Heitor estava em seu quarto, focado no desenho que estava fazendo. Com a saudade que estava sentindo de Luna, decidiu fazer um retrato dela para suprir esse sentimento tão negativo. Ele ficou se recordando dos momentos que passaram juntos, em especial o dia que a ensinou a desenhar. Heitor tinha inventado uma desculpa qualquer para Luna só para passar mais tempo com ela e, de certo modo, deu certo. O desenho que a jovem tinha feito não ficou dos melhores, mas para ele valeu cada segundo ao lado dela.
Em meio aos seus pensamentos, uma leve batida na porta chamou sua atenção e ele rapidamente fechou seu caderno de desenhos. Mesmo percebendo que era apenas sua mãe, Heitor ficou receoso em ela descobrir quem ele estava desenhando.
— Atrapalho? — Rebeca perguntou com um singelo sorriso.
— Não, claro que não. Precisa de alguma coisa?
— Na verdade sim. — ela disse já entrando lentamente no quarto. – Precisamos conversar.
Quando ela se sentou na cama, ele arrumou sua postura e prestou atenção no que a mãe tinha para falar.
— Eu sei que já faz um tempo que eu e seu pai tiramos seu celular e seu notebook, percebemos que você mudou bastante em relação à isso.
— Isso é bom ou ruim?
— Ótimo, na verdade. — ela colocou a mão no bolso da calça e tirou o celular de Heitor. – Tanto que decidimos devolver isso, com a condição de que você nunca mais vai esconder nada da gente. Você promete?
— Prometo, mãe.
Rebeca entregou o celular para Heitor, que a abraçou e afagou suas costas. Mesmo prometendo à ela que não omitiria mais nada, o jovem não sentia confiança o suficiente para contar à mãe que estava apaixonado por Luna e que eles até se beijaram. Assim que se separaram do abraço, ela acabou perguntando.
— Heitor, nesse tempo que você e a filha do Bellini estiveram juntos no castigo, algo mudou dentro de você?
— A senhora disse no sentido...
— Sobre o que aconteceu entre o seu pai e o João Alberto.
— Bom, pra ser sincero, meu pensamento mudou sim. Eu era uma pessoa muito rancorosa e um tanto quanto impaciente com a Luna, mas percebi que não fazia trata— la daquela forma porque ela não tinha nada a ver com o que aconteceu... É uma pena que o papai e o João Alberto não pensem da mesma forma.
— Eles estão muito ressentidos com a forma que eles descobriram a verdade sobre você e a Luna, mas é algo que não sabemos como vai acabar.
Heitor assentiu e Rebeca, estranhando o jeito calado do filho, questionou.
— Mais alguma coisa mudou entre você e a Luna?
— Como assim?
— Eu não sou boba, Heitor, vocês dois são jovens e tiveram que fazer um trabalho juntos... Bem lá no fundo, vocês não queriam algo a mais?
— Claro que não, mãe, a gente tava focado no trabalho, só isso. Com tudo que tá acontecendo, eu sei que não tem como rolar nada.
— Mas se não tivesse esse problema, você ficaria com ela?
O jovem engoliu seco e Rebeca conseguiu tirar suas próprias conclusões com o nervosismo do filho. Ela se levantou da cama e, antes que pudesse sair do quarto, aconselhou.
— Dê um tempo nisso, meu filho, vocês estão no meio de um furacão, não piorem a situação.
Mesmo contraído com o conselho da mãe, Heitor novamente assentiu e Rebeca saiu do quarto. O jovem abriu o caderno de desenhos, olhou por um bom tempo o retrato de Luna e ficou pensando na conversa que teve com Rebeca. Heitor não queria esconder que estava apaixonado por Luna, mas também não queria piorar a situação entre as duas famílias. O que o jovem poderia fazer diante daquilo?
***
Luna estava com sua família em um restaurante de comida mexicana e apenas escutando a conversa entre seus pais e sua irmã enquanto os pedidos não chegavam. O clima estava agradável e, como o sábado estava entediante, a família decidiu ir ao local passar um tempo juntos. No entanto, naquele instante, a jovem estava se sentindo um pouco deslocada e fazia algumas dobraduras nos guardanapos para ver se conseguia se distrair.
— Está tudo bem, meu amor? — Vivian perguntou e todos na mesa olharam para Luna.
— Sim, só estou com fome. — ela deu um fraco sorriso e continuou fazendo as dobraduras.
— Já sei de algo que vai animar você. — João Alberto comentou e entregou à Luna o celular dela. – Você está liberada do seu castigo.
— Isso é sério? Obrigada, papai! — ela exclamou animada.
— Você tem se comportado, então nada mais justo do que devolver o seu celular.
— Mas você não pode esconder mais da gente, entendeu? — Vivian continuou.
— Entendi, não vou mais fazer isso.
