Heitor e Luna não contaram para os pais o que tinha acontecido para não levarem uma bronca daquelas e também para não trazerem de volta o incidente com Benício e João Alberto. No entanto, os jovens acabaram dizendo uma pequena parte da verdade, que ocorreria um projeto de três meses no colégio e que em alguns dias eles teriam que ficar até mais tarde no local. A verdade só foi dita para Caio e Carol, que ficaram surpresos com o “castigo” da diretora e lhe desejaram boa sorte.
Na quinta-feira, assim que todos os alunos foram embora, Heitor e Luna foram em direção à diretoria e encontraram Sônia saindo do local segurando uma folha e uma sacola esverdeada de plástico.
— Ah eu já ia procurar vocês. Irei mostrar onde o logo será desenhado.
Eles assentiram e acompanharam Sônia pelos corredores. Assim que chegaram na área verde, que ficava bem perto da sala dos dois, e pararam na frente de um muro branco, a diretoria comentou.
— Seria interessante o logo do colégio ficar aqui. -ela entregou para Heitor uma folha impressa com o símbolo. — Acha que ficará pronto até amanhã?
— Sim, não é muito difícil.
— Ótimo, quero que vocês dois trabalhem juntos nisso. -ela entregou a sacola para Luna e continuou. — Aqui estão lápis, réguas e outros materiais para o desenho. Caso terminem o desenho e já quiserem pintar, podem me avisar na minha sala. Estarei resolvendo algumas coisas do colégio, mas aparecerei por aqui algumas vezes para ver se está tudo certo.
Os jovens assentiram, Sônia pediu para se comportarem e se retirou do local. Assim que isso ocorreu, Heitor e Luna se entreolharam e ela comentou receosa.
— Eu não tenho o menor talento para desenho, então não sei no que eu posso ajudar.
— A diretora falou que temos que fazer isso juntos, então vamos fazer isso juntos. -ele respondeu de forma óbvia.
— Eu posso pelo menos te passar as coisas para o desenho?
Heitor deu um longo suspiro e disse indiferente.
— Por mim, tanto faz... Mas pintar você sabe, né?
— É claro que eu sei! Não precisa se preocupar porque não vou deixar você fazer todo o trabalho sozinho.
— Assim espero.
Ele ficou alguns minutos olhando para a folha, tentando criar uma noção de espaço para que o desenho tivesse um bom tamanho no muro. Após isso, Heitor se aproximou ainda mais do muro e Luna começou a entregar os materiais de desenho para ele. Com o passar do tempo, ela notou o quanto ele ficava focado quando estava desenhando, como se estivesse em outra dimensão. Mesmo ainda não aceitando muito bem a forma ríspida que ele a tratou no festival e na sala de aula, a jovem queria saber mais sobre ele.
— Bom, acho que temos que começar a tarefa que a diretora passou.
— Mas a gente já começou... -ele respondeu totalmente vidrado no desenho e esticou a mão em direção à ela. — Me dá outro lápis, por favor.
— A outra tarefa, Heitor. -ela disse entregando o material para ele. — A que a gente tem que se conhecer melhor.
Ele deu uma rápida e sarcástica risada e disse.
— Pra você comentar com o seu pai? Não, obrigado.
— Para a sua informação, meu pai nem sonha que eu tô estudando com você.
Heitor olhou de relance para Luna e confessou.
— O meu também não...
Luna notou o clima tenso que estava se formando e falou de forma prudente.
— Olha, Heitor, eu sei que nós dois não queríamos estar nessa situação, mas temos que fazer isso dar certo. Não é do meu feitio ficar discutindo com os outros, mas eu também não aceito grosseria.
— Eu nunca fui grosso com você! –ele retrucou.
— Tão jovem e já tem amnésia? Não lembra do que aconteceu no Festival de Verano? E na sala de aula?
— Mas você também esqueceu que aquilo aconteceu por sua causa. No festival, eu estava com muita vergonha do que tinha acontecido e queria sair dali o mais rápido possível, e na sala de aula... Bem, não precisa falar nada, né.
— É, pensando por esse lado... Mas no festival foi minha irmã mais velha que literalmente me empurrou para cima de você. Aquilo foi um acidente.
Heitor percebeu que Luna estava sendo sincera e falou no mesmo tom.
— Então nesse caso, me desculpe se fui grosso no festival, mas o que aconteceu na sala de aula não dá pra perdoar não.
— É, eu sei que errei... Sobre isso, eu quero fazer um trato com você. -ele a olhou atentamente e ela prosseguiu. — Eu não vou entrar no assunto dos nossos pais, a não ser que você queria falar sobre isso.
Ele ficou pensativo com a proposta de Luna e, por fim, respondeu.
— Tudo bem... Mas não vá pensando que nós dois vamos virar melhores amigos, só estou aceitando isso por causa do castigo da diretora.
— Ai você é inacreditável, sabia? Até uma criança é menos teimosa do que você!
— Eu estou sendo sincero, ou vai dizer que você quer virar minha amiga?
— Eu costumo escolher bem as minhas amizades, então não. Vamos fazer isso só por causa do castigo.
— Exato, espero que eu consiga sobreviver ao seu lado por três meses, Luna Bellini.
— Digo o mesmo, Heitor Mendes.
Apesar de algumas indiretas um para o outro, Heitor e Luna conseguiram finalizar a parte do desenho. Justamente quando estava tudo pronto, a diretora apareceu e disse orgulhosa.
— Foi mais rápido do que eu pensava. Vocês trabalham juntos, certo?
— Sim, diretora! –eles responderam em uníssono.
— Ótimo! Então, vocês estão liberados para irem para casa, não esqueçam que amanhã haverá a pintura.
Os jovens assentiram, pegaram suas mochilas e foram em direção à saída do colégio. Quando chegaram no portão, eles se olharam e Luna perguntou.
— É... Você vai para lá? -ela apontou para o lado esquerdo.
— Não, o ponto de ônibus que eu fico é do outro lado. Você não vai para a casa de ônibus?
— Não, eu teria que pegar dois ônibus pra voltar pra casa, então geralmente eu volto de táxi, isso quando a minha mãe não me busca.
— Você não pediu para sua mãe te buscar hoje por minha causa, não é?
— Isso é que dá você ser parecido com o seu pai. –ela notou que a feição de Heitor mudou e se corrigiu. — Eu quis dizer da aparência.
— Ah... Como sabe que eu sou parecido fisicamente com o meu pai?
Luna não quis comentar sobre a foto de Benício e João Alberto que encontrou enquanto ajudava sua mãe, então acabou mentindo.
— Geralmente os meninos se parecem com os pais, não é?
— É, faz sentido... Bom, eu tenho que ir, não quero perder o ônibus. Até amanhã, Bellini!
Ele saiu rapidamente e não deu tempo de Luna também despedir. No entanto, quando ela o observou ir para o fim do quarteirão, a jovem disse para si mesma.
— Até amanhã, Mendes.
***
Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo? O que acharam dessa interação mais... intensa dos protagonistas? Será que eles vão se entender por conta do trabalho? Deem suas opiniões e obrigada por lerem o capítulo 💜
OBS.: Hoje tem capítulo duplo, então espero que aproveitem 😊
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(Não) se apaixone
Teen FictionEm um festival, Luna Bellini e Heitor Mendes se conhecem de uma forma não muito amigável. No entanto, ao descobrirem que vão estudar na mesma turma e terão que fazer um trabalho juntos, eles sentem suas vidas mudarem de cabeça para baixo. Tudo por c...