Bom dia Safári, estamos na reta final, só mais 5 capítulos
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Gizelly odiava delegacias, desde pequena quando seus pais faleceram e ela começou a se virar sozinha, ela odiava o lugar. Principalmente quando quase fora presa algumas vezes durante a adolescência rebelde e inconsequente. Odiava porque já passara uma noite inteira numa cela e odiava mais ainda porque, naquele momento, ninguém parecia prestar atenção no que ela dizia sobre Rafaella e Marcela. Ninguém além de Raúl, o pai de Cláudia. Mas o homem não tinha muito o que fazer, já que o próprio delegado anunciava provas insuficientes depois da visita de Marcela.
Gizelly queria explodir alguma coisa.
Socar a pessoa mais próxima — que era Raúl, então ela não o socaria. Mas queria matar Marcela mais do que nunca; não era possível que apenas por a mulher ser rica, ela conseguir se livrar das coisas mais absurdas. Talvez ela precisasse de mais provas. Enquanto andava de um lado para o outro, com Raúl lhe encarando, ela pensava em como poderia arranjar provas contra a maldita mulher. Se a própria gravação era prova insuficiente e se Marcela levara Rafaella para comprovar que a mulher estava feliz... Maldita fosse. Gizelly precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Não poderia deixar aquela situação continuar. Já fazia mais de uma semana. Seu tempo estava correndo.
Contra.
Encarou o relógio de pulso e pela primeira vez em dias conseguiu sorrir; estava quase na hora de encontrar sua mulher. No restaurante de sempre, no banheiro de sempre. Por pouco mais do que cinco minutos, mas era inevitavelmente o suficiente para sanar um pedaço de sua saudade. Gizelly sabia que as duas terminariam bem — ou queria acreditar que sim, pois qualquer outra opção não era viável.
E ela não sobreviveria.
Na corrida para o restaurante, parou de forma abrupta ao ver que Marcela saía do carro no momento em que Rafaella já estava sentada com Ivy. Ofegou com a parada brusca, mas manteve—se no mesmo lugar, pensando no que poderia fazer. Marcela no restaurante dificultava tudo. Ela não poderia ser estúpida de simplesmente encontrar Rafaella sem pensar nas consequências. Não sabia do que seria capaz se visse mais algum machucado na pele da mulher que amava.
Por isso, teve a brilhante idéia de puxar uma garçonete pela mão.
— Eu preciso de um favor.
— Quem é você? — A mulher dos olhos azuis perguntou, completamente assustada. — Ora, eu já te vi em algum lugar.
— Eu estive aqui uns dias atrás pedindo a chave do banheiro.
— Possivelmente. — A mulher concordou. — O que você quer?
— É coisa rápida, eu juro.
— O que é?
Entregando um papel na mão da mulher, Gizelly suspirou.
— Está vendo aquela mesa ali? Com a atriz que está atendendo algumas fãs?
— Sim, Rafa Kalimann é a sensação do momento, pelo visto.
— É para ela que eu preciso que você entregue esse bilhete.
— Ok...
— Mas precisa ser sigilosamente. Ninguém, especialmente aquela morena, pode saber. Ela não pode sequer cogitar.
— Eu preciso entregar este bilhete para uma atriz famosa que está com a namorada na mesa sem que a namorada veja? Isso não parece...
— Ela não é a namorada dela. É uma história complicada. — A morena pareceu levemente impaciente. — Você pode me ajudar?
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O mar do teu olhar
FanfictionGizelly Bicalho vive uma vida tranquila, pacata. Trabalha em uma livraria conhecida no centro de Monterrey; a maioria das pessoas são clientes antigos que a conhecem desde a adolescência quando era apenas filha do dono do lugar. Com a morte dos pais...