A jovem abraçou a mãe e olhou rapidamente para Dalila, que lhe deu um sorriso cúmplice. A família voltou a conversar sobre assuntos aleatórios até que Heitor junto com seus pais entrou no restaurante. Luna ficou um pouco tensa com o que podia acontecer, João Alberto percebeu isso e olhou para trás.
— Ah não... — ele se virou para Vivian e disse colocando o guardanapo em cima da mesa. – Vamos embora.
— Está louco, João Alberto? Nosso pedido nem chegou.
— Você viu quem acabou de chegar, Vivian?
— Eu vi, e é melhor você se controlar em relação à isso.
João Alberto deu um longo suspiro e acabou concordando com a esposa em respeito à todos que estavam no local. No entanto, o nervosismo assolou em seu corpo quando a família de Benício se sentou em uma mesa ao lado deles.
— Impossível esse homem se sentar justamente ao nosso lado. — ele murmurou.
— Era a única mesa disponível, papai. — Dalila respondeu com um tom baixo.
As famílias se entreolharam por um momento com um clima de tensão pairando no ar. No fundo, Luna e Heitor estavam felizes em se encontrarem fora do colégio, mas ao mesmo tempo se sentindo péssimos por estarem naquela situação tão constrangedora. Quando o pedido da família Bellini chegou, os Mendes fizeram o pedido com o mesmo garçom. Após ele se retirar, João Alberto comentou com o intuito de provocar Benício.
— Esse lugar foi mais bem frequentado.
Vivian, Luna e Dalila olharam para ele querendo entender o porquê de ele estar agindo daquela forma. Após alguns segundos de silêncio, Benício respondeu no mesmo tom.
— Se estou aqui, então estou no mesmo nível que você.
— Esqueci que você faz piadas de péssimo gosto, Benício. — ele se virou para o antigo amigo e continuou. – Que eu saiba, quem esteve na cadeia foi você.
— Muito obrigado por se preocupar com o meu passado mais do que eu mesmo, João Alberto. Você é um ótimo amigo.
— Benício, já chega de provocações. — Rebeca o repreendeu e se voltou para a família Bellini. – Não sabíamos que vocês estavam aqui, mas se estivermos incomodando...
— Vocês não estão incomodando em nada, Rebeca. — Vivian respondeu compreensiva e entreolhou o marido. – O problema são certas pessoas que precisam aprender a se comportar em público.
Com isso, as famílias ficaram em silêncio por um tempo até que Heitor e Luna puxaram assunto nas mesas para não deixarem o clima mais tenso. Eles até chegaram a se olharem de relance e sorrirem singelamente um para outro enquanto as outras pessoas estavam distraídas. Em dado momento, depois que o jovem tinha comido alguns tacos, ele se levantou avisando que iria ao banheiro. Entendendo a intenção por detrás daquela saída, Luna também se levantou da mesa e inventou uma desculpa qualquer para ir atrás dele.
Atravessando o corredor do restaurante que dava aos banheiros, Luna encontrou Heitor encostado na parede e os dois sorriram quando viram um ao outro. Eles trocaram um breve selinho e ele comentou.
— Mais uma vez, o destino fazendo os nossos pais se reencontrarem.
— Pois é, tá um clima tão tenso que eu quero ir embora logo.
— Somos dois, é incrível como nossos pais conseguem ser mais infantis do que a gente.
— Vai entender os adultos...
Os dois acabaram rindo com o comentário de Luna e aproximaram os seus rostos cada vez. Eles deram um leve e lento beijo, querendo aproveitar cada segundo daquele rápido momento que teriam juntos. Como tinham acabado de comer comida mexicana, o hálito de ambos estava quente e levemente apimentado, mas era algo que não os incomodava. O importante era estarem ali juntos, como um só.
Quando o fôlego acabou, Luna e Heitor encostaram suas testas e sorriram extasiados. Ele colocou levemente uma mecha do cabelo da jovem por detrás da orelha dela e, antes que pudessem falar alguma coisa, a voz em uníssono de duas mulheres chamou a atenção deles.
— O que está acontecendo aqui?!
Luna e Heitor sentiram os corpos gelarem ao encontrarem Vivian e Rebeca completamente chocadas com o que acabaram de ver. A questão que rondava a mente dos jovens era “Como eles iriam explicar para suas mães aquela estranha situação?”***
Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo de hoje? Acharam dessa conversa do Heitor com a Rebeca? E as famílias se encontrando no restaurante? Como Vivian e Rebeca vão agir com esse flagra dos filhos? Deem suas opiniões e muito obrigada por lerem esse capítulo 💜
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(Não) se apaixone
Teen FictionEm um festival, Luna Bellini e Heitor Mendes se conhecem de uma forma não muito amigável. No entanto, ao descobrirem que vão estudar na mesma turma e terão que fazer um trabalho juntos, eles sentem suas vidas mudarem de cabeça para baixo. Tudo por c...