Capítulo 5

183 41 29
                                    

Na segunda-feira, os alunos estavam anotando a nova matéria de Geografia que estava na lousa até que o professor disse.

— Bom, pessoal, para começar essa matéria com o pé direito, vamos fazer uma atividade em dupla e para ser entregue ainda nessa aula.

Um burburinho começou a surgir. Heitor olhou de um jeito cúmplice para Caio, enquanto Luna deu um singelo sorriso para Maria, uma colega que sempre fazia dupla com ela. Em meio ao barulho dos jovens, o professor André falou com um tom um pouco alto.

— Galera, olha o barulho, por favor! -o burburinho cessou e ele prosseguiu. — Detesto desanimar vocês, mas sou eu que vou escolher as duplas.

Os alunos começaram a reclamar e André disse com um tom amistoso.

— Gente, é uma atividade bem fácil e rápida, então parem de reclamar.

Ele começou a escolher aleatoriamente as duplas. Por coincidência, Caio e Maria seriam uma dupla... Assim como Heitor e Luna. Quando o professor citou seus nomes, a jovem olhou para trás e notou o olhar estático do rapaz. Mesmo com esse desconforto, Luna arrastou sua mesa para o lado de Heitor, que olhava de relance para ela.

André passou algumas instruções sobre a atividade e, assim que liberou o tempo para os alunos começarem a fazer, Heitor e Luna começaram a ler mentalmente o texto que foi passado. Não aguentando mais aquela situação, a jovem comentou com um tom baixo.

— Eu acho que você tem uma ideia de quem eu sou... Ou melhor, de quem eu sou filha.

Ao escutar isso, Heitor ficou extremamente tenso e tentou disfarçar olhando de volta para o texto.

— Eu sei que você é filho do Benício Mendes, e eu sei que nossos pais têm um passado.

— Eu não quero falar sobre isso. -ele respondeu de um modo ríspido.

— Heitor, não precisa ficar assim...

— Eu já disse que não quero falar sobre isso!

Como Heitor respondeu com um tom bem alto, todos na sala encararam os dois. Apesar da situação, Luna retrucou.

— Escuta aqui, eu não gosto que falem comigo assim!

— E eu não gosto que entrem em um assunto que eu não quero falar!

Os dois começaram a discutir, falando um por cima do outro até que o professor foi rapidamente apartar a confusão.

— Hey hey hey! O que está acontecendo aqui? Estão numa sala de aula ou num zoológico?

Heitor e Luna se aquietaram e olharam para o professor, que estava uma respiração pesada. Ele negou com a cabeça e disse decepcionado.

— Venham comigo até a diretoria.

— O quê?! -eles exclamaram em uníssono.

— Isso mesmo, comigo para a diretoria.

Antes de sair da sala com Heitor e Luna, o professor advertiu os demais alunos a ficarem em silêncio, já que ele voltaria logo. Enquanto iam até a diretoria, os dois pensavam no que tinham feito e como seus pais ficariam furiosos ao saberem disso.

Chegando no local, o professor André contou o que tinha acontecido e deixou os alunos com a diretora Sônia. Eles se acomodaram nas cadeiras e ela comentou amargamente.

— Eu esperava quaisquer outros alunos aqui, mas não vocês. Luna Bellini, você é uma estudante exemplar, e Heitor Mendes... Não faz um mês que está aqui e já se envolveu em uma confusão?

— Mas foi ela que começou, diretora! -Heitor disse apontando para Luna.

Eles começaram a falar novamente por cima do outro e a diretora irritada bateu fortemente na mesa de madeira para os dois ficassem quietos.

— Por Deus, parece que meus filhos estão na minha frente... A diferença é que eles têm sete anos.

— Diretora Sônia, eu sei que o que fizemos foi inaceitável, mas por favor não ligue para os meus pais. -Luna suplicou.

