Quando chegamos ao estádio, meu irmão me mandou mensagem dizendo que logo mais eles estariam no Maracanãzinho. Eu estava morrendo de saudades deles mas por conta da concentração, não pude ver eles quando chegaram ao Rio pela manhã.
As meninas e eu trocamos nossas roupas e fomos nos aquecer. O jogo era contra a Argentina e quando chegamos à quadra, elas já estavam no aquecimento.
As arquibancadas iam se enchendo aos poucos e o nervosismo em mim também ia crescendo aos poucos.
Nosso time, junto com os preparadores físicos, iniciou a preparação com alguns saques e recepções. Depois de quase meia hora ali, fomos chamadas para voltar para o vestiário para trocar o uniforme e receber as últimas orientações.
Antes de sair, eu vi minha família na arquibancada e meu coração se encheu de alegria. Acenei pra eles, que retribuíram. Minha mãe chorava, meu pai sorria que nem um bobão e meu irmão estava sentado, abraçando sua namorada mas acenando para mim também.
Vi também que os rapazes estavam ali, inclusive o Bernadinho, o que me fez ficar ainda mais nervosa. Bruno sorriu para mim e eu retribuí, antes de respirar fundo e sair junto com as outras.
Já com o uniforme e tudo nos conformes, voltamos para a quadra e como eu seria uma das seis que começariam a partida, tomei meu lugar na quadra.
As argentinas começaram sacando e a bola foi em direção da Fabi e ela recepcionou, tocando para mim. Levantei a bola para a Garay, que quase tocou no chão mas a levantadora do time argentino conseguiu salvar.
A bola logo veio de qualquer jeito para nosso campo novamente, dessa vez Jaque recepcionou e tocou para mim novamente. Enquanto a bola vinha na minha direção, pensei se levantaria para alguém mas rapidamente observei um buraco no campo adversário e que elas estavam esperando que outra pessoa fosse jogá-la para o outro lado.
Sutilmente joguei a bola para o outro lado, mesmo no segundo toque, e ela foi justamente aonde eu queria: no chão, entre três jogadoras argentinas. Comemoramos muito, afinal o primeiro ponto do jogo era nosso.
Ao longo do primeiro set, tivemos longa vantagem sobre as argentinas e foi fácil ganhar delas. Mesmo com 1 set garantido, sabíamos que tínhamos que manter a calma para não deixar elas gostarem do jogo.
No início do segundo set, Rosamaria entrou no lugar da Tandara. Não achei ruim a substituição porque a sulista estava pegando bem menos no meu pé ultimamente.
Ganhamos com 4 pontos de diferença quando as argentinas fizeram o sexto ponto. O saque delas vinha em minha direção mas do nada eu senti o impacto de um corpo se chocando contra o meu e um dor enorme no tornozelo depois que algo pisou bem forte e se agarrou no meu pé, fazendo o meu tornozelo ser torcido. Logo depois veio o impacto com o chão.
Eu estava caída e eu não conseguia fazer nada além de chorar de desespero e de dor. Não ousava nem ao menos mexer meu pé. Vi Rosamaria caída no chão próximo a mim mas logo ela se levantou. Eu sabia que havia sido ela que bateu em mim mas eu não queria acusá-la de que foi algo proposital ainda mais com a minha mente só focando na dor e não conseguindo raciocinar direito. Tapei meu rosto, chorando muito.
- Laura? - eu ouvi alguém me chamar mas eu nem conseguia pronunciar uma sílaba se quer - Sou eu, o médico! Me aponta onde dói! - tirei o meu braço do rosto e apontei para meu tornozelo esquerdo - Ok! De 0 a 10, o quanto dói?
-10! - eu sussurrei - Pelo amor de Deus! Faz essa dor parar! - eu disse me contorcendo de dor.
- ZÉ, SUBSTITUIÇÃO E HOSPITAL! - ele gritou.
-Meu Deus, Laura! - ouvi a voz da Jaque e ela tentou me ajudar a sentar.
- Tá doente muito, Jaque! - eu disse enquanto as lágrimas caíam pelo meu rosto feito cachoeira.
- Eu imagino, meu amor! Mas vai ficar tudo bem! - ela limpou as minhas lágrimas - Respira! - ela pediu e eu fiz a olhando - Você vai pro hospital e lá a dor vai passar mas você precisa se acalmar! - assenti.
O médico da seleção me ajudou a levantar junto com seu auxiliar e me levaram para fora de quadra. Com uma maca, me levaram para o vestiário enquanto iamos aguardando a ambulância que estava indo em direção ao estaciomento.
Me deram um remédio para aliviar a dor e imobilizaram o meu pé com uma faixa. Fiquei deitada com os braços sobre meu rosto, sentindo o meu tornozelo latejando.
- Meu amor, como você tá? - ouvi. A voz da minha mãe e logo me sentei, vendo meus pais, meu irmão e a namorada e discretamente apoiado ma batente da porta do vestiário estava Bruno. Abracei minha mãe e comecei a chorar junto com ela.
- O que deu? - meu pai se aproximou segurando a minha mão, questionando sobre meu tornozelo.
- Possivelmente torceu mas só no hospital pra saber! Eu vou perder o resto do Grand Prix.
- Não veja por esse lado mas veja que agora você vai se cuidar e depois vai ter outras chances! - assenti e olhei para o meu irmão, que pigarreou.
- Sei que não é um bom momento para a gente se conhecer... - a namorada do meu irmão começou dizendo, tímida.
- Joana, né? - ela assentiu - Eu sou a Laura! Deixa eu te falar: você merece um prêmio por suportar esse chato do Luan! - ela riu.
- Você me respeita, Laura! - meu irmão disse e eu acabei rindo. Ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça - Vai dar tudo certo, maninha!
- Obrigada! - o médico da seleção voltou.
- Estão vindo com a cadeira de rodas para te pegar, Laura!
- Pode ir algum acompanhante com ela? - minha mãe perguntou.
- Como eu sou o médico responsável, tenho que ir com ela para auxiliar o médico que estiver no hospital mas vocês podem me encontrar lá! - eles ficaram conversando, pegando endereço. Bruno se aproximou e me deu um abraço.
- Você tá bem?
- Vou ficar, acho! - ele me deu um beijo na testa.
- Vai sim! Eu tenho que voltar lá para a arquibancada. Nós vemos depois? - assenti, tentando me ajeitar para sentar na cadeira de rodas que chegava junto com um homem da ambulância. Ele me ajudou a sentar na cadeira e beijou a minha mão, antes de eu ser empurrada para fora do vestiário.
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Destino - B. Rezende
FanfictionMal sabia ela que a primeira convocação para a Seleção Feminina de Vôlei traria muito mais mudanças além de sua carreira profissional.