Capítulo 11

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Na primeira semana, Talles teve dificuldades de aceitar que Gizelly e Rafaella estavam juntas, não por ciúmes ou algo do tipo, mas porque ele nunca havia visto Gizelly tão radiante. A morena parecia brilhar o dia inteiro, e estava aparecendo com cada vez menos machucados pelo rosto. Na verdade, estava sem nenhum machucado desde que Rafaella havia aparecido em sua vida. O que era ótimo, claro.

Na segunda semana de Girafa, como ele carinhosamente estava chamando as duas, ele já estava se sentindo empolgado. Elas não perdiam oportunidades de trocar longos olhares pela livraria, aqueles sorrisos de canto e até alguns beijinhos quando achavam que ninguém mais estava vendo. E tudo o que ele sempre quis foi que Gizelly fosse feliz. E como ela estava feliz.

Ele estava muito feliz por ela. E por Rafaella também.

Se aproximou da garota de olhos verdes, flagrando-a quase babando na morena que estava fazendo contas no balcão e mexendo no celular, Gizelly parecia quase nervosa.

- Peguei alguém no flagra.

Rafaella deu um pulinho, com o susto, quase derrubando os livros que deveria estar guardando, se não estivesse tão ocupada admirando a mulher que tanto ocupava espaço em seu peito.

- Talles, que susto! - Ela disse para ele. - Queres me matar do coração?

- Eu não. Deixar mi corazón viúva antes da hora, nem pensar.

- Obrigada pela consideração comigo.

- E você também é muito jovem para morrer não é mesmo?

- Sim, com certeza.

- Eu acho que temos que sair para jantar.

- Nós dois?

O homem riu, porque Rafaella claramente pareceu assustada.

- Nós quatro. Tenho uma... Amiga para apresentar para vocês.

- É algo sério?

- Eu espero que seja. Por isso quero apresentar. A Gizelly precisa me orientar.

Enquanto Rafaella tentava arrancar informações de Talles sobre a garota misteriosa, Gizelly estava com o celular nas mãos, a mensagem de Caon brilhava na tela.

"Você está sumida demais. Tem uns desafiantes novos pedindo por você, as apostas estão altas"

Fazia muito tempo que ela não ia ao Nero, e ela estava com saudade de lutar. Mas com Rafaella morando em seu apartamento, como ela poderia disfarçar? Dificilmente ela conseguiria passar por uma luta sem um arranhão no rosto. As apostas estarem altas era um ótimo motivo para voltar.

"O que você anda fazendo da vida? Nunca fica tanto tempo sem dar noticias. Eu fico preocupado, você sabe."

Ela respirou fundo. Digitou e apagou. E de novo, e de novo.

"Eu estou bem. Quando é a luta?"

Gizelly estava focada demais no celular para perceber quando Rafaella se inclinou em sua direção, do outro lado do balcão. Tomou quase um susto ao ouvir aquela voz delicada.

- Você parece tensa.

- Qué?

- Você parece tensa. - Ela repetiu. - Talles quer chamar nós duas para jantar hoje, com a namorada dele.

O celular de Gizelly vibrou em seu colo.

"Hoje à noite. Vai vir?"

- Hoje?

- Sim. Restaurante chique. Aproveitar que hoje é sexta. O que acha? Gostaria de ir como minha acompanhante?

- Acompanhante? Que termo estranho.

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