— Eu deveria fazer isso, Luna. -ela deu uma volta na mesa e se sentou em uma cadeira de couro. — Mas antes eu quero saber o que aconteceu.

Heitor olhou para Luna e, impaciente, fez um sinal para que ela começasse a falar.

— Bom, o professor André passou uma atividade em dupla e decidiu que nós faríamos o trabalho juntos... Assim que começamos a fazer o trabalho, acabei entrando em um assunto um tanto quanto desagradável.

— E que assunto era esse?

— Tem a ver com o meu pai, diretora. -Heitor respondeu e abaixou o olhar. — Na verdade, com os nossos pais.

Sônia notou o desconforto de Heitor e se dirigiu à Luna.

— E a senhorita entrou nesse assunto por qual motivo sendo que os dois deveriam estar focados na atividade?

Luna ficou pensativa com a pergunta da diretora e também abaixou o olhar. Realmente não fazia sentido ela ter entrado no assunto daquele jeito, ainda mais na sala de aula. Sônia deu um longo suspiro e falou.

— Esse tipo de atitude realmente é inaceitável nesse colégio, eu deveria lhes dar uma advertência e até mesmo ligar para os pais de vocês. -ao notar o espanto deles, ela prosseguiu. — Mas não vou fazer isso, tenho algo melhor... Nos próximos três meses, vocês trabalharão como uma dupla.

— Como é que é? -eles perguntaram ao mesmo tempo.

— Exatamente. Eu quero vocês dois se entendam e se conheçam, que saibam os interesses de cada um... Avisarei aos professores que é para deixarem vocês dois juntos em todos os trabalhos em dupla. A cada semana, vocês me entregarão um relatório, informando o que vocês fizeram juntos.

— Mas... Mas o que nós dois podemos fazer juntos? –Heitor perguntou receoso.

Sônia tirou de uma gaveta uma folha de atividade com um corvo desenhado na parte de trás. Era uma atividade de Biologia que Heitor, totalmente inspirado, tinha desenhado e esquecido de apagar antes de entregar para a professora.

— Nota-se que você gosta de desenhar. Por sorte, eu estava pensando em contratar uma pessoa para desenhar o símbolo do colégio em um dos muros.

O jovem tinha começado a se animar com a possibilidade de fazer isso, mas sabia o que estava por vir.

— Nesse primeiro trabalho, eu quero que vocês desenhem e pintem o símbolo do colégio em um dos muros. Para isso, ficarão até mais tarde nessa quinta-feira, o desenho e a pintura poderão ficar prontos até sexta-feira. Os materiais serão fornecidos pelo colégio e eu estarei verificando se está tudo em ordem... Estamos entendidos?

Um tanto quanto inseguros, eles assentiram e Sônia prosseguiu.

— Depois disso, as atividades estarão por conta de vocês. Caso não entreguem algum relatório, será dada uma advertência escrita e seus pais serão comunicados.

— Diretora... Desculpe a pergunta, mas por que está fazendo isso? Por conta de uma discussão, nós dois teremos que ser uma dupla por três meses? -Luna questionou cuidadosamente para não parecer grossa.

— Porque vocês não são maus alunos e quero que vocês aprendam a entender um ao outro, às vezes vocês podem descobrir gostos em comum... -ao perceber o semblante um tanto quanto preocupado dos dois, a diretora disse educadamente. — Agora podem voltar em silêncio para a sala.

Os dois obedeceram a diretora e voltaram silenciosamente para a sala de aula para não criarem mais problemas. A partir daquele momento, Heitor e Luna sabiam que teriam que se entender de um jeito ou de um outro... Mesmo que isso significasse, deixarem de lado as diferenças e o passado dos pais.

***

Oi gente bonita, tudo bem com vocês? Gostaram do capítulo de hoje? O que acharam dessa discussão entre Luna e Heitor? Será que eles vão conseguir fazer esse trabalho? Deem suas opiniões e obrigada por lerem esse capítulo 💜

(Não) se apaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora