Capítulo 75

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Para esse capítulo, escutem: Save Me, do Hanson

Boa leitura!!

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Um terror agarrou sua garganta e apertou impiedosamente, como uma garra; Gizelly não conseguia mais respirar enquanto as duas trocavam um olhar intenso. Carregado. Ela não estava feliz. Até mesmo um tolo podia enxergar o quão miserável ambas estavam longe uma da outra. Era óbvio. Simples. Solucionável.

E Rafaella estava tentando de tudo, mas uma impaciência combinada com pânico tomou conta dela, de tal forma que ela sentiu que não poderia lutar contra os sentimentos. Gizelly estava nua enquanto a água quente lhe lambia o corpo, mas o que lhe queimava mesmo eram os olhos de Rafaella. Não disseram uma palavra, e também não precisavam. Gizelly queria perguntar o que Rafaella estava fazendo ali.

Mas a mulher começou a se despir.

E então todas as palavras morreram no silêncio de cada ato; as peças largaram o corpo de Rafaella de tal forma que Gizelly só percebeu porque estava fascinada demais. Quando Rafaella ficou completamente nua, Gizelly respirou fundo e forte.
Como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo.

Um passo, outro e mais dois. Rafaella avançou na direção de Gizelly e encostou a mão no vidro do box. As duas se encaravam sem parar, quase sem piscar: nada mais existia. Apenas o vidro as separava inteiramente, além de toda a fumaça e água quente; Gizelly deu um passo virada para Rafaella. Sua mão encontrou a dela por trás do vidro.

Foi o sinal que Rafaella precisava.

Abriu a porta do box, entrou e suspirou. A morena manteve os olhos nela, sua respiração saindo descompassada. Rafaella deu um passo em sua direção. Sorriram uma para a outra — como uma trégua, como algo muito mais intenso — como se o amor fosse tudo o que bastasse. E às vezes bastava.

— Diga que não me ama.

Aproximando—se da morena, Rafaella segurou seus braços firmes, sentindo agora a entrega e a força. Ela não poderia — e muito menos iria — perde—la. Não importava o que fosse, ficaria ao lado de sua mulher. De sua morena.

— Diga.

Era a hora de acabar com aquilo, de uma vez por todas.

— Não posso. Nunca.

Rafaella sorriu, o que fez Gizelly sorrir.

— Eu lhe disse uma coisa muito séria da última vez que fiquei com você em seu apartamento. Quando você estava com o problema nos ouvidos.

Gizelly arqueou uma das sobrancelhas.

— Lembra—se?

— Dissemos várias coisas uma para a outra.

— Eu disse que por mais que eu quisesse te beijar o tempo inteiro, por mais que eu ame te beijar, eu não iria continuar tomando a iniciativa de te beijar. — Gizelly sorriu por que lembrava exatamente e sabia inteiramente do que Rafaella estava falando. E o que ela queria com aquela conversa em específico. — Se você quiser, você vai me beijar.

Gizelly sorriu ao sentir as costas contra o box e puxou Rafaella pela cintura até que seus corpos estivessem inteiramente colados, como deveria ser.

— E eu te perguntei se você iria me enlouquecer até eu só conseguir pensar em te beijar.

Rafaella lhe abraçou pelo pescoço e seus narizes se encontraram com delicadeza, suavidade e saudade.

— É verdade. E eu disse que era boa em fazer isso, não sou?

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