Capítulo 5

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Rafaella estava em choque. Aquilo só podia ser um sonho, saído direto de alguma comédia romântica fora do comum. Em que mundo uma completa, e linda, estranha, chamaria uma desconhecida para morar em sua casa do nada? Depois de tudo o que havia acontecido entre elas durante a madrugada? E por que ela estava animada com a ideia? Era uma solução para os seus problemas, de fato. Ela estava sem lugar para morar, e morar com alguém seria bom contra a solidão dos últimos meses.

- Não quero que você interprete isso da forma errada, mas acho que seria bom. Você poderia ficar segura aqui.

- Gizelly... Você mal me conhece.

- E posso conhecer. Eu que estou chamando você, não é ao contrário. Se você quiser, o quarto é todo seu.

- As pessoas não fazem isso. Eu tenho uma bagagem terrível comigo... Você pode se machucar.

Gizelly sorriu. Aquela mulher a estava tirando do sério, completamente, Rafaella pensou. Como era possível que estivesse se sentindo completamente apaixonada por alguém que havia visto apenas duas vezes na vida? Mas na verdade, ela era esperta o suficiente para saber que poderia se apaixonar com apenas um olhar. Mesmo se Gizelly não fosse tão adorável, Rafaella já estava perdida. E por isso queria correr.

Se apaixonar nunca dava muito certo.

- Acho que como sou sua amiga, posso dizer que estou apta a me machucar.

- Então somos amigas agora?

Céus, aquela mulher era incrivelmente adorável. Gizelly teve certeza de que estava apaixonada bem ali, no jeito fofo que ela fez a pergunta, no tom de voz e principalmente naqueles olhos. Paixão era um sentimento gostoso. Mas perigoso.

- Não somos?

Como uma adolescente recém apaixonada, Gizelly passou uma das mãos pelo rosto de Rafaella, acariciando com delicadeza.

- Acho que sim... Mas...

- Você que quis que te encontrasse, lembra? Deixou o bilhete no meu livro. – Rafaella sorriu, envergonhada. Tentou desviar os olhos dos de Gizelly, mas estava hipnotizada. – Por que?

- O que quer dizer?

- Por que quis que eu te encontrasse?

- Não sei...

A intensidade daquele banheiro mudou, mas mudou tanto que Rafaella sentiu os pelos do corpo inteiro se arrepiarem. Gizelly trouxe o rosto de Rafaella para perto do seu e sorriu.

- Não sabe?

- Bom, talvez eu só quisesse te ver de novo.

- E cá estou eu.

- Mas é perigoso, você não sabe da metade das coisas nas quais eu estou envolvida.

- Você pode me contar enquanto fazemos o jantar.

Para não dar tempo de Rafaella recusar, a morena desceu da pia e foi puxando a mulher pela mão até a cozinha. Rafaella não gostou da sensação de paz que teve ao encontrar na cozinha com Gizelly, mas amou ao mesmo tempo. Era perigoso. Demais.

Gizelly era tão linda, e ficava ainda mais linda sorrindo pela cozinha, dizendo que faria macarrão com molho por que assim não teria como errar e Rafaella não gostar.

- Eu vou fazer o molho.

- Está bem.

Gizelly mexeu no macarrão dentro da panela e observou Rafaella parar ao seu lado no fogão; como se estivesse em sua própria casa, a mulher foi em busca das coisas para o molho. Decidiu pelo vermelho. Gizelly encostou na bancada da cozinha para observar.

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