Capítulo 83

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Rafaella estava no meio do tapete vermelho, cercada de incontáveis câmeras e grupos berrando por trás, fãs dela, de outros atores e produções; e ainda assim conseguia se sentir em casa. Era curioso ter passado tanto tempo se escondendo de Marcela e finalmente poder se mostrar, e mais ainda, estar se mostrando para o mundo daquela forma. Ela havia conversado com pelo menos cinco meninas de países diferentes que estavam fazendo a transmissão do evento para seus respectivos países. E tudo isso por que ela e Gizelly estava sendo vistas como um exemplo para a comunidade LGBT+. Representatividade realmente importava.

Gizelly, por sua vez, estava admirando sua mulher de longe; cada pose que ela fazia... Sentia até receio de se aproximar e estragar toda a beleza de Rafaella naquele momento; como ela mexia nos cabelos, como sorria. Como simplesmente existia. Ela era completamente feita para o que estava fazendo. Era natural. A forma como ela se movia... Aquele era realmente o seu mundo.

A morena nunca havia pensado em estar à frente de câmera alguma, menos ainda de ter qualquer tipo de representatividade, e achou que seria bem mais difícil do que estava sendo — e se fosse ser sincera, não era a coisa mais fácil do mundo ser a noiva de uma mulher famosa que recebia mensagens ao redor do mundo de pessoas querendo casar, transar, beijar e até matar Rafaella. Mas a morena achou que estava lidando da melhor maneira o possível.

A vida que Rafaella havia escolhido não podia afetar o relacionamento delas. Não iria.

— Eu só queria que a Rafa sentasse no meu rosto. — Alguma menina comentou por trás de Gizelly; a morena arqueou uma das sobrancelhas, mas ignorou, apesar de ter cruzado os braços em claro desconforto. — Olha essas pernas pela fenda do vestido, pelo amor de Deus, Gizelly Bicalho é a mulher mais sortuda do mundo. Puta merda.

Dessa vez, Gizelly sorriu.

Ela era realmente a mulher mais sortuda do mundo.

E sentiu—se ainda mais sortuda quando Rafaella estendeu a mão para ela de longe, chamando—a para acompanha—la no tapete vermelho. E aparecer em mais fotos, é claro. Elas ainda precisavam entrar e sentar em seus respectivos lugares. A premiação logo começaria.

Gizelly se aproximou e enlaçou Rafaella pela cintura.

A mulher fluiu para os seus braços com leveza.

— Eu já falei que amo quando você me puxa assim?

Gizelly sentiu as bochechas esquentarem e escondeu o rosto no pescoço de Rafaella.

— Estou um pouco arrependida de não ter vindo de salto.

— Por quê?

— Você está muito mais alta. Vai ficar desproporcional nas fotos, pode ficar mal para você.

— Claro que não, meu amor.

Como se milhares de flashes não estivessem ao redor delas, Rafaella apoiou a mão no rosto de Gizelly.

— Você é perfeita. Então as fotos ficarão perfeitas.

Mais uma vez, Gizelly ficou sem graça.

— Eu já falei o quão linda você está hoje? E como eu estou absurdamente feliz por você estar ao meu lado?

— Eu vou sempre estar ao seu lado. Enquanto você me quiser.

— Azar o seu que eu te quero para sempre.

— Eu vejo como sorte.

— Para mim sim.

— Para mim também.

Gizelly sorriu e virou Rafaella para si para que os fotógrafos tirassem uma foto delas olhando uma para a outra. Seu hobby ocasional, quando sabia que estava sendo fotografada com Rafaella era parar em uma pose bonita para que ela pudesse encontrar a foto na internet depois. Ou então alguma pose boba que retratasse perfeitamente o relacionamento das duas.

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