A L I C E
Eu teria tomado umas cinco ou seis taças de gin, se não estivesse dirigindo.
Porque só bastante álcool para me fazer relaxar.
E me ajudar a esquecer, pelo menos momentaneamente, a sensação de ter os dedos de Enzo deslizando por minhas costas.
Não foi um toque de pele contra pele. Seus dedos grandes e quentes tocaram-me sutilmente por cima do tecido grosso do meu blazer. Mas mesmo assim.
Mesmo que naquele momento tenha existido uma barreira entre as nossas peles, o seu toque foi o suficiente para me deixar completamente perturbada.
Ele foi bastante cuidadoso. Cauteloso, eu diria. E pelo ângulo em que estávamos, muito provavelmente ninguém viu quando ele resolveu aproximar sua mão do meu corpo.
Mas Giovana viu o suficiente.
Ela viu a forma como ele se aproximou de mim, me oferecendo o guardanapo.
Observou, com seus olhos de águia, enquanto Enzo inclinava-se para sussurrar perto do meu ouvido.
E não deixou de perceber o sorriso divertido nos lábios dele depois que ele se afastou.
Bufo, impaciente. Envergonhada.
Faz mais de uma hora que arrumei uma desculpa qualquer e me afastei da rodinha. Corri para o banheiro o mais rápido que pude e joguei água por todo o meu rosto, limpando qualquer vestígio de restos de comida que pudessem estar por ali e tentei, inutilmente, amenizar o rubor em minhas bochechas com a água gelada. Assisti toda a minha maquiagem descer pelo ralo, sem me importar muito com o fato de estar com a cara lavada. Pelo menos não estava mais suja.
Agora estou parada no meio de um monte de colegas de trabalho e estranhos, pensando em como sou azarada.
Porque pareço sempre tão desastrada quando Enzo está por perto?
— Você já viu as estrelas? — Théo interrompe meus pensamentos, passando o braço desengonçadamente por meus ombros e me abraçando de lado. — Elas estão tão lindas.
— E você está tão bêbado. — digo, encarando-o de soslaio.
Queria estar bêbada, também.
— Você precisa ver as estrelas, Ali. — ele insiste. — Tem vários telescópios por aqui, você já os viu? Eles são enormes!
Assinto.
— Consigo vê-los daqui. — murmuro. — Ainda não fui até o gramado. Tem muita gente lá, prefiro ficar por aqui mesmo.
— Acho que quero comprar uma estrela. — ele ignora completamente que eu disse e muda de assunto. — Vou dar o meu nome para uma, o que você acha?
Dou risada, cutucando-o levemente entre as costelas.
— Sinto muito em te desapontar, mas seu nome não combina muito com uma estrela, Théo.
Ele franze a testa e me encara com as pálpebras semicerradas.
— Como é?
Théo parece bastante indignado quando deixa de me abraçar e cruza os braços em frente ao peito.
Ele está apontando o dedo bem no meio da minha cara quando continua:
— Théo. — estala a língua. — Olha só como soa. É claro que combina, Alice! Tem que ser uma estrela bem grande e brilhante para fazer jus ao meu nome. — sorri, grogue, bebericando um pouco de seu uísque. Esse deve ser o sexto ou sétimo copo dele. — Theodoro.
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ACASO
RomanceEla sempre foi uma pessoa racional. Do tipo que não acredita em destino e acaso. Para ela, isso são coisas existentes apenas em romances água com açúcar e séries de TV americanas. Uma grande baboseira que te faz acreditar e esperar por um amor inal...