Capítulo 32

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Luna estava em seu quarto assistindo uma videoaula e revisando matéria para o vestibular até que escutou alguém bater na porta. Sem olhar para trás concentrada em fazer anotações, ela pediu para que a pessoa entrasse. Nesse momento, João Alberto entrou no quarto e perguntou.

– Está ocupada?

Luna parou o que estava fazendo. Mesmo um pouco hesitante sobre o assunto da conversa, ela respondeu.

– Só estou terminando de revisar uma matéria pro vestibular, mas pode falar.

– Tudo bem... -ele se sentou na cama e após longos segundos de silêncio ele falou um pouco tenso. – Eu queria falar sobre minhas atitudes nos últimos dias.

– É... O senhor mudou bastante por conta de uma coisa tão banal.

– Sua mãe me falou a mesma coisa -ele murmurou, mas Luna não entendeu.

– Como é?

– Nada... -ele suspirou e prosseguiu. – Eu sei que o que aconteceu no meu passado, não pode e não deve interferir no seu futuro, mas eu queria saber o que realmente está acontecendo entre você e o Heitor.

– Pai, estamos namorando, simples assim. Se a sua preocupação é se ele está me usando pra te atingir, pode ficar despreocupado. Eu gosto dele e ele gosta de mim.

– A minha preocupação, Luna, é que o Benício esteja envolvido nisso. Que Heitor esteja fingindo estar apaixonado porque o pai dele quer me atingir

Luna deu uma risada descrente e disse.

– Papai, isso é um absurdo. O Heitor nunca faria isso comigo, claro que quando nos conhecemos e soubemos da verdade nós tínhamos uma relação difícil, mas tudo mudou.

– Eu quero mesmo acreditar nisso, mas eu tenho medo, medo de que algo aconteça com você, que você saia magoada.

– Mas eu já estou magoada, papai, essas brigas entre você e o Benício, as suas atitudes diante disso me magoam. O senhor não era assim, sempre foi uma pessoa prudente.

João Alberto se sentiu impactado com as palavras da filha. Realmente diante de todas aquelas provocações entre ele e Benício, o egoísmo em relação ao sentimento de Luna também pairava.

– Tem razão, Luna, você tem toda razão. Eu vou tentar mudar, eu juro. Por você, pela relação que a gente tem, eu vou pensar em tudo o que estou fazendo. Além disso, está chegando a época de vestibulares, então não quero que você se estresse com isso.

– É uma atitude nobre, papai, mas isso tem que ser feito por você, pela relação de amizade que você tinha com o Benício, não só por mim.

– Luna...

– O senhor sente falta da amizade que tinha com o Benício?

Ele encarou a filha por longos segundos e ela aguardava ansiosa por uma resposta. No entanto, ele se levantou, deu um beijo na cabeça de Luna e falou.

– Vou deixar você estudar, tenha uma boa noite.

Mesmo sem entender a atitude do pai, assim que ele saiu do quarto, Luna voltou a fazer sua tarefa e, com um sorriso, disse para si mesma.

– Quem cala, consente.

***

(Não) se apaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora