6.2 | Elvis

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A L I C E

O almoço foi leve e divertido. Me juntei a Felipe e alguns colegas de trabalho, que foram extremamente receptivos e simpáticos comigo. O restaurante era perto, barato e fazia uma comida caseira deliciosa.

Quando voltei para a empresa, me empenhei ao máximo em realizar meu trabalho, me policiando para não pensar em nada desnecessário ou inconveniente — como por exemplo a vida amorosa do meu chefe.

Participei de três reuniões, apresentei minhas ideias ao pessoal do Marketing e respondi alguns e-mails importantes. Quando dei por mim, Felipe já estava se despedindo e o meu relógio marcava 18:20h.

Eu tinha um compromisso em dez minutos. Com Enzo.

Eram negócios, eu sei, mas mesmo assim. Eu me sentia estranhamente nervosa.

Tentando não pensar demais nisso, me certifico de desligar o computador e guardar toda a documentação em seu devido lugar, fechando minha sala e passando rapidamente no banheiro para retocar a maquiagem antes de me dirigir até o elevador.

Porque eu estava me empenhando tanto em parecer apresentável? Não faço a mínima ideia. Eu tinha passado sutilmente um pouco de blush nas bochechas para parecer saudável e não economizei no corretivo abaixo dos olhos para esconder as olheiras de uma noite mal dormida.

Enquanto espero o elevador chegar, me apresso em passar rapidamente um pouco do perfume que costumo levar dentro da bolsa. Depois de longas horas de trabalho, eu precisava me certificar de continuar cheirando bem.

Guardo o frasco novamente dentro da bolsa e pego meu celular. 18:25h.

O elevador finalmente para no décimo andar. Por coincidência, meus olhos encontram Enzo e seu assistente dentro do cubículo. Respirando fundo, me apresso em entrar dentro dele, recebendo um aceno de Enzo e um sorriso sutil de seu assistente.

— Olá. — digo, quebrando o silêncio.

Por favor, Deus, que nada vergonhoso aconteça desta vez.

Me concentro em sorrir, tentando transparecer tranquilidade enquanto as portas fecham e o elevador começa a se movimentar.

— Olá, senhorita. — quem responde é o assistente de Enzo, sorrindo educadamente enquanto abre espaço para que eu me posicione ao seu lado.

— Que ótimo encontrar vocês no caminho. — divido o olhar entre os dois. — Achei que estivesse atrasada.

Antes que qualquer um pudesse me responder, um celular começa a tocar. Descubro no próximo segundo ser o de Enzo, que encara a tela com impaciência antes de atender:

— Oi, Mathias. — suspira, uma feição assustadoramente irritada tomando conta de seu rosto. — Meu Deus. Eu deixei bem claro noite passada que minha empresa não fecharia negócios com a sua, não deixei? É por isso que não atendi nenhuma das suas quarenta e sete ligações. Não percebe o quanto parece desesperado?

Me ajeito no canto do elevador, prestando atenção na sua conversa como a boa curiosa que sou.

Tento disfarçar mexendo aleatoriamente no celular, pensando em como Enzo conseguia ser assustador até mesmo em uma ligação telefônica.

— Fale para o seu chefe que não estou interessado. — continua depois de alguns segundos. — Sou do tipo de pessoa que não volta atrás nas decisões e eu já tomei a minha. Não existe nada que vocês façam que possa me fazer mudar de ideia.

Enzo lança um olhar discreto em direção ao seu assistente, que parece entender perfeitamente bem o que ele queria dizer. Era estranho, como se os dois conversassem por telepatia.

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