A L I C E
— Germofobia.
Mariana diz, segura de si, enquanto parece bastante interessada em algo no celular para me dar a devida atenção.
— Germofobia? — indago, não muito confiante na sua aposta.
— É. — ela dá de ombros, sem se preocupar em me olhar nos olhos. — Dá um google, amiga.
— Não sei, Mari. Não acho que seja esse o problema.
Depois de contar sobre o estranho fato de Enzo não gostar muito de apertos de mão, minha melhor amiga parecia saber muito bem do que se tratava. De acordo com ela, só podia ser germofobia.
— Ei, não liga para o que ela diz. — Théo surge depois de voltar do banheiro, sentando-se de frente para nós. — Ela muito provavelmente leu sobre germofobia no Wikipédia. Você sabe, não são fontes confiáveis.
Solto uma risada, concordando internamente.
— Eu só liguei os pontos. São fatos. — ela se explica, finalmente deixando o celular de lado. — Ele tem algum tipo de problema com mãos. Quer dizer, não que isso seja um defeito muito grande. Pelo que você disse, amiga, o cara é um tremendo gato. Isso mantém o equilíbrio. Afinal, ninguém neste mundo é perfeito.
Em minha defesa, não foi bem assim.
— Eu só disse que as mulheres da empresa passam um bom tempo falando sobre ele. — justifico, encarando Théo. — Você conhece a Mariana, ela exagera um pouco. — volto a encarar minha amiga. — Eu nunca disse que ele é um gato.
— E nem precisou, né? — rola os olhos. — Se as mulheres param tudo para vê-lo passar, ele deve ser, no mínimo, bonitinho.
Bonitinho?
É, não. O diminutivo realmente não combina com ele.
Mas isso era uma coisa que eu nunca admitiria em voz alta, muito menos para Mariana.
— De início eu realmente pensei que fosse um problema comigo. — continuo, bebericando um pouco da bebida sem álcool que pedi. O líquido rosa e doce desce por minha garganta e eu continuo: — Mas hoje a história se repetiu com outra pessoa. E o clima ficou bem estranho depois.
— As vezes o cara só não gosta de contato físico com pessoas que não conhece. — Théo sugere, dando de ombros. — Isso acontece bastante e é completamente normal.
Mariana dá três grandes goles em sua bebida antes de dizer:
— Qual o nome dele mesmo?
— Enzo. — respondo, indiferente.
— E o sobrenome? — questiona, desbloqueando seu celular.
— Spedicato.
Quando termino de dizer, me dou conta do que acabo de fazer.
Eu tinha cometido um grande erro ao dar essa informação para Mariana.
— É um sobrenome bem diferente. — Théo diz, encarando sutilmente a mesa da frente. Ele estava olhando para ela há pelo menos trinta minutos, provavelmente interessado em alguma das quatro garotas sentadas próximas de nós.
— Você não vai fazer nenhuma burrada, vai? — questiono, encarando Mariana à espera de uma resposta.
— Olha, eu encontrei o Instagram dele! — exclama, animada, virando o líquido de sua taça de uma só vez.
— Ei, vai com calma aí, docinho. — Théo a repreende. — Hoje você não tem seu Uber particular pra te levar pra casa. Se ficar bêbada, não vai ter ninguém pra te colocar debaixo do chuveiro e depois na cama.
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ACASO
RomanceEla sempre foi uma pessoa racional. Do tipo que não acredita em destino e acaso. Para ela, isso são coisas existentes apenas em romances água com açúcar e séries de TV americanas. Uma grande baboseira que te faz acreditar e esperar por um amor inal...