E N Z O
Eu nunca fui uma pessoa muito tecnológica.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, eu não sei lidar muito bem com a era virtual que vivemos atualmente. Meu celular, em 99,9% dos casos, serve única e exclusivamente para uma coisa: trabalhar.
Sendo assim, as redes sociais nunca foram um ponto forte meu.
Mas por algum motivo completamente desconhecido, quando meu celular apitou com uma notificação do Instagram, eu resolvi clicar para checar o que era.
Mariana. Esse era o nome da mulher que tinha pedido para me seguir. Quase perdida no meio de tantas outras notificações. Mais de mil. Afinal, eu nunca aceitava ninguém. Pelo menos não pessoas que eu não conhecesse.
A sua foto de perfil era bastante chamativa. Com um batom vermelho sangue nos lábios, um óculos de sol espelhado e um filtro meio retrô, resolvi analisar se seu perfil era aberto afim de confirmar minha teoria de que era apenas mais uma estranha entre várias.
Me surpreendi ao encontrar, em uma das primeiras fotos, um rosto conhecido. Alice.
Quando dei por mim, já tinha descido o feed até o fim.
Porque fiz isso? Não sei muito bem. E, sendo completamente honesto, prefiro nem pensar a respeito.
Enquanto perdia alguns minutos analisando suas fotos, não demorei a concluir que as duas eram amigas de longa data. Alice estava presente na grande maioria de suas publicações, muitas delas antigas. Desde quando seus fios de cabelo eram menores e ela ainda os usava lisos. Exatamente igual a garota que conheci há muitos anos atrás.
Minha curiosidade acabou vencendo meu autocontrole e fui parar no perfil de Alice — que, em minha defesa, não foi muito difícil de encontrar. Soltei um suspiro de insatisfação quando percebi que infelizmente se tratava de uma conta privada. Eu obviamente não pediria para seguir.
Acabei voltando no perfil de Mariana e cliquei nos seus stories. Ela estava em um barzinho que ficava no centro da cidade, junto com Alice.
Arqueio as sobrancelhas, bastante intrigado.
As duas estavam juntas neste exato momento. Isso significa que eu era assunto entre ambas. Afinal, não era nenhuma coincidência que sua amiga tivesse pedido para me seguir justamente agora.
O que elas estavam falando de mim, afinal?
Confesso que me peguei desejando, por mais que não compreendesse muito bem o motivo, que Alice não exagerasse na bebida.
A foto de seus drinks, postada há alguns minutos, me deixava um pouco preocupado. Não sei se com o passar do tempo ela acabou adquirindo algum tipo de resistência a bebida — eu espero, honestamente, que sim. Mas caso ela ainda reagisse da mesma forma que há seis anos atrás, era algo realmente preocupante.
Eu me lembrava perfeitamente bem daquela noite e de como havia conhecido-a.
25 de janeiro de 2016, 6 anos atrás.
— Eu acho que vou vomitar.
Congelo em meu lugar ao escutá-la dizer.
Merda. Mil vezes merda.
Se antes eu já estava receoso com toda essa situação caótica, agora estava entrando em pânico. Literalmente.
Puxo o ar profundamente e engulo em seco.
— Por favor, não vomite no meu carro. — imploro, segurando o volante com uma força quase sobre-humana enquanto tento me concentrar na direção. Tudo que eu menos precisava agora era de mais uma distração. — Seria trabalhoso demais limpar depois.

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ACASO
RomanceEla sempre foi uma pessoa racional. Do tipo que não acredita em destino e acaso. Para ela, isso são coisas existentes apenas em romances água com açúcar e séries de TV americanas. Uma grande baboseira que te faz acreditar e esperar por um amor inal...