Capítulo 8

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No domingo, Heitor e Rebeca estavam em frente à nova quitanda do bairro, na qual Benício era o dono. O homem tinha feito um singelo, mas emocionante, discurso para vários moradores que estavam no local. Quando ele abriu oficialmente o estabelecimento, todos bateram palmas.

As pessoas entraram no lugar, inclusive Heitor, que ficou feliz com o resultado. Era uma quitanda não muito grande, mas bem-organizada com algumas prateleiras de frutas, legumes e verduras. Heitor tinha conseguido todos os produtos por meio de um primo agricultor que morava na área rural de Verano e estava muito feliz por essa nova realização.

Um bom tempo se passou, Benício estava atendendo alguns clientes junto com dois funcionários que tinha contratado, e Heitor decidiu ajudar colocando as compras nas sacolas. Assim que o movimento estava mais tranquilo, pai e filho estavam fora do estabelecimento bebendo um refrigerante.

Heitor notou o olhar pensativo de Benício e perguntou curioso.

— Está pensando no quê?

— No que eu consegui construir depois de tudo que passamos. -ele olhou para o filho e continuou. – Nada seria possível se eu não tivesse o seu apoio e o da sua mãe.

Os dois observaram Rebeca conversar animadamente com duas mulheres e o jovem disse.

— Mas não se esqueça que isso também aconteceu por mérito próprio.

— Há coisas na vida, Heitor, que temos que reconhecer o trabalho dos outros também, ainda mais os que sempre nos apoiam. Não dá para ser individualista o tempo todo.

— É... Faz sentido... Bom, se você precisar de alguma ajuda na quitanda, estou aqui.

— Nada disso, você é meu filho, não meu funcionário. Contratei o Marcos e o Pedro justamente para você não precisar vir para cá me ajudar. Estudos em primeiro lugar, não se esqueça disso.

Eles fizeram um brinde com as garrafas e continuaram bebendo o refrigerante.

— Aliás, como tá no colégio?

— Tá tudo bem. -ele respondeu rapidamente para não se prolongar no assunto.

— Só isso? E o projeto que você participou na quinta e na sexta?

— Bom, esse projeto vai durar uns três meses, mas vai ser bom pra mim.

— Por que diz isso?

“Para tentar superar o passado da nossa família”, ele pensou em responder, mas apenas disse.

— Para me dar bem com o pessoal do colégio. Aluno novo, sabe como é...

— Eu imagino que você deva se sentir um peixe fora d’água, mas eu estudei no Colégio Veranense e sobrevivi.

Heitor acabou rindo do comentário do pai, que continuou.

— Mesmo assim, qualquer problema que você esteja passando no colégio, pode me falar.

— Mas você tem a quitan...

— Heitor, o mundo pode estar acabando, mas a primeira coisa que eu vou querer saber é como você e sua mãe estão. A quitanda pode até me demandar tempo, mas eu vou continuar sendo o seu pai e vou continuar me preocupando com você.

O jovem se comoveu com as palavras de Benício e eles se abraçaram. Após isso, eles continuaram conversando até que Heitor sentiu seu celular vibrar, avisando de uma notificação. Era o relatório que Luna tinha enviado sobre o primeiro trabalho que fizeram juntos. Ele aproveitou que o pai tinha começado a atender uma senhora para ler o que ela tinha escrito.

No fundo, ele pensava que a jovem tinha escrito alguma coisa contra ele, mas se surpreendeu. O relatório estava muito bom e Luna ressaltou o belo trabalho em dupla que eles fizeram. Já era a segunda vez que ele estava orgulhoso dela. Por fim, ele respondeu com um simples “Mandou bem, Bellini :)” e foi ajudar o pai.

***

“Mandou bem, Bellini :)”

Luna até pensaria que Heitor estava irônico, mas uma carinha feliz não é sinônimo de ironia, então ela ficou surpresa com isso. Enquanto o seu pai pegava um sorvete, ela aproveitou para enviar rapidamente o relatório para a diretora.

Assim que isso foi feito, João Alberto chegou com um belo sorvete de menta com chocolate, o sabor favorito da jovem, e também um de flocos para ele. Ela agradeceu o pai e eles ficaram andando pelo parque de Verano, onde haviam várias crianças brincando e algumas pessoas andando de bicicleta ou com o cachorro.

— Faz tanto tempo que não saímos juntos, papai.

— Verdade, minha filha, mas consegui antecipar a correção das atividades, então cá estamos nós.

— Muito trabalho na escola?

— Sempre, mas também é ótimo ter um tempo com a família.

Luna sorriu com o comentário com o pai e eles continuaram caminhando sob o clima fresco. Vivian tinha ficado em casa para descansar um pouco por conta da exaustiva semana e Dalila saiu com alguns colegas da faculdade, por isso a jovem e o pai decidiram sair juntos.

— Como está o colégio?

— Ah tudo certo. -ela respondeu, omitindo a sua questão com Heitor.

— E o projeto do colégio?

— Tudo certo também, pena que vai durar três meses. Não sei se vou sobreviver.

— Você é uma aluna aplicada, Luna, tenho que certeza que você vai sobreviver sim. É aquele projeto que os alunos apresentam o resultado para os pais?

— Não, não... É uma coisa mais interna mesmo, como estamos no terceiro ano, a diretora decidiu fazer isso.

— Entendi, mas é muito bom esse tipo de projeto para trabalhar em equipe, entender a opinião de cada um.

— Mas e essa opinião for diferente da minha?

— Se não desrespeita uma pessoa, então cabe a você entender. Parece difícil, mas imagina se todo mundo tivesse a mesma opinião?

— O mundo seria bem chato.

— Exatamente. Às vezes essa pessoa que tem uma opinião diferente da sua, pode ter algo em comum com você. Eu e sua mãe, por exemplo. Ela não gosta de nada que envolva cálculos, já eu sou professor de Matemática, mas nós dois gostamos de ir ao cinema.

— Verdade... Não tinha parado para pensar nisso.

— Viu? Não é tão difícil assim... Mas se você tiver algum problema no colégio, pode me contar.

— Pode deixar, papai.

Luna e João Alberto passaram do lado de um pequeno espaço para aluguel de bicicletas, em especial para as crianças que estavam aprendendo a andar no veículo. A jovem olhou rapidamente para lá e, enquanto tentava prestar atenção no pai, estava pensando na próxima tarefa que fará com Heitor.

***

Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo de hoje? O que acham da relação de Luna e Heitor com seus pais? Qual será que a próxima tarefa que eles farão juntos? Deem suas opiniões e obrigada por lerem esse capítulo 💜

(Não) se apaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora