Capítulo 35

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Na quarta feira, Rafaella estava particularmente exausta; o dia de fotos havia sido puxado, complicado, cheio de problemas de última hora e mudanças de local, sem contar com o fato de que não havia conseguido falar com Gizelly direito o dia inteiro, e, portanto, estava morrendo de saudade. Como estava um pouco frio, ela manteve o blazer que usava por cima de uma blusa de seda e a calça jeans muito colada. Seu celular sem bateria a impedia de avisar à noiva que poderia ser buscada.

O mais lógico seria, então, pegar uma carona até o apartamento. Aproveitou que Bianca estava disponível e entrou no conversível vermelho dela. Precisava conversar com Gizelly, pensou, as fotos estavam começando a exigir um pouco mais de trabalho da parte dela, como viajar. Um final de semana apenas, a cidade vizinha. Será que Gizelly se incomodaria?

- Por que Gizelly não veio te buscar?

Rafaella saiu de seus devaneios para responder à loira.

- Meu celular morreu, não estou conseguindo falar com ela.

- Entendo.

- Eu tentei ligar pelo da Monique, mas Gizelly não atendeu.

- O dia deve estar cheio na livraria, não?

- Provavelmente. Ou então ela esqueceu o celular em algum lugar. – Rafaella ponderou. Encarou Bianca, que dirigia tranquilamente. – Como está sua situação com a garota?

- Danielle e eu estamos bem. Acho que nos resolvemos, talvez.

- Como é resolver talvez?

- Bom, estamos juntas. Não sei se é namoro ainda, mas vamos conversar. Estou muito feliz. E você?

Como resposta, Rafaella exibiu o anel em seu dedo para a amiga loira. Bianca encarou a aliança linda e sorriu para Rafaella, genuinamente feliz por ela.

- Noivas é? Que rápida.

- Gizelly não cansa de me surpreender mesmo.

- De surpreender ninguém pelo visto.

- Como assim?

- Não achei que ela fosse do tipo que queria casamento, não me leve a mal.

- Não levo. - E então, como a apaixonada que era, suspirou. - Ela não parece mesmo. Mas quer casar comigo.

- Fico feliz que você esteja feliz, Rafinha.

- Eu também, de verdade.

Bianca trocou a estação de rádio.

Rafaella olhou pela janela, e então arregalou os olhos.

- Bia, você pode parar aqui por favor?

- Aqui?

- Sim. Em qualquer vaga. – Rafaella falava sem olhar para a amiga, não conseguia tirar os olhos do que via em frente a uma cafeteria. – Por favor. Rápido.

Bianca estacionou o carro sem nem hesitar e praticamente pulou para fora do veículo, quando viu o que Rafaella estava vendo ficou sorrindo. Era óbvio que aquele era o único motivo para a mulher querer parar do nada um carro no meio da rua. Gizelly estava sentada em uma mesa da cafeteria, com uma morena em sua frente, e as duas estavam rindo.

Ela acompanhou Rafaella até o outro lado da rua.

- Oi.

Rafaella não sabia explicar exatamente por que estava tão tomada de ciúmes, mas estava corroendo seu peito como um ninho de vespas. Gizelly ergueu os olhos para ela, e tudo mudou. Aqueles olhos castanhos e intensos direcionados só para ela... Ela até respirava de forma diferente.

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