Capítulo 70

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Rafaella acordou com um cheiro delicioso, e não era apenas o de Gizelly que estava sentindo. Era cheiro de comida bem temperada. Ela reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar do mundo; e sorriu enquanto se espreguiçava para encontrar Gizelly na cozinha. A morena montava uma lasanha e Rafaella só conseguiu lembrar—se do primeiro beijo entre elas. Naquela mesma cozinha. Com aquele mesmo prato envolvido.

— Você realmente está fazendo lasanha?

Gizelly não ouviu, mas sentiu a presença de Rafaella, portanto, olhou para ela do outro lado da cozinha.

— Você realmente está fazendo lasanha?

— Chegue mais perto, por favor. Não consigo ler de longe assim. — Rafaella deu alguns passos lentos, até estar do outro lado da bancada. Gizelly foi obrigada a encarar os lábios macios dela. — Olá.

— Boa noite.

— Dormiu bem?

— Como não dormir bem perto de você?

— Digo o mesmo. — A resposta escapou de seus lábios sem que ela pudesse prever, e então ela tossiu para disfarçar. Rafaella ficou sorrindo. — É... Estou fazendo o jantar.

— Percebi. Eu adoro sua lasanha.

— Você não costuma reclamar de nada do que eu cozinho.

— E tem como?

Gizelly não ouviu, mas soube exatamente o tom de voz de Rafaella em sua mente, e por isso riu. Rafaella observou Gizelly se mover pela cozinha, ela usava um short larguinho de academia e uma camiseta tão grande que quase chegava em suas coxas. As mesmas coxas pelas quais Rafaella queria passar as mãos e a boca. O tempo inteiro.

Rafaella piscou demoradamente e esfregou as mãos nos cabelos caramelados, os sentimentos que tinha por Gizelly ainda poderiam lhe matar. Exatamente como na noite do primeiro beijo delas. Diabos, estava se sentindo exatamente da mesma forma. Não, estava sentindo muito mais.

— Posso ajudar?

Gizelly não estava olhando, então Rafaella precisou se aproximar. Quando se encararam, a mulher sorriu.

— Posso ajudar? — Repetiu a pergunta.

— Por favor.

Enquanto Gizelly começava a montar a lasanha na travessa, Rafaella cortava os recheios. Ela gostava de queijo, presunto e bacon, a morena também. E era fácil de fazer. O problema é que seus sentidos estavam todos bagunçados por ter Gizelly tão perto; e como naquela noite, ela estava dividida entre fazer o que realmente queria e ser racional. E Gizelly não estava pronta para que Rafaella deixasse sua racionalidade de lado.

Ainda não.

Uma taça de vinho tinto apareceu em sua frente e Rafaella ficou surpresa, demorou para realizar onde estava. E então Gizelly sorria para ela. A mulher era tão linda, cada pedacinho dela, desde as cicatrizes que sumiam por completo de seu rosto, o furinho no queixo e todos os outros detalhes.

Tomou um gole do vinho para espantar os pensamentos.

— Vou fazer o molho. — Ela anunciou ao entregar a taça para Gizelly, que tomou um gole. Precisava se distrair, parar de pensar em Gizelly e em todos os efeitos que a morena estava causando em seu corpo. Que sempre causava. E o vinho não ajudava muito. — De qual você gosta mesmo?

A brincadeira não passou despercebida por Gizelly, que mesmo sem ouvir ao certo, reconhecia os sinais no olhar.

— Você sabe o suficiente para responder a essa pergunta.

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