Kate Bernadi
Bruno está com febre e a ferida está infeccionando, mesmo que a gente limpe várias vezes no dia. Parece não estar melhorando nada e não podemos deixar ele só como também não podemos ir sozinhos.
Aperto o casaco de moletom no meu corpo e olho para Pietro e ele está observando Bruno com um olhar culpado. Aperto minhas pernas contra o peito e respiro fundo.
Estava me sentindo horrível, parecia que tudo de ruim estava acontecendo e eu não podia fazer nada para melhorar. Bruno estava ferido, Dante tinha desaparecido e Pietro parecia arrependido demais para fazer outra coisa.
-Precisamos de remédio.- falo baixo.
-Precisamos de um médico.- ele arruma os cabelos de Bruno.
-Eu vou.- começo a me levantar.- Arranjo alguma coisa.
-Kate, não.- ele levanta.- Você ainda precisa ser protegida...
-Por quem?- franzo as sobrancelhas.- Não sobrou ninguém, Pietro.
-Mesmo assim, vamos ficar aqui e pensar em alguma coisa...
-Bruno está morrendo!- grito e ele abre os olhos.
-Pra onde você vai, Kate?- ele tenta levantar.
-Não se preocupe.- aperto minha arma.- Eu vou voltar logo...
Abro a porta e arregalo os olhos, Dante ergue os olhos até os meus e o observo encostado no batente da porra. Dante sorri para mim e pisca um olho.
-Meu Deus.- puxo ele para mim e o abraço.
Ele me coloca no colo e afunda o rosto no meu pescoço, aperto suas roupas na minha mão e sinto como se tudo fosse ficar bem assim que ele me colocou nos braços.
Um sentimento de alívio toma meu corpo e o cheiro de sangue em Dante não me incomoda nem um pouco. Ele acaricia minhas costas e parece tentar sentir se eu estou realmente ali.
Quando abro os olhos vejo que estamos dentro do banheiro e ele me coloca no chão fechando a porta. Segura meu rosto e seus lábios tomam os meus.
Minhas mãos vão até o rosto dele e me afasto passando o dedão por sua bochecha machucada. Nossos olhos se encontram e vejo o alívio dentro deles.
-Você está bem?- pergunto.
-Agora estou.- ele sorri.
-Dante...- rio.- Você está bem mesmo?
-Não vou morrer.- ele fica sério.- Aquele é Bruno?
-Sim, ele está mal, Bianca atirou nele...
-Bianca?- parece surpreso.
-Eu conto para você depois.- começo a puxar a blusa dele.- Você precisa tomar um banho e tirar essas roupas.
-Claro, você quer me deixar nu.- ele fala divertido e o encaro.- Desculpa, estou feliz por ver você.
Sorrio lentamente e abro sua calça, nada na parte superior e parece ter um corte médio na perna. Dante ergue meu queixo do ferimento e balança a cabeça.
Ajudo ele a tirar a cueca e abro o registro de água, ajudo ele a entrar e Dante escorrega por causa da perna. Mordo o lábio e ajudo ele a ficar embaixo da água.
Dante apoia os braços na parede e abaixa a cabeça, sei que ele está pensando ainda em tudo que aconteceu e aquele sangue todo provavelmente não deve ser dele.
Esfrego suas costas e o sangue vai caindo, Dante passa a mão pelo rosto e suas costas tremem antes dele cair de joelhos no chão, me ajoelho com ele e sinto seus braços envolta de mim.
-Shh.- passo a mão por seus cabelos.
Ele aperta a blusa em que eu estou como se fosse tudo que ele tivesse no mundo, meu coração quebra e apenas fico por ali servindo como apoio.
Dante precisa de mim agora e eu quero fazer tudo que posso por ele, achei que estava morto há alguns minutos atrás e agora ele está nos meus braços.
Muita coisa podia ter dado errado, mas com Dante aqui parecia que tudo ia ficar melhor, pelo menos agora temos gente suficiente para ir pegar remédios.
♧︎︎︎
Dante Bernadi
Olho para Bruno deitado e completamente desacordado, preciso de alguns minutos para raciocinar que meu amigo está ferido e está morrendo.
-Não é mais sobre remédios.- Pietro murmura.
-Então procuramos um médico.- falo calmo.
-Onde vamos achar um médico que venha até aqui sem nos trair?- Kate fala concentrada na agulha e linha.
-Não achamos.- encaro Pietro.- Eles ficam bem prestativos quando apontamos uma arma para a cabeça deles.
-Ótimo, vamos ameaçar um médico.- Kate murmura e eu aperto as mãos em punho quando ela começa a costurar.
-É por um bem maior.- volto a olhar para Bruno.
Pietro também olha e parece acabado, também parece arrependido por não ter falado nada para ele. Mas agora estávamos aqui e podíamos fazer alguma coisa por ele.
-Amanhã eu e Kate vamos no hospital.- explico.
-Com essas roupas?- ela ainda está concentrada em costurar minha coxa.
Realmente, estávamos apenas de camisa e calça moletom, não via problema em ver Kate assim mas ela estava certa. Precisamos de roupas melhores se não quisermos atenção.
-Eu consigo roupas.- Pietro levanta.- Vou procurar por aí, ver o que acho.
-Tome cuidado.- o observo e ele assente.
Pietro vai embora e olho para Kate, ela guarda a linha e agulha e pega gaze. Observo ela concentrada ao enrolar pela minha coxa e sorrio lentamente ao ver ela morder o lábio para dar o nó.
Kate ergue o rosto e sorri, uma das minhas mãos toca sua nuca e puxo ela para mim, seus lábios tocam os meus em um beijo rápido e ouço um gemido vindo de Bruno.
-Precisa de algo?- Kate pergunta.
-Cadê Pietro?- ele tenta se erguer.
-Ele volta já.- falo e Bruno olha para mim surpreso.- Oi, amigo.
-Sabia que você estava vivo.- ele sorri e Kate cobre ele melhor.
-Descanse um pouco.- ela murmura com a voz doce.- Vamos conseguir ajuda pra você, ok?
-Confio em você.- ele sussurra e depois dorme.
Sento no colchão no canto da sala e Kate senta ao meu lado, passo o braço por seus ombros e viro meu rosto para beijar sua cabeça assim que ela me abraça.
Ela acaricia meu abdômen e passo a mão por seus cabelos úmidos, ficamos um tempo apenas nos acariciando até que Kate olha para mim com os olhos brilhando de lágrimas.
-Por favor, nunca mais me mande ir para um canto onde não tem você.- ela sussurra.
-É, não vamos nos separar mais.- eu sorrio.
-Que bom.- ela deita a cabeça no meu ombro.- Promete?
-Prometo.
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Ela Não É Minha
Roman d'amourKate Reed tem uma vida normal. Mora em uma cidadezinha pequena da Itália, onde tem seus amigos e conhecidos desde que nasceu, seus pais são protetores com ela. Há um segredo que seus pais nunca contaram para Kate, mas isso vai vir a tona eles queren...