Rafaella sentiu o arrepio lhe açoitar como ferro e brasa antes mesmo de conseguir entrar no apartamento. Estava delicioso a ponto de doer exatamente entre suas pernas. A mão de Gizelly estava casual e suavemente apoiada na curva de suas costas, milímetros de sua bunda, mas era como se estivesse tocando seu corpo inteiro, espalhando fogo e desejo. A conexão entre elas era sempre surreal.
Ela tentou se manter firme enquanto caminhava para o quarto, mas Gizelly a tirou do chão, como sempre, e as duas não demoraram a cair no sofá. As palavras tornaram—se desnecessárias no espaço entre os beijos; agarraram—se, afoitas, enquanto as roupas ocupavam espaços distintos e indiferentes no chão do cômodo.
O longo amasso deu vazão à todo o tesão e desejo que carregavam desde antes de entrarem no restaurante. Desde sempre. E enquanto dilaceravam—se de desejo — metaforicamente falando — os gemidos se tornaram música, as respirações eram a harmonia; os corpos eram os instrumentos e as letras eram compostas em cada olhar. Criavam música, melodia e dança juntas.
Entregaram—se uma para a outra como se fosse a primeira vez, como se fosse a última. Do jeito único que só elas tinham. Trocaram de posição sobre o sofá e caíram às gargalhadas quando as costas de Gizelly tocaram o chão em um baque firme. Estavam elétricas, felizes, mal perceberam que estavam no chão e não mais no sofá. Gizelly ficou imóvel embaixo de Rafaella, que segurava seus pulsos.
A morena teve o corpo explorado e dominado enquanto escorria de desejo. Mas sua vingança foi plena e lenta, arrastou Rafaella pelo vale do desejo com ela. E juntas, mergulharam no abismo. Amaram—se na sala, cozinha, no quarto de hóspedes e principalmente no quarto que era delas. Só conseguiram parar em meio à exaustão que alastrava os corpos. E no escuro do quarto, deitaram abraçadas na cama, rendidas de paixão.
— Uma vez eu li que o coração bombeia mais de sete mil litros de sangue por dia.
Rafaella ergueu os olhos curiosos; apoiou o queixo sobre as mãos no peito de Gizelly e encarou a amada.
— É mesmo?
— Sim. E isso equivale à quantidade de gasolina necessária para ir daqui até a lua.
— Da Terra até a lua?
— Sim.
Rafaella sentiu que derreteria nas mãos de Gizelly com o carinho delicioso que ganhava nos cabelos, mas manteve os olhos focados no mar achocolatado à sua frente.
— Aonde você quer chegar?
Gizelly sorriu mais ainda.
— Que eu vou te dizer agora que eu te amo daqui até a lua. E isso significa que eu te amo com cada batida do meu coração. — A morena fez uma pausa, quase estratégica, apenas para ver Rafaella sorrir mais ainda. Daquele jeito lindo que acelerava seu coração. — Cientificamente comprovado. — Ela pontuou.
A resposta de Rafaella foi jogar—se totalmente por cima do corpo da morena, a prendendo em uma sequência de beijinhos que arrancou gargalhadas deliciosas. Rolaram sobre a cama, trocando de posição, em uma guerra interminável de quem beijava mais quem — ocasionalmente incluindo mordidinhas — até que Rafaella estivesse por cima novamente.
Segurou os pulsos de Gizelly — que gradativamente ia parando de gargalhar. Ofegantes, as duas se encararam.
— O que eu faço com você, morena?
— Quer uma lista?
Rafaella voltou a rir e Gizelly puxou a amada para deitar em seu peito.
— Eu também te amo com cada batida do meu coração.
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O mar do teu olhar
FanfictionGizelly Bicalho vive uma vida tranquila, pacata. Trabalha em uma livraria conhecida no centro de Monterrey; a maioria das pessoas são clientes antigos que a conhecem desde a adolescência quando era apenas filha do dono do lugar. Com a morte dos pais...