25.1 | Doses de cachaça e aguardente

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N/A: Como prometido, aqui estou eu!

Espero que gostem do capítulo e não se esqueçam das estrelinhas e comentários (isso me motiva demais). Spoiler: o próximo capítulo é narrado pelo Enzo!

Boa leitura e até a próxima! ;)

A L I C E

Quando Enzo voltou do banheiro, eu fingi que estava dormindo.

Foi uma atitude um pouco infantil, confesso. Mas eu estava com tanta vergonha que apoiei a cabeça contra a janela, fechei os olhos e só os abri novamente quando chegamos no nosso destino, com minha mãe cutucando sutilmente meu ombro e me apressando para sair do ônibus.

Se Enzo ficou com vergonha ou constrangido com a situação, foi muito bom em disfarçar. Enquanto pegávamos nossas malas no bagageiro, ele parecia a pessoa mais tranquila da face da Terra. Era invejável.

— Seu tio já está aqui. — minha mãe diz depois de pegar sua mala e analisar brevemente a tela do celular.

Enzo, dividindo o olhar entre nós duas, demonstra estar um pouco confuso com a situação, então resolvo deixar o constrangimento de lado e explicar:

— Meu tio veio buscar a gente.

Ele assente, e observo a compreensão tomando seu rosto aos poucos.

— Entendi. — dá de ombros. — Achei que fôssemos pedir um Uber.

Ele parecia tão genuinamente crente nisso que, por um breve momento, tentei segurar a risada. Mas foi mais forte do que eu e, quando dei por mim, já estava rindo. Talvez mais alto do que deveria.

Enzo arqueia as sobrancelhas, surpreso.

— O quê? — ele indaga, incomodado, quando minha mãe também começa a rir.

— Querido... — ela diz. — Nós não estamos mais em São Paulo.

— Aqui não tem Uber, Enzo. — explico, por fim.

Sua expressão muda drasticamente. Piscando letargicamente, Enzo me encara completamente... Incrédulo.

— Não tem Uber?

A pergunta dele soava mais como: que tipo de lugar não tem Uber hoje em dia?

Bom... Aqui.

— Não. — digo. — Não temos Uber por aqui. Poderíamos até chamar um táxi... — encaro brevemente meu relógio de pulso. — Mas a essa hora eles já pararam de funcionar. Eu te disse que era uma cidadezinha pequena, não disse?

Enzo assente, os olhos meio arregalados.

— Você me disse que era uma cidade no interior do estado, sim.

Solto um suspiro de alívio.

— Ótimo. Por um momento cheguei a me questionar se havia deixado este detalhe de lado.

— Mas eu não achei que... Quer dizer... — ele solta um pigarro. — Como as pessoas se locomovem por aqui?

Reviro os olhos, rindo.

— Não seja bobo. As pessoas se locomovem como em qualquer outro lugar. — sigo minha mãe quando ela começa a andar pela rodoviária. O local está praticamente vazio, com poucas pessoas indo e vindo.

— Só que sem Uber. — ele pontua.

— Só que sem Uber. — confirmo. — Por aqui dá pra fazer praticamente tudo a pé. A cidade é bem pequena, então tudo é perto. Você vai ver.

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