Capítulo 17

126 17 2
                                    

Depois de anos e, para a infelicidade de Luna e Heitor, João Alberto e Benício se reencontraram. Ninguém sabia o que fazer naquela situação, isso se aplicava aos pais e aos filhos também. No fim, o pai de Heitor acabou perguntando ao ex-amigo.

— O que você tá fazendo aqui?

— O que você tá fazendo aqui? Eu pensei que ainda estivesse...

— Na cadeia? Não, já saí de lá faz tempo, não devo mais nada à justiça.

— Eu ia falar de Monte Safira, mas se a carapuça lhe serviu... Agora se me dê licença, tenho uma reunião de pais para ir.

— Você acha que estou aqui à toa, João Alberto? -Benício respondeu impaciente. — Eu também vim para a reunião de pais.

João Alberto notou que Heitor estava atrás de Benício e apontou para o jovem.

— Hey! Você estava na minha casa dias atrás!

Completamente transtornado, Benício se voltou para Heitor e indagou para o filho.

— Como é que é?!

— Eu sabia... Eu sabia que seu rosto era familiar! -João Alberto negou com a cabeça, não acreditando que o filho do ex-amigo esteve em sua casa com sua filha.

— Heitor, você vai me explicar essa história agora! Por que você estava na casa desse homem?

O jovem estava prestes a responder, mas notou que o pai também reconheceu Luna, que estava pálida diante da situação.

— Você... Você esteve na minha quitanda...

João Alberto estreitou o olhar para Luna e descrente com a revelação do homem. Atônito, Benício acabou perguntando à jovem.

— Por que você estava lá? Foi de bode expiatório?

— Não, não, claro que não! -ela se justificou desesperada.

— E o que o seu filho foi fazer na minha casa?! -João Alberto perguntou irritado.

— Eu pergunto a mesma coisa! -Benício respondeu com o mesmo tom e voltou a olhar para Heitor, esperando uma resposta. – Anda Heitor, fala logo!

O jovem engoliu seco, olhou de relance para Luna e respondeu.

— Eu e ela estudamos na mesma sala. Nós dois sabemos de tudo sobre o passado de vocês.

João Alberto e Benício se encararam de forma estática. Nunca eles poderiam imaginar que o destino faria com que seus filhos fossem colegas de escola. Ainda confuso com a notícia, o pai de Luna perguntou.

— E o tal projeto que a diretora criou? Vocês têm participação nisso? Por isso estão se encontrando fora do colé...

— Na verdade, foi um castigo que ela aplicou para nós dois. -Luna interrompeu o pai. – Umas semanas atrás, eu e Heitor discutimos durante uma aula e a diretora fez com que nós dois fizéssemos todos os trabalhos do colégio juntos.

— Aposto que foi seu filho começou essa discussão. -João Alberto encarou Heitor e Benício se exaltou.

— Escuta aqui, você não tem o direito de falar assim com o meu filho!

— A culpa foi minha! -Luna revelou com um tom alto para que a situação não piorasse. – Eu tinha acabado de descobrir a verdade sobre o passado de vocês e perguntei sobre isso para o Heitor, mas ele não quis entrar no assunto. No fim, nós dois acabamos discutindo e indo para na diretoria.

O pai da jovem olhou de forma negativa para ela e disse.

— Eu estou muito decepcionado com você, a gente vai ter uma conversa muito séria quando chegarmos em casa.

— Mas papai, a gente...

— Não me interessa, Luna! Vá direto para o corredor da sua sala e me espera lá!

Entristecida, Luna olhou para Heitor e obedeceu ao pai. Assim que ela saiu do campo de visão de João Alberto, ele se aproximou de Benício e disse de forma ameaçadora.

— Eu só não vou prolongar essa discussão porque estou no colégio da minha filha, mas eu vou fazer de tudo pra ela ficar bem longe do seu filho.

— Eu digo o mesmo, João Alberto... Seu traidor.

— Quem fazia coisas ilegais não era eu, Benício.

O homem tentou avançar em João Alberto, mas Heitor o segurou a tempo. Enquanto o filho o afastava, Benício gritou para que o ex-amigo ficasse longe de sua família. Haviam poucas pessoas no local, mas todas viram a confusão. Assim que Benício e Heitor foram embora, João Alberto deu um longo e pesado suspiro e foi em direção onde Luna estava.

Possesso com a situação, Benício foi junto com Heitor em direção ao carro e, quando eles entraram no veículo, o homem começou a falar.

— Quem aquele desgraçado pensa que é pra falar assim comigo? Se a gente não tivesse naquele colégio, eu sentaria o meu braço nele!

— Pai, o senhor não pode dirigir nesse estado. -Heitor o aconselhou, mas isso só o deixou ainda mais irritado.

— Você fica quieto também, Heitor, você tem muita coisa pra me explicar! -ele deu partida no carro e continuou falando. – Eu só não ligo para a sua mãe porque ela tá no trabalho, mas pode ter certeza de que você vai ter que se explicar pra ela também.

Os dois saíram do quarteirão rumo à casa dele e Benício disse nervoso.

— Com tanta pessoa pro meu filho estudar, ele vai estudar justo com a filha do homem que me denunciou pra polícia... Só pode ser um castigo mesmo. -ele olhou para Heitor, que estava roendo as unhas, e falou impaciente. – Pode parar de roer as unhas e me explicar essa história de que você tava na casa do João Alberto.

— Eu fui estudar com a filha dele naquela sexta que não tivemos aula, só que quando eu cheguei na casa dela, vi que ela estava doente e fui cuidar dela.

— Pelo amor de deus, você é médico agora? Cadê o seu CRM?

— Eu não podia deixar ela daquele jeito, pai!

— Não interessa, Heitor, você foi para um campo minado e escondeu isso de mim e da sua mãe.

— Eu sei que fui para um campo minado, mas eu não podia deixar a Luna na mão. Ela precisava de ajuda na matéria e o senhor sempre me disse que devemos ajudar as pessoas.

— Não tenta inverter o lado não porque você ainda é o errado da história, eu e sua mãe não criamos um mentiroso.

— E o senhor ia deixar que eu fosse para a casa do Bellini?

Benício entreolhou Heitor, deu um longo suspiro e acabou não respondendo o filho. Eram tantos sentimentos que ele estava tendo naquele momento, mas o principal deles era a raiva: por ter reencontrado a pessoa que o denunciou para a polícia; pelo filho ter mentido para ele; e também por ter decidido voltar para Verano, mesmo sabendo que uma hora ou outra encararia de novo o seu passado.

***

Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo de hoje? O que acharam desse reencontro entre João Alberto e Benício? Como acham que isso vai afetar Luna e Heitor? Deem suas opiniões e obrigada por lerem esse capítulo!

OBS.: eu gostaria também de agradecer o 1K de visualizações dessa história, vocês são demais 💜

(Não) se apaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora