26.1 | É inútil competir com você

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A L I C E

Pegar no sono não foi nada fácil.

Eu só conseguia pensar no fato de estar dividindo a mesma cama que Enzo.

Me remexi de um lado para o outro incontáveis vezes, tentando agir com o máximo de cautela para não acordá-lo.

Acontece que a cama era pequena demais. E barulhenta demais.

O colchão, para ajudar, era tão fino que causava dores nas minhas articulações. E o travesseiro... Bom, ele não era tão ruim assim. Só um pouco baixo e desconfortável.

Na manhã seguinte, depois de muita dificuldade para pregar os olhos, quando comecei a despertar, me surpreendi muito ao não sentir nenhum tipo de dor nas costas ou torcicolo. Eu estava tão confortável que, automaticamente, me vi abrindo os olhos, atordoada.

O travesseiro parecia tão aconchegante.

O colchão tão macio.

Não fazia sentido nenhum.

A luz do sol, que adentrava pela fresta da pequena janela próxima à cabeceira da cama, iluminava muito precariamente o ambiente. Mas o suficiente para me permitir compreender melhor o porquê estava me sentindo tão... Confortável.

Não.

Não, não, não.

— O quê...? — praguejo baixinho.

Quanto foi que isso aconteceu?

Eu estava praticamente embalada entre os braços de Enzo.

Com a cabeça apoiada em seu peitoral, eu podia facilmente sentir os músculos de seu braço abaixo de mim, posicionado perfeitamente na curva do meu pescoço, me puxando quase que posessivamente em sua direção. Seu outro braço transpassava meu abdômen e cintura, sua mão descansando na curva da minha lombar.

Arregalo os olhos, meu coração acelerando dentro da caixa torácica.

Minha bochecha, posicionada próxima ao seu esterno, acompanhava o ritmo lento e calmo de suas respirações, que balançavam sutilmente seu peito para cima e para baixo. O cheiro de perfume masculino que emanava de sua camiseta era tão gostoso que, por um breve momento, me permiti aproveitar a situação e relaxar entre os seus braços. Ou pelo menos tentar.

Quando me dei conta do que estava acontecendo um pouco mais para baixo, toda a minha tentiva de relaxar falhou miseravelmente.

Agora eu compreendia muito bem porque o colchão, antes tão desconfortável, parecia estranhamente... Aconchegante.

Acontece que eu estava praticamente... Deitada sobre Enzo.

Céus.

Eu estava mesmo...?

Sim. Eu estava.

Meu tronco, colado ao dele, me permitia sentir coisas demais. Coisas que eu definitivamente não devia estar sentindo.

Em algum momento, durante a noite, acho que Enzo acabou se aproximando de mim. E eu, em contrapartida, acabei... Me aninhando nele. De uma forma tão natural que, neste exato momento, minhas pernas estavam entrelaçadas às dele e meus braços... Bom, eles estavam meio que abraçando ele de volta.

Movo minha cabeça lentamente, tentando não acordá-lo, e quase solto uma risada quando me deparo com seus pés para fora da cama.

Coitado.

Essa noite deve ter sido tão desconfortável para ele. Enzo com certeza vai acordar com dores por todo o corpo. Eu não precisava pensar muito para chegar a conclusão que aguentar todo o meu peso não deve ter sido muito aconchegante. Pior ainda do que dormir em uma cama tão pequena que o obrigou a ficar com os pés para fora.

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