Ela Não É Minha

Esperança

Dante Bernadi

Observo o médico colocar alguns medicamentos na sacola que trouxe, ele também pega alguns instrumentos dentro de uma caixa e parece revisar a lista.

-Tem tudo?- olho para a janelinha da porta.

-Sim.- ele assente.

-Pode deixar ele melhor?- pergunto.

-Até a sua ajuda chegar.- ele fala com raiva.

-Ótimo.- guardo a arma quando entramos no corredor.

-Aquela maluca é sua namorada?- ele pergunta sorrindo para algumas enfermeiras.

-É minha esposa.- falo sério.- E se falar assim de novo, eu vou deixar você bem machucado.

-Que ótimo.- estamos chegando perto da saída.- Você está tão ferrado...

Empurro ele para dentro do carro e dou a volta, Pietro já está com a arma na cabeça dele quando entro no carro e dou a partida, assim que saio do estacionamento ouço a risada do doutor.

-O que foi agora, idiota?- aperto o volante.

-Nada, é só que vocês parecem desesperados por aquele cara.- explica.- O que ele tem de importante?

-Ele é nosso amigo.- falo olhando para o retrovisor.- E você não faz pergunta, só obedece.

-Espero realmente que lembre do nosso acordo.- ele olha para a arma de Pietro.

-Se você conseguir manter Bruno vivo, pode até ganhar mais.- sorrio com raiva.

Estaciono na frente da casa e entramos lá rapidamente, olho envolta e não vejo Kate em ligar nenhum. O médico vai com Pietro até Bruno.

Tiro o casaco e jogo onde estamos dormindo no canto da casa, a porta do banheiro abre e Kate passa a mão pela testa limpando o suor.

-Tudo bem?- pergunto.

-Sim.- ela assente.- Fui trocar o curativo de Bruno e estava infeccionado e com pus.

-Ah.- olho para eles e puxo ela para a cozinha.- Não vamos ficar assim, ok? Vai tudo voltar ao normal, não vamos mais comer comida enlatada...

-Eu sei, Dante.- ela sorri e me abraça.- Não me importo com isso.

Acaricio seus cabelos e beijo o topo da sua cabeça, liguei para o número que meu pai deu e mandei as coordenadas, mas o número só recebe e não deixa responder a ligação.

Então vou ter que esperar até chegarem em mim, aperto o corpo de Kate nos meus braços e ouço um gemido dolorido de Bruno da sala.

-Não aguento ouvir isso.- Kate fala contra meu peito.

-Ele vai ficar melhor.- seguro o rosto dela e faço ela me encarar.

Observo os olhinhos azuis marejados e passo os dedos pela bochecha dela sentindo a maciez da pele. Beijo seus lábios e subo até sua testa para beijar também.

-Você já conseguiu falar com alguém?- ela franze as sobrancelhas.

-Mandei nossa localização, agora é só esperar.- mexo a cabeça.- Que tal ficar aqui enquanto eu vejo como eles estão?

-Eu não sou sensível.- ela faz careta.

Sorrio lentamente quando ela vai até a sala e observa Bruno se segurando de dor enquanto o médico limpa o ferimento e aplica algumas injeções.

Kate se ajoelha ao lado dele e começa a acariciar seus cabelos, Pietro olha para baixo e vejo lágrimas descendo pelas bochechas dele.

Sento ao seu lado e acaricio suas costas, sei que ele está arrependido por não ter falado com Bruno antes de tudo que aconteceu e sei que está sofrendo por Bianca.

Ele podia não gostar de mulheres, mas eles se conheciam desde crianças e ela tinha traído a gente só para se vingar de Bruno e matar Kate.

Aperto seu ombro e olho para Bruno, Kate está falando alguma coisa no ouvido dele que o faz rir e logo depois grita quando um instrumento entra na ferida.

Vejo o rosto de Kate e percebo que ela está tentando fazer de tudo para não olhar para o ferimento, acho que eu estou impressionado com essa mulher.

Muitas estariam reclamando por estar aqui e comer apenas comida enlatada, mas ela sequestrou um médico e ameaçou ele por causa do amigo.

Eu acho que amo essa mulher.

♧︎︎︎

Kate Bernadi

Bruno está dormindo e parece ter melhorado, ele conseguiu comer sozinho. Agora Pietro está sentado ao lado dele e com a arma no colo.

Prendemos o médico no banheiro já que não tem janelas, Dante consegue dar vários nós diferentes e de escoteiro, então ele nunca vai conseguir sair daqui.

Estou de conchinha com Dante, ele fica perto da borda e eu encarando a parede, não consigo dormir e ele também não já que está acariciando minha coxa.

Se eu me concentrar bem, dá pra ouvir a cabeça dele funcionando e sua respiração fica fazendo cosquinhas no meu pescoço, não consigo dormir desde que ele chegou.

Viro meu corpo e minhas costas tocam a parede, Dante me observa e afasta os cabelos do meu rosto com um sorriso fraco que me faz sorrir também.

-Vai tudo dar certo.- murmuro.- Vai dar tudo certo, não é?

-Vai sim.- ele beija meus lábios de leve.

-Preciso de você.- aproximo meu corpo do dele.

Ele solta um ruído frustrado quando beijo seu pescoço com carinho e uma das minhas mãos vai até a calça dele, as mãos dele apertam minha cintura com força.

-Kate....

-Eu sei.- me afasto.

-Eu queria muito.- ele me aproxima do corpo dele.

-A gente vai aproveitar mais quando for embora.- mordo o queixo dele e Dante ri baixinho.

-Você ficou bem safada.- ele desce a mão até minha bunda.- Acho que o casamento fez bem.

-Você nem imagina.- afundo meu rosto no pescoço dele.

-Nossa, não me larga nunca mais, Kate.- ele sussurra e sorrio quando ele usa minha bunda para subir mais.

Levanto a cabeça e beijo ele, meus lábios tocam os de Dante e ele coloca a mão na minha nuca apertando meus cabelos, gemo contra seus lábios e sinto algo duro contra minha coxa.

Assim que eu me afasto, Dante olha para trás e Pietro está dormindo com a cabeça para o lado. Dante me vira de lado e beija meu pescoço de forma calma.

-Dorme.- sussurra.

-Mas...

-Dorme, fiore.- pede.- Eu vou ficar aqui. Não se preocupe.

De alguma forma isso me faz ficar mais calma, preciso mesmo dormir depois de tudo que aconteceu. Mas estou com tanto medo de fechar os olhos e todos eles desaparecerem...

Dante parece perceber isso, por que encontra minha mão e segura ela com força, ele leva até os lábios dele e beija meus dedos com delicadeza.

Minha respiração vai se acalmando e vou começando a ficar com sono, meus olhos vão ficando mais pesados e tudo vai ficando mais calmo até eu simplesmente dormir.