Capítulo 65

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Rafaella sentou no sofá—cama do quarto de hotel que estava dividindo com Rodrigo e o marido dele enquanto o apartamento que eles haviam alugado não ficava pronto; mais uma semana havia se passado e tudo o que ela conseguia pensar era em como era uma completa idiota levada por inseguranças estúpidas e sem fundamento. Mas também, ligou todos os pontos possíveis de sua história; cada insegurança criada em sua cabeça, não fora culpa dela, fora colocada lá por algum fator externo. E todos os fatores externos, curiosamente, foram criados por Marcela.

Ela era tão estúpida e Gizelly não a merecia.

— Não acredito que você vai deixar sua ex—namorada psicopata vencer. — Rodrigo disse ao encarar uma Rafaella melancólica demais. — Eu não acredito mesmo.

— O que você quer que eu faça, Rodri?

— Lute pela sua mulher. Como ela sempre lutou por você.

— Ela não vai querer me ver. Tem quase um mês.

— Você só vai saber se tentar, Rafa.

— Eu sou uma ridícula.

— Você errou. Está assumindo o erro. Vá atrás dela.

— Ela estava muito machucada a última vez que nos vimos.

— Mais um motivo para você ir atrás dela, não é?

Rafaella estava determinada. E foi com essa determinação que saiu de seu hotel até o apartamento que costumava ser seu; tocou a campainha algumas vezes, e não houve som nenhum no apartamento. Olhou no celular, pela hora, Gizelly já deveria estar em casa. A menos que estivesse na Nero de novo.

Bateu na porta e chamou a morena.

Estava pronta para ir embora, quando ouviu os sons dentro do apartamento; algo se quebrando, alguns resmungos e então a morena abriu a porta para encontrar Rafaella. A dona dos olhos verdes arregalou—os. Gizelly estava com o rosto todo arrebentado, mais arrebentado do que da última vez, com sangue fresco escorrendo por seu nariz e boca — nariz esse que parecia estar quebrado. Ela não hesitou ao entrar no apartamento.

— Ah que ótimo. — Gizelly resmungou enquanto caminhava até o sofá com uma garrafa de vidro entre os dedos. — Agora meus sonhos estão ainda mais reais. Viraram pesadelos.

Rafaella fechou a porta atrás de si.

Nunca pensou que veria Gizelly bêbada, mas lá estava a morena aos tropeços em direção ao sofá; tomou outro gole do que deveria ser algum álcool forte, só pelo cheiro, e fechou os olhos.

— Pesadelo? — Rafaella perguntou ao se aproximar.

— Sim. Você está aqui, mas não é minha. Só pode ser um pesadelo.

A dor nas palavras de Gizelly não passou despercebida por Rafaella, mas infelizmente aquela conversa teria que ficar para outro momento; ela precisava cuidar da morena. A morena que estava arrebentada, sangrando e alcoolizada. E a culpa era inteiramente sua. Ajoelhou—se de frente para ela e segurou as mãos macias, marcadas por roxos, coágulos e sangue seco.

— Vou cuidar de você.

Gizelly sorriu e seus olhos estavam completamente desfocados enquanto ela se inclinava na direção de Rafaella.

— Agora eu sei que estou sonhando.

— Por quê?

— Porque você está aqui. — Ela murmurou com a voz falhando e oscilando de tom. — Porque você ainda parece minha.

Rafaella mordeu o lábio com força para não responder.

Carregou a morena para o banheiro. Ela começou a vomitar no meio do caminho, e então chorou; como uma criança. Rafaella sentiu que estava se despedaçando ali mesmo, inteirinha, em todos os pedaços possíveis. Gizelly estava vulnerável como ela nunca havia visto antes. Como ela nunca pensou que veria. A morena caiu de joelhos no chão do banheiro e botou as tripas para fora — metaforicamente — de tanto que vomitava. Rafaella ficou ao seu lado, segurando seus cabelos.

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