15.1 | Grandes amigas, eu e você?

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A L I C E

Nada é tão ruim que não possa piorar.

Depois daquela situação completamente constrangedora no estacionamento, imaginei que a minha noite não poderia ficar pior.

Pelo visto, eu estava tremendamente enganada.

Sempre tem como ficar pior.

— Droga! — xingo baixinho, tentando pensar numa forma de lidar com toda essa situação sem surtar.

Sendo bem honesta, eu estava completamente irritada. Com Mariana e o meu trabalho.

Estou quase soltando fumaça pelas narinas e, se pudesse, estaria proferindo uma lista interminável de palavrões. Palavrões realmente horrorosos e que, de acordo com a minha mãe, uma garota nunca deveria falar.

Quero muito xingar.

Gritar bem alto.

Colocar toda a minha frustração pra fora.

Sei que sou a chefe do Departamento de Administração, mas não sou a única. Giovana tem o mesmo cargo que eu. E, teoricamente, deveria estar aqui, me ajudando a pensar numa solução para todo esse problema.

— Alice? — Felipe surge na minha frente como se soubesse exatamente a situação catastrófica que minha cabeça está neste exato momento.

— Você a encontrou?

O estagiário rapidamente percebe a ansiedade presente no meu tom de voz.

Ele nega com a cabeça antes de dizer:

— Aparentemente, ela evaporou.

Bufo, rolando os olhos.

Da última vez que vi Giovana, ela estava bebendo seu terceiro ou quarto drink enquanto conversava animadamente com Célio, meu ex-chefe. Algo sobre casas de veraneio e coisas de gente rica.

E agora que preciso dela, ela... Simplesmente desaparece?

Droga.

Passo as mãos por meus fios de cabelo, completamente nervosa, bagunçando-os sem nem me dar conta. Eu devo estar parecendo um leão agora, com nós espalhados por toda a cabeça.

Dou de ombros, sem me importar muito com os fios fora do lugar.

Quando deslizo meus olhos nervosamente pelo ambiente mais uma vez, não encontro Giovana em lugar nenhum.

Mas encontro Enzo. A pessoa que mais estou tentando evitar desde que saí daquele estacionamento.

Parado há alguns metros de distância, segurando um copo de uísque com rodelas de limão e conversando com alguns empresários que não faço a mínima ideia de quem são, meu chefe parece sério demais.

Os músculos da mandíbula tensionados.

Os ombros mais largos do que me lembrava dentro de seu terno feito sob medida.

Mais intimidador — e atraente — do que nunca.

Ele fica bonito até mesmo quando está bravo. Já eu? Pareço um pinscher enraivecido, espumando pela boca. É um contraste muito grande para ser ignorado.

Seus olhos estão em mim agora, parecendo analisar meu rosto com certa curiosidade. Talvez ele esteja achando graça do meu nítido desespero. Ou talvez meu cabelo esteja muito bagunçado, não sei. Isso é completamente irrelevante agora.

Desvio o olhar tão rápido que quase perco o equilíbrio quando viro de costas. Simplesmente não conseguia encará-lo sem me lembrar do que aconteceu no estacionamento.

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