Capítulo 94

460 61 3
                                    

[Favor colocar Nothing Stands In Our Way da Lacuna Coil]

Rafaella estava em choque.

Não conseguia respirar, piscar, nada; sua respiração saía dolorosa pelos pulmões, até parecia fazer o caminho inverso. O corpo de Gizelly estava caído longe o suficiente para que a brasileira vivesse o desespero como se estivesse mergulhada nele. O ressoar da estourada da bala ainda queimava em seus ouvidos, como se houvesse saído perto demais de sua cabeça. Chorava copiosamente.

— Gizelly! — Gritou, chamando a morena. — Gizelly, pelo amor de Deus. Fale comigo!

Outro tiro. Rafaella gritou de novo, dessa vez soltando—se da cadeira. Em um ato desesperado, começou a correr na direção de Gizelly, mas ficou estática ao ver que Marcela virava de frente para si.

— O que você fez?

Rafaella arregalou os olhos, parada no lugar. Marcela parecia em choque enquanto a encarava. Até que Rafaella percebeu que o olhar da morena não estava sobre si.

— Vingança. — A voz de Ivy soou e Rafaella olhou para trás. A mulher estava parada a pouco mais de um metro de distância, estendendo um revólver na direção da irmã. — Por mim. Catarina. E por elas também.

— O que...?

Rafaella percebeu que a arma de Marcela caiu de sua mão em um baque seco. Correu, o mais rápido que pode até Gizelly que continuava caída no chão. Ajoelhou—se diante da mulher que amava e segurou—lhe o rosto, puxando—a para cima de seu colo.

— Amor, fale comigo. — Pediu baixinho.

— Eu sabia que daria certo. — A morena murmurou, apesar de estar sentindo a dor dilacerante. A bala passou por seu corpo, abrindo um buraco em seu ombro. — Falei para você confiar em mim.

Rafaella segurou a ferida no ombro de Gizelly, para pressionar o sangue, estancá—lo para que saísse em menor quantidade. A morena respirava com dificuldade, mas não deixava de sorrir; e Rafaella não conseguia entender a diversão daquilo. Só sentia desespero puro — e alívio, é claro, por sua mulher estar viva.

— Você enlouqueceu? — Marcela perguntou enquanto sentia a dor cortando seu corpo. A bala se alojou em suas costas de forma que queimava por dentro. — O que está acontecendo?

A respiração saía ofegante e Marcela caiu de joelhos enquanto Ivy se aproximava a passos lentos.

— Você achou que eu não ia descobrir que você mandou matar a minha esposa?

— Do que você está falando?

Marcela grunhiu de dor.

Rafaella apertou Gizelly em seus braços, como se pudesse protegê—la da conversa.

— Eu descobri sobre Catarina. Você achou que poderia continuar me enganando por todo esse tempo? — A risada da mulher soou seca. — Você deveria ser minha heroína, mas nunca se importou em ser nada. Só me usou para o que precisava. E descobriu que eu estava ajudando Rafaella, não é? Quis me punir.

A risada de Marcela ecoou esganiçada.

— Você não podia achar que iria me trair e ficar por isso mesmo.

Ivy segurou o revólver na direção da irmã, agora perto o suficiente, mas suas mãos tremiam.

— Você é cruel. Eu nunca achei que você pudesse ser tão ruim.

— Só fiz o que precisava para conseguir o que queria.

— E no fim não conseguiu nada.

O sangue começou a escapar da boca de Marcela e ela soube que tudo estava se perdendo. Ela riu, talvez pela última vez.

O mar do teu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora