[Favor colocar Nothing Stands In Our Way da Lacuna Coil]
Rafaella estava em choque.
Não conseguia respirar, piscar, nada; sua respiração saía dolorosa pelos pulmões, até parecia fazer o caminho inverso. O corpo de Gizelly estava caído longe o suficiente para que a brasileira vivesse o desespero como se estivesse mergulhada nele. O ressoar da estourada da bala ainda queimava em seus ouvidos, como se houvesse saído perto demais de sua cabeça. Chorava copiosamente.
— Gizelly! — Gritou, chamando a morena. — Gizelly, pelo amor de Deus. Fale comigo!
Outro tiro. Rafaella gritou de novo, dessa vez soltando—se da cadeira. Em um ato desesperado, começou a correr na direção de Gizelly, mas ficou estática ao ver que Marcela virava de frente para si.
— O que você fez?
Rafaella arregalou os olhos, parada no lugar. Marcela parecia em choque enquanto a encarava. Até que Rafaella percebeu que o olhar da morena não estava sobre si.
— Vingança. — A voz de Ivy soou e Rafaella olhou para trás. A mulher estava parada a pouco mais de um metro de distância, estendendo um revólver na direção da irmã. — Por mim. Catarina. E por elas também.
— O que...?
Rafaella percebeu que a arma de Marcela caiu de sua mão em um baque seco. Correu, o mais rápido que pode até Gizelly que continuava caída no chão. Ajoelhou—se diante da mulher que amava e segurou—lhe o rosto, puxando—a para cima de seu colo.
— Amor, fale comigo. — Pediu baixinho.
— Eu sabia que daria certo. — A morena murmurou, apesar de estar sentindo a dor dilacerante. A bala passou por seu corpo, abrindo um buraco em seu ombro. — Falei para você confiar em mim.
Rafaella segurou a ferida no ombro de Gizelly, para pressionar o sangue, estancá—lo para que saísse em menor quantidade. A morena respirava com dificuldade, mas não deixava de sorrir; e Rafaella não conseguia entender a diversão daquilo. Só sentia desespero puro — e alívio, é claro, por sua mulher estar viva.
— Você enlouqueceu? — Marcela perguntou enquanto sentia a dor cortando seu corpo. A bala se alojou em suas costas de forma que queimava por dentro. — O que está acontecendo?
A respiração saía ofegante e Marcela caiu de joelhos enquanto Ivy se aproximava a passos lentos.
— Você achou que eu não ia descobrir que você mandou matar a minha esposa?
— Do que você está falando?
Marcela grunhiu de dor.
Rafaella apertou Gizelly em seus braços, como se pudesse protegê—la da conversa.
— Eu descobri sobre Catarina. Você achou que poderia continuar me enganando por todo esse tempo? — A risada da mulher soou seca. — Você deveria ser minha heroína, mas nunca se importou em ser nada. Só me usou para o que precisava. E descobriu que eu estava ajudando Rafaella, não é? Quis me punir.
A risada de Marcela ecoou esganiçada.
— Você não podia achar que iria me trair e ficar por isso mesmo.
Ivy segurou o revólver na direção da irmã, agora perto o suficiente, mas suas mãos tremiam.
— Você é cruel. Eu nunca achei que você pudesse ser tão ruim.
— Só fiz o que precisava para conseguir o que queria.
— E no fim não conseguiu nada.
O sangue começou a escapar da boca de Marcela e ela soube que tudo estava se perdendo. Ela riu, talvez pela última vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O mar do teu olhar
FanfictionGizelly Bicalho vive uma vida tranquila, pacata. Trabalha em uma livraria conhecida no centro de Monterrey; a maioria das pessoas são clientes antigos que a conhecem desde a adolescência quando era apenas filha do dono do lugar. Com a morte dos pais...