(Não) se apaixone

Capítulo 10

Alguns dias se passaram de maneira entediante, mas no colégio Heitor e Luna tiveram que fazer diversos trabalhos juntos e isso fez com que eles não precisassem fazer algo juntos no final de semana.

A quitanda de Benício estava indo muito bem e, em uma noite, ele estava voltando para casa e viu o filho ensinar um menino do bairro a andar de bicicleta. Isso o surpreendeu de certa forma porque não sabia que o jovem tinha aprendido a andar de bicicleta, mas acabou não entrando no assunto por conta do cansaço.

A relação dos Bellini estava amistosa como sempre. A família chegou a fazer alguns passeios juntos e Dalila sentia que Luna estava escondendo algo porque a mesma estava focada demais no colégio e revisava alguns relatórios do colégio até tarde da noite. No entanto, ela acabou deixando para lá, pois sabia que a irmã caçula sempre foi empenhada nos estudos.

Em uma manhã de quarta-feira, Heitor estava sentado na área verde do colégio. Ele aproveitou que Caio foi pegar para eles comerem e começou a desenhar na caderneta que sempre carregava consigo. De longe, o jovem avistou Luna conversando com Carol, mas decidiu focar ainda mais no seu desenho.

— Que milagre eles estarem dando sanduíche de peito de peru. -Caio comentou abruptamente por detrás de Heitor, que fechou rapidamente a caderneta, entregou um sanduíche para ele e se sentou na frente do amigo. – Tô morrendo de fome.

— Quando é que você não tá, hein? -ele comentou tirava o papel-filme que estava embrulhado na comida.

— Engraçadinho... -Caio respondeu com a boca cheia. – Tava desenhando? -ele fez um gesto com a cabeça em direção à caderneta.

— Como sempre...

De repente, Caio pegou a caderneta que estava perto de Heitor, deixando-o desesperado. O amigo tentou o acalmar, dizendo que apenas queria dar uma olhada nos desenhos, mas não adiantou muito. Caio folheou rapidamente algumas páginas, mas uma em especial o fez parar. Heitor engoliu seco com o olhar estático dele, que olhou de relance para onde Luna estava, e perguntou confuso.

— Cara... Você tava fazendo um retrato da Luna?

— Fala baixo. -ele disse desesperado, arrancou a caderneta das mãos de Caio e acabou mentindo. – Foi ela que me pediu para fazer um desenho dela.

— Mas por que ela pediria pra você fazer um desenho dela?

— Eu sei lá, ela só pediu e decidi fazer por boa vontade.

— Hum sei... -ele disse desconfiado. – E como tá o seu projeto com ela?

— Tá indo bem, mas às vezes a gente finge que se dá bem só pra diretora não ficar encrencando.

— Mas pra ela ter te pedido um desenho, não é só fingimento.

— Ah cala a boca, você nem sabe o que tá falando. -Heitor respondeu com um tom brincalhão, mas estava torcendo para que o assunto mudasse logo.

Enquanto eles conversavam, Luna estava falando com Carol sobre a nova série que estava assistindo até que a mesma fala com um tom baixo.

— Amiga, disfarça... O Heitor tava te olhando agora pouco.

— O quê? -ela olhou rapidamente para ele, que estava comendo um sanduíche. – Claro que não, Carol, você deve tá viajando.

— Eu sei o que eu vi e o que eu vi foi o Heitor Mendes te olhando e fazendo alguma coisa no caderninho dele.

Luna pegou o suco que a amiga estava bebendo, o cheirou e perguntou.

— O que será que estão dando nesse suco, hein?