Kate Bernadi
Observo a casa enorme que tem no final do morro que subimos com o carro discreto, os olhos de Bruno brilham quando olha para a casa pela primeira vez em muito tempo.
Tem um segurança encostado no portão já recuperado e fico me perguntando se cuidaram bem do jardim, respiro fundo e percebo que eles não se importam muito em ficar vigiando.
-Quantos homens tem aqui?- pergunto.
-Quatro ou seis.- Vitório, um dos amigos de Dante, explica.- Eles só vem aqui mesmo para garantir que nenhum de nós entre.
-O que tem lá dentro?- fico confusa.
-Nada, é só a representação.- Bruno me explica.- A casa é dos Bernadi desde que foi construída, ela foi uma das primeiras casas de Salerno.
-Entendi.- observo o cara quase dormindo.- Já tentaram invadir em maior número?
-Não, o que faríamos com ela depois?- ele me encara pelo retrovisor.- Não tínhamos pessoas suficiente para proteger tudo.
-Agora tem?- pergunto.
-Sim, os que estavam fora para se proteger estão voltando por Dante.- ele assente.
-Interessante.- olho para a casa.
-Kate, seja o que estiver pensando...
-Podemos invadir ela agora?- pergunto.
-Seria melhor depois que tudo acontecesse...
-Eles já sabem que estamos aqui.- bufo.- A casa só iria...
-Irritar eles mais ainda.- Bruno completa.
-A gente tem que fazer alguma coisa, Bruno, eles estão sempre na frente da gente...
Bruno arregala os olhos e viro o rosto para ver um carro vindo na nossa direção, grito quando ele colide contra o nosso carro e começamos a capotar.
Fico presa no canto por causa do cinto e sinto uma ardência pelo meu rosto e braços ao mesmo tempo que vejo tudo girando dentro do carro.
Ele para de virar de cabeça para baixo e pisco várias vezes tentando entender o que acabou de acontecer. Lágrimas começam a descer, mas como estou de cabeça para baixo, elas molham minha testa.
-Bruno.- olho para o lado e vejo ele desacordado, mas ainda preso.- Bruno.- minha voz treme.
Olho para o canto do motorista e Vitório não está mais lá, começo a chorar mais quando vejo ele jogado para fora do carro e com um lado do rosto completamente ferido.
-Porra.- tento abrir meu cinto.- Porra!
Olho para o lado e vejo alguém sair do carro, tento controlar minhas lágrimas quando dois homens vem na minha direção e um deles se abaixa com uma faca.
Tremo vendo o rosto dele e então acho que vou morrer quando ele segura a faca na minha direção, mas a única coisa que sinto é o cinto me deixando cair.
Solto um ruído de dor e ele agarra meu braço, logo me puxa para fora do carro e me larga no chão. Apoio as mãos no chão e respiro fundo tentando criar coragem para me erguer.
-Você...- uma voz feminina fala com calma.- Parece com sua mãe. Parece muito com sua mãe, Kate.
Ergo os olhos e percebo que é minha avó, ela mandou o cartão de Natal uma vez e a vi, o rosto dela era inesquecível. Ainda mais quando minha mãe chorava quando recebia.
-Lamento que tenha andado com essa gente.- ela me observa.- Você vai ficar bem agora, Kate.
Grito desesperada quando um deles me agarra e começa a me levar para o carro, olho por cima do ombro e vejo Bruno ainda desmaiado dentro do carro.
Alguém cobre minha boca com algo e os cortes ardem no meu rosto, em alguns segundos estou confusa com o cheiro forte e meus olhos fecham antes de eu desmaiar.
♧︎︎︎
Dante Bernadi
Abro a porta do carro e nem consigo fechar enquanto corro para o carro todo arrebentado, quando chegamos na casa da avó de Kate eu percebi que tinha algo errado.
Quando recebi a ligação de Bruno dizendo que eles tinham batido no carro e pegando Kate eu simplesmente morri. Pietro que dirigiu o caminho todo e agora estava correndo para Bruno.
-Você está bem?- ele segura o rosto de Bruno com as duas mãos.- Está machucado?
-Eu estou bem.- ele parece surpreso.- Estava de cinto...
-O que você viu?- me agacho na frente dele.
-O carro vindo, a gente capotou e quando acordei Kate não estava mais ali e o cinto tinha sido cortado.- ele me observa.- Sinto muito, Dante.
-Leve ele para a boate.- digo me afastando.
-Para onde você vai?- Pietro grita quando consegue levantar Bruno.
-Eu vou resolver isso.- chego no carro capotado e vejo a arma de Kate.
-Dante, você não pode ir sozinho....
-Vá até a casa daquela vadia com quantas pessoas conseguir. Invadam assim que chegarem!- começo a andar com raiva.- Rápido!
Eles entram no carro e eu vou pisando forte enquanto vou na direção da casa que vi mais cedo, minha respiração é pesada e eu não consigo pensar direito.
Parecia que eu ia explodir de tanta raiva quando pensava que eles tinham levado Kate e agora estavam com ela, eles tinham a machucado e arrastado ela até a casa daquela vaca.
A minha esposa estava machucada e em perigo, eu não conseguia sequer suportar essa ideia. Começo a me odiar por não ter vindo com ela e por não ter insistido mais para ela ficar na cama.
Travo o maxilar quando chego na frente da casa de avó de Kate e o seguranças me notam pegando as armas. Não mexo um músculo enquanto eles me rodam e me cercam.
-Eu quero ver minha esposa!- falo alto.
-Ela não está recebendo convidados.- um deles fala.
-Mas vai receber quando eu decidir atirar em um de vocês.- minha voz sai baixa e cruel.
-Olha aqui, seu verme...
-Eu vou lembrar do rosto de cada um de vocês, vou entrar na casa de cada um e vou me divertir enquanto torturar todos vocês bem lentamente.- explico.- Agora, me levem até minha esposa, porra!
O portão automático abre e um deles começa a vir na minha direção, os outros abrem espaço e ele tira as armas da minha mão e do meu coldre.
Afasto meu braço da mão dele e o sigo voluntariamente até aquela casa, respiro fundo e tento me acalmar. Eu e Kate estamos dentro, e só vou sair de lá quando aquela velha estiver morta.
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Ela Não É Minha
RomanceKate Reed tem uma vida normal. Mora em uma cidadezinha pequena da Itália, onde tem seus amigos e conhecidos desde que nasceu, seus pais são protetores com ela. Há um segredo que seus pais nunca contaram para Kate, mas isso vai vir a tona eles queren...