(Não) se apaixone

Capítulo 29 - Parte 2

Na casa dos Mendes...

Assim como João Alberto, Benício ficou andando pela sala de estar pensando no que iria falar para Heitor, que estava apreensivo no sofá. Rebeca estava prestes a chegar em casa, então o homem decidiu esperar a esposa voltar do trabalho para poder dar o sermão no filho.

O silêncio deixava o ambiente ainda mais tenso e o jovem queria ler os pensamentos do pai. Benício estava decepcionado com ele, por ter escondido que estava namorando, ainda mais a filha de seu ex-amigo, o homem que o denunciou para a polícia. Com tantas garotas em Verano para Heitor se envolver, ele se envolve justo com Luna Bellini?

Minutos depois de uma tensão pairando no ar, Benício e Heitor escutaram o portão ser aberto e já prepararam para a entrada de Rebeca, que estava um tanto quanto cansada por conta do plantão, mas deu um singelo sorriso para eles.

— Olá, rapazes... -ela os cumprimentou, mas percebeu que algo estava errado e olhou para cada um. – O que houve?

Benício começou a se mexer de forma nervosa, apontou para Heitor e pediu de forma ríspida.

— Conta para a sua mãe.

O jovem deu um longo suspiro e revelou de um modo triste.

— Eu e o pai estávamos no supermercado e encontramos João Alberto e Luna... Eles estavam começando uma discussão e eu acabei dizendo que eu e Luna estávamos namorando.

— Viu só o que a ingratidão faz com a pessoa, Rebeca? A gente dá de tudo do bom e do melhor pro Heitor, damos outro voto de confiança e ainda assim ele esconde isso da gente!

— Eu já sabia disso faz um tempo, Benício. -Rebeca falou, se sentou ao lado do filho e olhou para a cara de choque do marido. – O que foi? Eu sou mãe dele, sabia que já tinha algo de errado.

— Mas... Mas como?! Por que eu fui o último a saber disso?!

— Eu ia te contar a verdade, pai, só me faltava coragem.

— Você foi muito corajoso em se envolver com a filha do Bellini, Heitor, não se preocupe. -ele respondeu de forma sarcástica.

— Que droga, Benício, pare de tratar o Heitor como se ele fosse um adulto de 30 anos. Ele é um jovem e jovens cometem erros, mesmo que isso envolva se apaixonar.

— A questão é que ele escondeu isso da gente, Rebeca, nós demos outro voto de confiança depois de tudo que Heitor omitiu e ainda assim ele omitiu mais coisas da gente.

— Você tá sabendo disso agora, não tá? Então pronto, agora nós temos que pensar em um jeito de acabar com essa rixa infantil.

— O jeito de acabar com essa “rixa infantil” é proibir o Heitor de namorar com a filha do Bellini, não quero que meu filho seja humilhado por aquela família.

Heitor estreitou o olhar com a fala de Benício e prontamente se levantou do sofá.

— Eu vou continuar com a Luna, não importa o que o senhor diga ou faça!

— Heitor, por favor... -Rebeca pegou a mão do filho com a intenção de acalmá-lo.

— Não, mãe, ele não tem o direito de decidir sobre o que eu tenho ou não que fazer.

— Mas você mora com a gente, eu e sua mãe fazemos as regras por aqui. -Benício rebateu.

— Eu não tô fazendo nada de errado, eu tô namorando uma garota, só isso.

— Que por acaso é filha do homem que me denunciou para a polícia.

— O senhor sabe que a culpa de ter ido para a cadeia não é só do Bellini.

Benício ficou surpreso com a resposta de Heitor e os dois ficaram se encarando por longos segundos até que Rebeca se levantou e falou com um tom cansado.

— Heitor, vá para o quarto, eu e seu pai vamos ter uma conversa.

— Mas eu quero partici...

— Heitor, me obedeça... -ela lhe deu um fraco sorriso, o que o fez baixar a guarda. – Vai lá, filho.

O jovem deu um longo suspiro e acabou obedecendo a mãe. Ele foi até o quarto, se sentou na cadeira em frente a escrivaninha e começou a desenhar. Ele costumava fazer isso para expelir todos os seus sentimentos, sejam bons ou ruins. Nos últimos dias, Luna tinha sido sua musa inspiradora, mas diante da situação ele queria fazer um retrato dos pais.

Enquanto estava focado na tarefa, o celular dele tocou e ele deu um singelo sorriso quando viu o nome Luna no visor, o que o fez atender imediatamente.

— Diga, amor de minha vida.

— Bobo... Tá tudo bem por aqui? -ela perguntou com um tom preocupado.

— Vai ficar... Meus pais estão conversando e eu tô aqui no quarto.

— Eu também, até quando isso vai durar, Heitor?

— Você quer dizer a rixa entre nossos pais? Eu não sei, querida, de verdade.

— Eles têm que entender que não somos crianças e não estamos fazendo nada de errado.

— Foi o que eu falei pro meu pai, mas parando pra pensar a gente escondeu isso deles, então é meio óbvio que eles ficariam desse jeito.

— É, pensando por esse lado faz sentido.

— Agora vamos ver o que vai acontecer, mas independente disso eu vou ficar com você, Luna. Você mudou minha vida de um jeito que eu não esperava, durante minha vida inteira criei um ódio do seu pai e de tudo que relacionava a ele, por isso que te tratei tão mal quando a gente se conheceu...

— Heitor, a gente já conversou sobre isso e já nos desculpa...

— Eu sei, mas só queria te falar que convivendo com você, mesmo que por causa de um castigo da diretora... -os dois riram com o comentário e ele continuou. – Isso me fez entender que o que aconteceu no passado dos nossos pais não deve interferir no nosso presente e no nosso futuro.

— Sim, eu concordo com você, por isso que eu também quero ficar com você, independente do que eles decidirem.

— Sentimento recíproco é outra coisa. -eles riram novamente e Heitor falou. – Tenho que desligar, tô terminando um desenho aqui.

— Tudo bem, depois a gente conversa.

— Combinado... Hey Luna.

— Diga.

— Eu te amo.

Luna sorriu e acabou respondendo.

— Eu também te amo, Heitor.

Eles se despediram e, assim que Heitor colocou o celular de volta no lugar, Rebeca abriu lentamente a porta do quarto. Eles olharam por alguns instantes e o receio do tom da conversa pairava a mente do jovem.

***

Oi gente bonita, tudo bem com vocês? A margarida está de volta! Gostaram do capítulo de hoje? O que acharam do posicionamento do Benício e da Rebeca? Como será que isso vai se desenrolar? Deem suas opiniões e obrigada por lerem o capítulo 💜