tentou disfarçar fingindo pegar alguma coisa no estojo de estampa floral.

— Pessoal, esse é o Heitor Mendes, nosso novo aluno.

— Olá, Heitor! -os colegas o cumprimentaram em uníssono.

— Ele veio de... Onde você veio? -perguntou curioso, mas notou que o jovem estava olhando fixamente para algo. — Heitor?

— Ah... Eu sou de Monte Safira. -respondeu de um jeito desconcertado.

— É uma belíssima cidade. Mais uma vez, seja bem-vindo ao Colégio Veranense.

Heitor deu um singelo sorriso e o professor falou apontando para Luna.

— Pode se sentar atrás da Luna, a garota de pele clara e cabelo escuro.

Luna e Heitor ficaram um pouco tensos com isso, mas ele acabou obedecendo o professor. Alguns colegas tiraram a mochila para abrir passagem e Heitor se sentou na última carteira da fileira do meio. Decidiu não puxar assunto com a Luna, mas durante a explicação do professor ele sentiu o aroma doce que a jovem exalava. Realmente era um cheiro que combinava com ela.

Um tempo depois, quando a aula já estava terminando, o professor André fez a chamada. Heitor, um tanto quanto entediado, começou a desenhar aleatoriamente na última folha de seu caderno. No entanto, quando escutou o nome “Luna Bellini” e a garota que estava em sua frente responder, ele sentiu a tensão aumentar. Não era possível, será que ela era parente do homem que colocou seu pai na cadeia? Talvez Bellini fosse um sobrenome comum na cidade, mas mesmo assim...

Muitos pensamentos começaram a assombrar Heitor, mas conseguiu disfarçar o nervosismo usando o seu maior refúgio: o desenho. A próxima aula foi de Matemática e Heitor focou totalmente na explicação para não ficar pensando demais no assunto Bellini. Duas aulas depois, o sinal do intervalo tocou e rapidamente os alunos saíram da sala, inclusive Luna, que queria fugir daquela situação tensa o mais rápido possível.

Quando Heitor se retirou, percebeu que haviam muitos alunos indo em direção ao final do corredor à esquerda e outros alunos sentados e conversando em uma espaçosa área verde. O jovem estava se sentindo um pouco deslocado até que um colega de sala da mesma altura, de pele clara e cabelos castanhos e encaracolados veio puxar assunto com ele.

— E aí, cara? Meu nome é Caio, a gente estuda na mesma sala.

— Oi, Caio. Tô meio perdido por aqui.

— Se você tá procurando comida, o refeitório é ali. -ele apontou para o final do corredor. — Se você quer ficar de boa, ali é o melhor lugar. -apontou para a área verde.

— Ah eu tô afim de conhecer melhor o colégio, sabe? Ser o aluno novo não é fácil.

— Te entendo, mas, se você quiser, eu posso te mostrar o colégio.

Heitor concordou com a ideia e Caio foi apresentar algumas coisas do colégio, como banheiros, biblioteca e sala multimídia, para Heitor. No refeitório, Luna estava comendo um sanduíche, mas sua cabeça estava no aluno novo. Era muita coincidência eles caírem na mesma turma depois do incidente no festival. Carol notou que a amiga estava pensativa demais e perguntou preocupada.

— Tá tudo bem, amiga? Você tá estranha.

— Carol, você não vai acreditar no que aconteceu. Sabe aquele menino que eu derrubei refrigerante sem querer?

— Sei, aquele que você falou que nunca mais veria ele de novo e tudo mais.

— Ele tá estudando na mesma sala que eu.

Carol se engasgou com o suco que tomava e Luna deu leves tapas nas costas dela. Assim que se recuperou, ela disse.

— Meu Deus, isso só pode ser o destino!

— Pois é, o destino me sacaneando.

— Ah para com isso, Luna. Vai que rola alguma coisa entre vocês. -ela olhou para a amiga de forma maliciosa. — Qual o nome dele?

— Heitor. Heitor Mendes.

— Nome de príncipe troiano, adoro. Se não rolar nada, vocês podem ser bons amigos.

— Não sei se é uma boa ideia... Tive uma sensação estranha quando a gente se viu na sala.

— Talvez seja vergonha por lembrar que você derrubou refrigerante no menino.

— É sério, Carol. Foi como se... Algo ligasse a gente, sabe?

— Infelizmente não sei, mas tenta puxar um assunto com ele, certeza que você não vai sair machucada.

Luna acabou rindo do comentário de Carol e comentou.

— É uma pena que a gente não estuda na mesma sala, queria que você estivesse comigo pra ajudar nisso.

— Eu vou ajudar. De longe, mas eu vou.

A jovem riu novamente e ficou conversando sobre coisas aleatórias com Carol. Enquanto Luna estava no refeitório e Heitor no corredor do colégio, os dois pensavam uma coisa em comum: como eles poderiam conviver sendo que a tensão estava claramente presente entre eles?

***

Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo? O que acharam desse reencontro dos protagonistas? Como será que eles vão descobrir a verdade? Deem suas opiniões e obrigada por lerem o capítulo 💜

(Não) se apaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora