O dia de Luna e Heitor estudarem juntos tinha chegado, no entanto, naquela manhã, a jovem não estava se sentindo nada bem. Fazia meia hora que ela estava no banheiro vomitando tudo que tinha comido na noite passada.
Provavelmente tinha sido o sanduíche de salame que ela guardou para comer mais tarde enquanto todos estavam dormindo, mas naquele momento aquilo não importava. O enjoo e a dor de estômago assolavam o seu corpo.
A jovem pensou que estava sozinha, já que seus pais saem bem cedo para trabalhar e naquela hora Dalila deveria estar na faculdade, mas a feição preocupada de sua irmã na porta a assustou.
— Meu deus, Luna, o que aconteceu? -ela a levantou cuidadosamente, deu descarga e lavou o rosto da irmã.
— Ai eu não sei, Lila. -ela respondeu com a voz rouca. — Acho que comi algo que não me fez bem.
— Você acha? Eu tenho certeza! Vai tomar um banho porque eu vou ligar pra mamãe e pro papai.
— Não não, não precisa fazer isso, por favor. Eu não quero preocupar eles.
— Mas você tá doente, pode ser uma coisa grave!
— Depois que eu sou a exagerada... É só uma intoxicação alimentar, já vai passar. -ela lavou mais uma vez o rosto e disse. – Você não deveria estar na faculdade?
— O professor da primeira aula faltou e esqueci um pen-drive que eu ia usar na outra aula, mas não importa, eu vou cuidar de você.
— Eu já disse que não precisa se preocupar, Lila, de verdade.
Luna olhou para a irmã com um olhar suplicante, enquanto Dalila estava um tanto quanto tensa com a situação. Após alguns segundos de silêncio, Dalila suspirou e disse.
— Vai tomar um banho que eu vou fazer um café-da-manhã leve pra você, não dá pra ficar de estômago vazio.
A jovem deu um fraco sorriso para Dalila e a obedeceu. Minutos depois, Luna já estava no quarto tomando um suco de laranja e comendo uma torrada que a irmã preparou. O enjoo já tinha passado aos poucos, mas a dor de estômago ainda persistia, então Dalila deu para a irmã um remédio para ajudar disso.
De repente a campainha tocou e Dalila foi atender. Assim que a irmã saiu do quarto, Luna se lembrou que não tinha avisado Heitor que estava doente e provavelmente era ele quem estava na porta.
No andar de baixo, Dalila abriu a porta e viu que Heitor estava lá. Ela o reconheceu por conta do Festival, mas acabou perguntando.
— Pois não?
— Oi, eu sou o Heitor, colega da Luna. -ele respondeu um pouco nervoso. — A gente tinha combinado de estudar juntos.
— Ah... Então, ela não tá se sentindo muito bem...
— O que aconteceu? -ele perguntou preocupado.
— Ela comeu algo que não fez bem e acordou vomitando... Pior que meus pais não estão aqui e ela pediu para não avisar eles.
— Eu posso vê-la?
Dalila estranhou o pedido do rapaz, mas acabou deixando-o entrar. Eles foram até o andar de cima e, quando chegaram até o quarto de Luna, a jovem estava deitada na cama tossindo um pouco.
— Heitor, me desculpa não ter avisado... -ela disse com uma voz um pouco fraca.
— Sem problemas. -ele se aproximou rapidamente dela e colocou a mão em sua testa. – Você tá se sentindo bem?
— Mais ou menos. Acordei vomitando, mas já passou. Agora eu tô com um pouco de dor de estômago e me sinto meio fraca.
— Você comeu alguma coisa?
— Acabei de comer uma torrada junto com suco de laranja.
— Ótimo... Com febre você não tá. -ele se virou para Dalila e perguntou. – Você tem soro fisiológico em pó?
— Eu acho que sim.
— Se você encontrar, pega um copo de água mineral e dilui junto com o soro, por favor. Aproveita e pega alguma fruta pra Luna comer.
— Beleza, eu já volto.
Dalila saiu do quarto e Luna olhou surpresa com Heitor.
— O que foi isso?
— Isso o quê?
— O lance do soro em pó.
— Minha mãe é enfermeira e já tive intoxicação alimentar, então eu sei de algumas coisas. Essa sua fraqueza pode ser desidratação, por isso o lance do soro em pó.
— Ah... Heitor, você não precisa se preocupar, a Lila pode cuidar de mim.
— Eu sei disso, mas é sempre bom ter uma ajuda a mais.
Eles se olharam por um tempo até que ela perguntou curiosa.
— Por que essa preocupação toda comigo?
— Porque você tá doente. -ele respondeu com um tom óbvio.
— Para de graça, Heitor, não tem por que você estar aqui. Se você tá fazendo só por conta do traba...
— Luna... -ele se sentou cuidadosamente na cama e continuou. – Eu tô fazendo isso porque eu quero... Porque eu me importo com você.
