Capítulo 16

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Assim que cheguei no hospital, o médico de plantão me receitou analgésicos na veia para aliviar a dor, enquanto liberavam o meu exame.

Uma enfermeira me acompanhou para realizar a ressonância magnética. O exame durou cerca de 20 minutos e logo fui levada para o quarto para aguardar o resultado.

Meus pais já estavam lá e ficaram conversando comigo, me ajudando a distrair. Logo Júlio, médico da seleção e o médico plantonista do hospital adentram no quarto.

- Não temos boas notícias! - Júlio começou falando - Estávamos com esperança de que fosse só uma torção grau I mas infelizmente é grau III - eu suspirei frustada.

- O que isso significa? - meu pai perguntou.

- Se fosse de grau I, em menos de duas semanas Laura já estaria boa para voltar a jogar mas grau III pode levar semanas ou meses para isso! - o médico do hospital explicou. Eu já chorava e minha mãe também - A princípio não será necessário fazer cirurgia, só se o seu tornozelo não responder ao tratamento!

- Se você quiser, nós da seleção vamos te acompanhar durante todo o tratamento. Mas se você quiser voltar para São Bernardo, vamos passar tudo certinho para eles. Nós queremos muito te ajudar e o Zé pediu pata você pensar com carinho na abordagem que eu e o departamento médico estamos pretendendo realizar para te ajudar na recuperação - Júlio falou e eu fiquei escutando - Vamos imobilizar seu tornozelo com uma bota e nos próximos dias fazer tratamento com analgésicos para controlar a dor. Se tudo ocorrer bem, em menos de 15 dias podemos iniciar a fisioterapia e aos poucos te ajudando a voltar.

- Não vai dar tempo de participar das eliminatórias para as olimpíadas! - eu comentei, desanimada.

- Não dá pra saber, mas temos que tentar! - ele tentou me passar confiança - Eu vou resolver a questão da sua alta e já volto! Pensem na nossa proposta! - meu pai agradeceu e os dois médicos saíram.

- O que vocês acham? - eu perguntei aos meus pais.

- Laura, ficando aqui você vai ser muito bem tratada, não que em São Bernardo não será mas aqui é tudo mais moderno! - meu pai comentou.

- Eu não queria ficar longe de vocês!

- Nós também não mas você tem que aproveitar essa chance. Quem sabe você consegue se recuperar mais rápido? - minha mãe disse me acariciado na cabeça.

- Eu nem sei se consigo mais ou se vou ter outra chance!

- Consegue sim! Você já chegou aqui e vai desistir assim? - meu pai disse sério - Laura, você sempre foi muito boa nisso e seus olhos brilham tanto quando você tá falando de vôlei e brilham ainda mais quando você tá jogando. Eu sei que essa lesão te abalou muito ainda mais porque era a sua chance de ouro mas se o José Roberto quer que você faça seu tratamento aqui é porque ele vê potencial em você e que a sua vaga vai está te esperando para quando você estiver 100%!

- Isso, meu amor! Pelo menos tenta, ok? - minha mãe disse e eu assenti.

Júlio voltou e eu disse que iria fazer o tratamento com eles. O médico ficou feliz, agradeceu a confiança e disse que todos estariam empenhados em me ajudar. A enfermeira colocou a tal bota no meu pé e ganhei muletas mas para sair do hospital, fui de cadeira de rodas.

Meus pais iriam para o hotel e na manhã seguinte iriam me ver enquanto eu ia, junto com Júlio de volta para o CT.

Ele me acompanhou até meu quarto me explicando sobre os cuidados que eu teria que ter nos próximos dias. Quando cheguei no quarto, Jaque penteava os cabelos molhados.

- Oi! - ela disse assim que nos viu entrar.

- Com licença, Jaque! - o médico disse - Só estou ajudando a Laurinha!

- Tudo bem! - a jogadora assentiu e eu me sentei na cama. Júlio deu as últimas instruções para mim e eu agradeci. Ele saiu e eu fiquei olhando para as muletas, pensando em como eu iria tomar banho - Como você tá? Ficamos sabendo da entorse.

- Nem sei dizer, estou meio desanimada!

- Não fica assim! Estamos todos aqui para te ajudar!

- Obrigada! - eu forcei um sorriso e peguei as muletas e me levantei. Com dificuldade cheguei ao meu armário e peguei qualquer roupa que eu vi pela frente e fui para o banheiro tomar meu banho.

Tirei aquela bota do meu pé e me apoiei na parede para conseguir tomar um banho descente. Não demorei porque não aguentava ficar muito tempo me equilibrando em um pé só. Sentei na cama e coloquei a bota novamente e me ajeitei para deitar

- Vai sair? - perguntei para a Jaque, até porque ela estava toda arrumada e o perfume dela estava por todo o quarto.

- Vou sair com o Murilo! Essa semana a gente faz aniversário de casamento e gostamos sempre de ter esse tempinho para nós dois durante essas semanas! - eu sorri.

- Vocês são tão lindos juntos! Se divirtam - eu disse e tentei dar o meu melhor sorriso para ela, que retribuiu. Jaque veio na minha direção e beijou o topo da minha cabeça.

- Vai dar tudo certo, Laurinha! - ela disse, apagou as luzes e saiu. Me virei para o lado da parede e tentei me aconchegar para dormir, mas apesar de estar cansada, minha mente estava a mil.

A porta do quarto abriu uns 10 minutos depois que a Jaque saiu. Percebi que era o Bruno pela claridade que vinha do corredor e das janelas, além do seu perfume.

Ele fechou a porta atrás de si e se aproximou de mim na cama. Nos olhamos por alguns segundos e não dissemos nada. Ele levantou a coberta que me tapava e se aconchegou ao meu lado, me abraçando por trás.

Bruno beijou minha bochecha e ficou fazendo carinho na minha mão, que estava entrelaçada com a dele. De pouco a pouco minha mente ia silenciando e logo eu senti o sono bater.

Destino - B. RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora