Capítulo 95

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Penúltimo capítulo

[Favor colocar Can't Help Falling In Love da Kina Grannis]

Em plena tarde de outono, antes do pôr do sol, Gizelly trancou a porta da livraria enquanto encarava um Talles arrumado demais. Estava nervosa e era inexplicável — ou completamente explicável. Ajeitou o colete de pano solto por cima da blusa de manga comprida. Estava com uma palheta de cores interessantes, em diferentes tons de branco. Menos os sapatos que eram cinza. A blusa social estava um pouco desabotoada e ela não sabia o que deveria fazer.

Caon e Eusébio apareceram ao seu lado, sorrindo para ela.

— Que tal relaxar um pouco?

— Ah, é fácil.... — Ela resmungou enquanto mexia nos botões da camisa. Depois, voltou a dobrar as mangas da blusa até o meio do antebraço, mostrando o relógio de prata que Rafaella havia lhe dado recentemente. — Eu dobro a barra da calça também?

— Essa calça é maravilhosa demais para que você amasse. Fique quieta como está. — Cláudia disse, aparecendo por trás dos meninos. Ela trajava um vestido verde que realçava seus olhos e combinava perfeitamente com o terno cinza de Talles.

Caon e Eusébio também escolheram ternos combinando, um de vermelho e o outro um vinho escuro.

Rodrigo e Gilberto foram os que abusaram da vontade de aparecer em cores diferentes ao aparecerem com ternos laranja e marrom, respectivamente. Mas o importante é que estavam todos ali. E Rafaella logo cruzaria a porta dos fundos. Gizelly estava ansiosa.

Se remexeu de frente para o balcão só mais uma vez.

E ajeitou o boutonnière verde na lapela de seu colete.

— Como as pessoas não morrem de ansiedade?

— É importante estar viva para casar, não é?

A risada de Claudia fez Gizelly suspirar.

— Quando falam que as noivas demoram nos casamentos, eu nunca pensei que a minha fosse demorar tanto.

— Na verdade, ela não está atrasada. — Eusébio comentou. — Você quem está ansiosa demais.

— Eu vou casar oras, como não estar ansiosa? — A morena resmungou. — E ela poderia chegar logo, não entendo essa demora.

— Ela está se arrumando para você, morena. Se acalme.

— Que saco. — Ela resmungou.

O tempo foi inimigo de sua ansiedade, se arrastando nos minutos a fio. Eusébio estava posicionado do outro lado do balcão, com o livro de registros em sua frente. Gizelly bateu o pé no chão com suavidade, ao som da música que tocava ao fundo. E enquanto sentia que seu coração iria sair pela boca, não teve a menor noção do que poderia acontecer no momento em que olhasse para Rafaella. Até que finalmente olhou.

— Meu Deus.

E se havia alguma explicação para o amor puro e romântico, Gizelly estava sentindo naquele momento. Rafaella apareceu ao final do tapete estendido até a porta da livraria, com Rodrigo lhe dando o braço. Em um vestido branco com um boutonnière verde igual ao de Gizelly preso em seu vestido. Os cabelos estavam ainda mais longos e caindo como cascatas por suas costas e ombros, com uma mexa presa por uma flor sutil.

E como se mais nada existisse no mundo, Rafaella caminhou de encontro à uma Gizelly com lágrimas nos olhos. Rodrigo a entregou, como se acontecesse em câmera lenta. E ao estarem de mãos dadas, entrelaçaram os dedos. Sem tirar os olhos uma da outra.

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