O fato de, pela primeira vez, Heitor ter a chamado pelo primeiro nome nem surpreendeu tanto Luna, mas sim o que ele disse depois. Mesmo com a convivência fazendo os dois mudarem os seus conceitos um sobre o outro, aquilo era algo improvável para Luna. No meio desse clima desconcertante, Dalila voltou com o soro diluído no copo d’água e uma maçã.
Ela entregou para a irmã, que tomou a bebida e depois comeu a maçã. Dalila se retirou do quarto para fazer algumas coisas da faculdade, deixando novamente Luna e Heitor sozinhos. Tentando ignorar o que ele disse anteriormente, ela comentou.
— Acho que estou pronta para a gente estudar.
— Perdeu o juízo? Você ainda tá doente.
— Mas eu não tenho nada para fazer, Heitor.
Ele olhou para o notebook que estava em cima da escrivaninha e sugeriu.
— Já que você tem que ficar de cama, mas tem que estudar para a prova, então vamos assistir um documentário que fala sobre genética.
Luna concordou com a ideia de Heitor, então ele pegou o notebook e colocou no colo dela. Para ficar mais confortável, ela permitiu que ele se deitasse ao lado dela. Enquanto assistiam o documentário, Heitor olhou para Luna diversas vezes e se encantou com a forma que ela estava focada em entender o assunto. Quem diria que eles ficariam tão próximos por conta de uma matéria...
Um tempo depois, Dalila voltou ao quarto trazendo dois pratos de sopa de legumes. Um para Luna, que estava doente, e outro para Heitor, que era convidado e não podia ficar com fome. Ela ficou surpresa ao ver os dois tão próximos fisicamente, mas não disse para não constranger a irmã.
Assim que terminaram de almoçar e de assistir o documentário, Luna disse.
— Achei o documentário fantástico, deu pra entender bastante coisa.
— Que bom que você gostou... Já tá se sentindo melhor?
— Sim, o soro fisiológico e a sopa da minha irmã ajudaram muito.
Os dois acabaram rindo e, de repente, João Alberto entrou no quarto da filha. Os três ficaram estáticos diante da situação, principalmente Heitor e o pai de Luna. O jovem estava frente a frente com o homem que denunciou o seu pai para polícia, e João Alberto se surpreendeu ao ver um rapaz tão parecido com o antigo amigo. Longos segundos depois, o homem perguntou com um tom sério.
— O que está acontecendo aqui?
Heitor rapidamente se levantou da cama e disse receoso.
— Eu sou o Heitor, colega da Luna. A gente ia estudar juntos, mas vi que ela estava doente.
— Ele ajudou a Lila a cuidar de mim, papai. -Luna justificou e em seguida perguntou. – O senhor não deveria estar no trabalho?
— Eu estava no horário de almoço e liguei para cá, Dalila me contou que você não estava se sentindo bem, mas não disse que tinha um rapaz no seu quarto.
Luna e Heitor se entreolharam nervosos e o jovem falou.
— Sobre isso, eu...
— Eu queria te agradecer, rapaz, por ter cuidado da minha filha. Muito obrigado por isso. -ele respondeu com um tom grato.
João Alberto estendeu a mão para Heitor e os dois apertaram de forma firme, o que acabou assustando um pouco o rapaz. Ele olhou novamente para Luna e disse.
— Bom, eu já vou indo... Vou estudar para as outras provas... Até mais, Luna. Até mais, Sr. Bellini.
Heitor saiu rapidamente do quarto e não via a hora de sair daquela casa. Assim que desceu a escada, notou que perto da porta havia uma mulher que, em questão de aparência, era uma versão mais velha de Luna. Provavelmente era a mãe dela.
— Quem é você? -ela perguntou curiosa.
— Heitor. Eu vim estudar com a Luna, mas acabei cuidando dela enquanto ela estava doente.
— Oh... Então, muito obrigada por ter feito isso. -ela disse de modo reconfortante.
— Não há de quê... Mas eu preciso ir embora agora.
Vivian deu licença para Heitor e, antes que ele saísse da casa, ela o chamou. Heitor se virou para ela e a mulher falou.
— Você me parece familiar...
Heitor sorriu de forma nervosa e saiu do local. Enquanto ia para o ponto de ônibus, ele ficou pensando no que tinha acabado de acontecer. O jovem não esperava que fosse encontrar João Alberto de forma tão inesperada. Antes Heitor estava se sentindo bem pela relação dele com Luna estar melhorando, mas agora ele estava temeroso com o que podia acontecer.***
Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo de hoje? O que acharam do Heitor cuidando da Luna? E do pai da Luna chegando de repente? O que será que vai acontecer depois disso? Deem suas opiniões e obrigada por lerem o capítulo 💜
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(Não) se apaixone
Teen FictionEm um festival, Luna Bellini e Heitor Mendes se conhecem de uma forma não muito amigável. No entanto, ao descobrirem que vão estudar na mesma turma e terão que fazer um trabalho juntos, eles sentem suas vidas mudarem de cabeça para baixo. Tudo por c...