Capítulo 6

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Rafaella acordou sem noção de que horas poderiam ser, a cama tinha o cheiro de Gizelly, o quarto tinha o cheiro de Gizelly. O cheiro de chuva fresca parecia estar colado em seu nariz. Ela estava agarrada ao travesseiro, imersa em uma cama tão confortável quanto era possível; fazia tanto tempo que não dormia em um lugar tão agradável. Mal se lembrava da última boa noite de sono que realmente tivera, era como se tudo de ruim da noite anterior não tivesse acontecido.

Ela demorou para abrir os olhos, e encontrou um papel dobrado em seu travesseiro.

"Rafa,

Como você fica linda enquanto dorme.

Que bom que ficou. Chegue para a esquerda e vai ver seu café-da-manhã, espero que goste.

Estou na livraria. Quer me encontrar?

Não suma.

- Morena."

Rafaella se sentiu extremamente idiota por estar cheirando um papel com a caligrafia de Gizelly, mas até a letra daquela mulher era linda. E o café-da-manhã estava realmente ali. E estava delicioso; ela amava waffles, e fazia tanto tempo desde que tinha comido um decente, e lá estava um prato só para seu prazer. Aquela morena realmente pensava em vários detalhes.

Como poderia encontra-la na livraria? Deveria? Não. Muito provavelmente não, mas queria tanto... E como poderia encontrar Gizelly depois? O certo seria fugir completamente daquela morena e nunca mais cruzar seu caminho, mas ela estava vestindo a roupa que Gizelly havia deixado separada na poltrona do quarto e fazendo o caminho até a livraria.

Ela não deveria estar lá. Na verdade, deveria estar em qualquer lugar menos ali; não deveria estar pensando em Gizelly como estava pensando e muito menos querendo estar perto dela. Aquilo poderia terminar de forma trágica e ela queria que Gizelly ficasse segura. Ela não deveria estar ali.

- Rafa. Você veio.

O tom tão terno daquela voz rouca fez Rafaella lembrar todos os motivos pelos quais estava ali na livraria. Virou para Gizelly e encontrou-a tão mais linda do que na noite anterior; os ferimentos sumindo mais do que nunca, os cabelos presos em um rabo-de-cavalo e o sorriso estonteante.

- Você foi tão bonitinha que eu precisava vir agradecer.

- Só agradecer?

A pergunta e o desafio eram óbvios para Rafaella. Gizelly realmente queria que ela ficasse em sua casa. E Deus a ajudasse, ela também queria ficar.

- Eles claramente sabem aonde eu estava ficando, então vou precisar me mudar...

O sorriso de Gizelly se iluminou junto com aqueles olhos lindos; como era possível alguém resistir? Rafaella sentiu-se instantaneamente boba.

- Eu só vou precisar buscar minhas coisas.

- Posso ir com você, se você esperar o Talles voltar.

- Talles?

- Meu ex-namorado e único funcionário. Você deve tê-lo visto quando veio aqui...
Não posso deixar a livraria sem ninguém. Ele foi apenas almoçar. Aí podemos almoçar também.

- Está bem. – Rafaella não conseguia se lembrar da última vez que havia almoçado com alguém. Estava animada. – Você está trabalhando, então eu vou me encostar em algum lugar e vou pegar um livro. Alguma recomendação?

Gizelly pensou um pouco antes de responder.

- Poesias ou romances? – Mas antes que Rafaella pudesse responder, Gizelly lhe entregou um livro que fez os olhos dela brilharem junto com o seu sorriso. – Acho que vai gostar deste.

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