11.1 | Uma noite estrelada, conta no Tinder e fotos íntimas

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A L I C E

Cerca de três minutos depois, Enzo entra pela porta.

Detesto admitir, mas eu contei.

Me perdi na quantidade de vezes que olhei impacientemente para o meu relógio de pulso, minha mente traiçoeira imaginando diversas possibilidades para o que estava acontecendo do lado de fora.

O que tanto eles precisavam conversar, afinal?

Me remexo em meu lugar, desconfortável, quando Giovana entra dentro do cômodo também, escolhendo justamente a cadeira ao meu lado para se sentar.

Como a reunião era apenas com o Departamento de Administração, a sala não estava, nem de longe, cheia. Umas dez pessoas, no máximo.

Enzo, agora posicionado na ponta da mesa, encara os rostos presentes com calma antes de quebrar o silêncio:

— Boa tarde, pessoal.

Um "boa tarde" em uníssono ressoa pelo ambiente em resposta.

Eu cruzo os braços, inquieta, e encaro o homem de terno à minha frente com atenção.

Atenção até demais, concluo.

— Tenho boas notícias. — ele continua, sentando-se e ajeitando sua gravata da forma metódica de sempre. — Finalmente decidimos o nome do evento. Espero que vocês, assim como eu e a equipe de Marketing, aprovem o resultado.

Quando termina de dizer, a porta abre novamente e Felipe entra por ela. O estagiário, meio desesperado, segura coisas demais em suas mãos, parecendo prestes a deixar tudo cair a qualquer momento.

Rapidamente me levanto, em um ato completamente automático, andando em sua direção para ajudá-lo antes que um desastre acontecesse.

— Os panfletos. — ele murmura, afobado, me entregando com uma das mãos a pilha de papéis em tom azulado que segurava. — Entrega pra mim, por favor?

— Claro. — sorrio, assentindo, mas não sem antes dar uma olhada rápida no conteúdo ali presente.

O nome escolhido para o workshop me chama a atenção de imediato. Arqueio a sobrancelha, curiosa, andando novamente em direção a mesa retangular e começando a entregar um panfleto para cada pessoa presente.

Felipe deixa suas pastas em cima de uma cadeira vaga e começa a distribuir alguns objetos que, olhando de longe, parecem os brindes que estávamos preparando para o evento.

— Muito obrigada, Alice. — Giovana diz depois que a entrego um panfleto, me pegando completamente de surpresa.

Ela está sorrindo.

— Por nada.

Que bicho tinha mordido ela?

Afinal, Giovana nunca sorriu desse jeito para mim. Não com quase todos os dentes perfeitamente alinhados e brancos à mostra, numa simpatia que chegava a me deixar apreensiva.

Me afasto e solto um suspiro baixinho ao constatar que ainda faltava uma pessoa para entregar o panfleto. E agora, neste exato momento, eu sabia que ela estava com os olhos em meu corpo, estudando minimamente cada movimento que ele realizava.

Não precisava encará-lo para chegar a essa conclusão.

Eu simplesmente sentia.

Me aproximo a passos rápidos da ponta da mesa, querendo terminar isso o quanto antes.

Sem levantar o olhar e com a cabeça abaixada, me curvo ligeiramente em sua direção e entrego um panfleto. Não consigo deixar de reparar nas veias grossas e salientes de sua mão quando ele pega lentamente o papel que o estendo.

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