Capítulo 57

4.2K 364 93
                                    

Acordei com a sensação de meu sono durou apenas uma piscada de olho. Suspirei frustada por não ter conseguido dormir o quanto eu deveria. Fiquei acordada praticamente a noite toda, porque fiquei pensando na mensagem que Leonardo havia me mandado antes do jantar.

"Hoje você conseguiu fugir de mim, mas amanhã depois do jogo, estarei te esperando!"

Ou seja, hoje eu não teria para onde correr. Não teria Bruno, Lucarelli, Rosamaria, Gattaz ou qualquer outra pessoa que fosse me impedir de viver esse pesadelo. Confesso que durante a noite, enquanto tentava chorar silenciosamente no banheiro, pensei em diversas formas de me livrar daquilo, mas a que deveria ser a correta, eu não tinha coragem de fazer.

Me arrumei e desci já com a minha mochila, notando que a maioria do pessoal já estava de pé e no refeitório tomando seu café. Peguei o que comeria e sentei numa mesa sozinha, sentindo olhares sob mim percebi que eram de Bruno, que estava sentando com seu pai, Luca e Douglas. Ficamos nos encarando por um tempo, mas desviei o olhar, focando em terminar de comer.

Me levantei e sem muita animação fui até o hall, para aguardar a chegada do ônibus que nos levaria até o estádio. O transporte acabou atrasando porque, segundo o motorista, havia tido um incidente próximo do hotel e uma rua estava fechada, mas ele nos garantiu que chegaria no estádio há tempo de conseguirmos fazer nossas coisas com calma.

Adentramos todos no ônibus e depois de mais de meia hora, chegamos no local do jogo. Perguntei a hora para Thaísa e percebi que faltava cerca de 1 hora e meia antes do início da partida. Cheguei no vestiário quieta. As meninas falavam sobre um monte de assunto ao mesmo tempo e não estava com vontade de acompanhar.

Como meu celular estava sem bateria, por eu ter ficado jogando por horas na madrugada, a fim de distrair, procurei um lugar com tomada e achei próximo ao armário da Gabi. Peguei meu carregador e o aparelho e fui ao encontro da minha companheira de time.

- Gabizinha, vou deixar meu celular carregando aqui, você me lembra depois, se eu acabar esquecendo?

- Lembro sim! - ela disse, depois de beber um pouco de água. Assenti e voltei para meu armário, a fim de terminar meus preparativos para o jogo.

Fomos nos aquecer e logo voltamos para o vestiário para trocar o uniforme e também ouvir as últimas instruções de Zé Roberto. Retornamos à quadra, para dar início a toda protocolagem.

O estádio estava cheio e mesmo assim, acabei encontrando com os olhos Leonardo, fazendo me estômago todo revirar, porque ver ele ali significava pânico para mim. Então enquanto me posicionava em quadra, desejei que a partida durasse o máximo que fosse possível, porque desta forma estaria adiando o meu pesadelo de ficar sozinha com aquele homem.

O jogo começou, mas eu não estava nem um pouco concentrada. O olhar do Leonardo sobre mim, me causava tremores e era a única coisa que eu conseguia pensar, além se estar sentindo o medo gritar dentro de mim.

E a minha falta de atenção com o jogo não trouxe bons resultados. A bola caiu uma duas vezes na minha frente e ambas as situações eram possíveis que eu conseguisse defende-lás. Mediante a esses erros grotescos meus, o nosso técnico pediu tempo.

- Laura, que porra tá acontecendo com você esses dias? - Zé direcionou a fala para mim - O que tiver acontecendo fora de quadra, deve ficar fora de quadra!

- Tudo bem, tem razão! Me desculpe.

- Fica no banco um pouco! - ele mandou e eu assenti, me sentando - Vai te ajudar a entrar no jogo!

Sheilla entrou no meu lugar, enquanto Júlio me entregava uma toalha. Eu a peguei e cobri o rosto, envergonhada pela péssima performance que estava fazendo hoje.

- Laura? - a voz do Júlio ao meu lado me fez sair dos meus pensamentos nada saudáveis.

- Hum? - murmurrei, ainda com o rosto coberto.

- Tá tudo bem? - neguei com a cabeça - O que houve?

- Não estou no meu melhor dia, só isso!

- Você é sempre tão focada, o que aconteceu? Te algo te incomodando?

- Não quero falar sobre isso! - ele suspirou.

- Tudo bem, você que sabe! - descobri meu rosto e deixei a toalha ao meu lado, passando a observar o jogo.
Até tentei focar na partida, mas não estava conseguindo porqu bastava eu virar o rosto e eu percebia Leonardo me encarando furioso.

Zé até tentou me colocar para jogar novamente, mas me tirou de novo por pedido meu. Não era justo meus erros prejudicaram ainda mais o time. Só que infelizmente a gente não conseguiu a vitória. As meninas até tentaram, lutaram até o último set, mas a França ganhou de 3x2.

Cumprimentei as adversárias e sai logo de quadra, porque eu já percebia alguns xingamentos direcionados principalmente para mim e já não bastava estar me martirizado, ouvir aquelas palavras me machuvam ainda mais.

Alguém da comissão técnica veio em avisar que meu empresário aguardava lá fora, então eu tomei meu banho e ajeitei as minhas coisas rapidamente, porque Leonardo fiacava me apressando ao mandar toda hora alguém me perguntar se eu já estava pronta para ir.

Saí do vestiário e já dei de cara com ele, que me analisou friamente. Meu coração estava acelerado por conta do medo que eu sentia. Queria fugir e gritar, mas parecia que o olhar dele atava minhas bocas e pernas.

Ele caminhou silenciosamente, fazendo um sinal para o seguir. Estavamos já no estacionamento quando ele quebrou o silêncio:

- Você fez um péssimo jogo hoje! - Leonardo comentou para mim, me deixando ainda mais frustrada com a minha atuação.

- Dei o meu melhor!

- Não, você não deu! Você foi inútil em quadra, Laura! Fiquei até envergonhado por estar te representando. Errou quase todos os lances, parecia que nunca soube jogar vôlei, atrapalhou o time e por sua causa, a seleção perdeu... - o interrompi, chorando.

- TÁ BEM, JÁ CHEGA! Não basta ter que me fazer lidar com tudo, você ainda pretende acabar com o pouco de saúde mental que tenho? - eu disse e logo senti o impacto de sua mão no meu rosto.

- Espero nunca mais ouvir a sua voz levantada para mim de novo! - ele me puxou pelo braço em direção ao seu carro - Vamos!

Destino - B. RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora