Capítulo 17

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Gizelly acordou pela manhã como se tudo não tivesse passado de um sonho bom, seu rosto doía feito o inferno, seu corpo doía na verdade. Havia desacostumado com as atividades no Nero, precisava se lembrar de voltar a se exercitar, ao menos. Mas não eram apenas dores musculares que sentia, uma vez que os nós de seus dedos estavam marcados de roxos, bem como seu rosto. Resmungou enquanto levantava da cama.

Rafaella não estava em lugar nenhum, o que só fez Gizelly pensar mais que poderia ter sido tudo um sonho. Pelo menos a parte boa da noite. O cheiro de Rafaella estava por toda parte, é claro, como sempre; e suas roupas espalhadas. Será que havia sido um sonho? Gizelly conseguia se lembrar, como se ainda sentisse, os dedos de Rafaella por sua pele, os lábios macios e quentes, cada sorrisinho e cada risada. O cuidado com cada machucado, não transaram como queriam, porque Rafaella estava preocupada demais, mas Gizelly se lembrava perfeitamente de ter atingido um orgasmo delicioso, não era possível que fosse tudo um sonho.

E ver Rafaella gozar era um espetáculo à parte.

Não podia ter sido apenas um sonho.

Não queria levantar, mas precisava, ainda tinha que ir para a livraria. Caminhou até o banheiro e tomou uma rápida chuveirada, depois, vestiu-se para o trabalho e caminhou até a cozinha. Os primeiros sinais de que Rafaella estavam em casa estavam ali, tinha uma música muito dançante tocando, e cheiro de comida. Gizelly lembrava muito bem da mulher ter dito que era uma negação na cozinha, então o que ela estava aprontando? Aproximou-se e foi completamente surpreendida com a cena em sua cozinha.

Rafaella estava de calcinha, com uma camisa que era, obviamente sua e despertou um orgulho imenso em seu peito, rebolando ao som da música, e fazendo panquecas doces. Usando uma receita que ela encarava meticulosamente pelo celular. O cheiro estava delicioso, por sinal.

Gizelly não pode deixar de se perder admirando a mulher na cozinha; linda como sempre, iluminando o apartamento como se fosse o próprio sol. Além de ser extremamente sexy, é claro, dançando daquela forma, ao som de música latina. Mas faltava alguma coisa, talvez uma parceira. Gizelly queria dançar com ela.

Rafaella virou uma das últimas panquecas no prato que já continha uma pilha delas. Estava tão feliz quanto era possível naquela manhã, aliás, estava mais feliz do que jamais estivera em toda a sua vida; e só queria voltar no quarto a tempo de encontrar Gizelly dormindo. Queria surpreendê-la. Deixa-la tão feliz quanto ela mesma estava. Girou sobre os calcanhares para ir até a geladeira e pegar o suco que havia deixado pronto, mas o susto veio ao encontrar a morena encostada na bancada da cozinha. Ela quase caiu para trás.

- Gizelly! Meu deus. O que está fazendo aqui?

Tentando se recuperar, Rafaella respirou muito fundo. Gizelly riu, porque Rafaella era adorável demais, deu a volta na bancada apenas para ficar mais perto de Rafaella.

- Eu moro aqui, lembra?

- Sim. Mas... O que faz acordada? Achei que você ainda estava dormindo.

- Eu estava. E acordei.

- Ah que merda.

- O que?

- Estragou minha surpresa.

Gizelly arqueou uma das sobrancelhas, ainda sorrindo.

- Posso fingir que não vi nada. - E tampou os próprios olhos com as mãos. Não viu que Rafaella se aproximava, até que seus corpos estivessem completamente colados. - Que tal?

Rafaella tirou as mãos de Gizelly de seus olhos, e beijou os nós machucados de seus dedos. Era tão estranho ter alguém se preocupando tanto com ela que o primeiro reflexo de Gizelly foi tentar esconder as mãos e fugir. Mas suspirou quando Rafaella a manteve no lugar, segurando com delicadeza suas mãos.

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