Capítulo 45

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Rafaella acordou quando estava anoitecendo, e tinha o melhor cheiro do mundo em toda a parte da cama; estava nos braços da noiva, tão segura quanto era possível e completamente longe de todo e qualquer pesadelo. Aquilo era tudo o que importava. Sorriu, completamente relaxada e sentiu os lábios quentes tocando seu rosto, começando devagarinho por suas bochechas, subindo para o nariz e depois na testa.

- Onde eu assino para acordar assim todos os dias?

Gizelly sorriu com a voz sonolenta de Rafaella.

Ela fez com que a noiva deitasse de barriga para cima e foi para cima dela, deitou-se entre suas coxas macias e apoiou as mãos na cama, uma de cada lado daquele corpo esguio e espetacular. Aproximou mais o rosto do dela e roçou seus narizes.

- Eventualmente você vai assinar alguns papéis, é claro, mas não são necessários para que você acorde assim todos os dias, meu amor.

Rafaella enlaçou Gizelly pelo pescoço.

- Ah não?

- Não. Eu faço questão que você acorde assim todos os dias.

- Eu sou definitivamente a mulher mais sortuda do mundo.

- Sinto muito, meu amor, mas esse posto é todo meu.

Rafaella sorriu, tão iluminada que Gizelly sorriu mais ainda. Beijaram-se com lentidão, até que o mundo tivesse deixado de existir, até que as mãos e os suspiros eram tudo o que importavam. E só pararam quando o ar lhes faltou.

- Todos os dias eu agradeço por você estar na minha vida, mas tem alguns dias que... Sinceramente. – Rafaella fez uma pausa antes de continuar falando. Gizelly encarou-a nos olhos. – Você é o amor da minha vida.

- E você é o amor da minha vida.

- Não sei o que eu faria sem você para me acalmar.

- Não precisamos pensar nisso.

Rafaella segurou o rosto de Gizelly entre as mãos.

- Precisamos, por que Marcela quer me contratar. Digo, eu e Bianca.

- É uma ótima oportunidade.

- Mesmo?

- Acho que sim, meu amor. É importante para sua carreira ter esses contratos grandes. Marcela é dona de uma empresa grande, certo? Pode ser bom.

Rafaella hesitou, enquanto pensava.

- Mas você não acha estranho?

- O que?

- Trabalhar para minha ex-namorada?

- Acho péssimo, eu quero matar a Marcela com minhas próprias mãos. Cada vez que eu olhar para ela, eu vou lembrar das mãos dela em você, e vou querer mata-la.

Curiosamente, Gizelly com aquele olhar mortal e o senso protetor deixavam Rafaella com as pernas moles.

- Então você acha que eu não devo aceitar?

- Pelo contrário.

Rafaella pareceu confusa.

Gizelly sorriu para ela.

- Ao mesmo tempo em que eu vou querer matar aquela mulher maldita, eu vou lembrar que você saiu dessa. Que você foi forte, lutou, escapou. E eu quero que você pense o mesmo.

- Gizelly...

- Estou falando sério, Rafaella. – Ela disse, tentando não parecer muito séria. Aquele assunto era muito delicado, e em algum momento elas precisariam colocar todas as cartas na mesa. Seria bom que ela começasse. – É tudo muito suspeito, é claro, mas vamos com cuidado sobre isso.

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